Capítulo Vinte e Seis

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Diogo Novais

— E a dona? — Rômulo perguntou enquanto passava seu uniforme pro dia seguinte, já era mais de sete da noite.

— Tá no Rio há muito tempo. — respondi, engraxando meu coturno.

— Porra, tu tá mulambento, hein! — Samuel zombou — Ficou dois dias em casa e deixou pra engraxar o coturno agora? Já foi mais interessado.

— Eu esqueci completamente, quando eu lembrei já estava tomando esculacho do Coordenador.

— Percebe-se. E ainda se fardou atrasado. — complementou — A moral tá baixa, hein, Major. — riu, me fazendo rir.

— Deixa o cara, ele teve um fim de semana intenso, amou demais, não tá pensando direito! É uma semana até voltar ao normal. — Thales zombou.

— Intenso mesmo, Nicoly que nos diga. — Matheus riu — E aí, quebrou o pau em casa?

— Deve ter quebrado, literalmente. — Thales gargalhou ao fazer a piada ambígua.

— Não, eu não tô nesse sentido. Nesse sentido com certeza, mas o Diogo sabe muito bem o sentido do que eu tô falando.

Ele falava de algum possível atrito por causa da Nicoly. Mas, estranhamente, eu não tive nenhum atrito gigantesco com Amanda. Confesso que isso me surpreendeu muito, ainda mais pelo fato da Amanda ser uma mulher extremamente difícil e reativa, mas não de forma física, e sim verbal. Tudo ela tinha um argumento, tudo existia um contexto e dificilmente eu conseguia vencer uma discussão com ela porque ela era muito coerente em tudo o que falava. Podia ser a coisa mais sem pé nem cabeça na minha percepção, mas pra tudo a Amanda tinha uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão que me fazia ficar mudo instantaneamente.
Não nego, eu estranhei um pouco o fato dela ter lidado bem com o que ela havia escutado da Nicoly no banheiro daquele restaurante. Porém tentei ver isso de uma forma mais leve. Por mais que eu sentisse que tinha alguma coisa nessa calmaria da Amanda, sentisse que ela não estava de fato calma, não quis investigar ou ficar matutando aquilo na cabeça. E se de fato ela estivesse muito calma? Era uma possibilidade, não podia descartar ou desvalidar.

— Ficou tudo bem, mas não por vocês, claro. — zombei.

— Vai começar. — Rômulo riu — Sim, eu podia ter chamado a galera pro restaurante através do grupo, mas você praticamente não existe fim de semana, eu sabia que você talvez não iria. — se defendeu — E outra...

— Eu sei que eu não falei que ela estava aqui, mas é porque eu não tive tempo. Quando eu tô com ela, eu não pego no celular.

— Então pronto, logo não tem do que você me culpar. — levantou as mãos — Eu realmente não tenho culpa que uma maluca cismou com a sua cara mesmo você tendo esposa.

— Agora ela é maluca? Não queria pegar ela? — Samuel perguntou.

— Ah, se ela der mole... — contraiu os ombros, fazendo todos do nosso grupo rir.

— Nunca que ela vai te dar mole. — Matheus disse, rindo — É que o Diogo tem uma magia diferente.

— Uma aliança gigantesca no dedo, é essa a magia. — Thales zombou, me fazendo rir.

— Eu ainda não quero acreditar que ela sente alguma coisa por mim, por mais mínima que seja. — fui sincero.

— Você é tão sonso, sabia? — Rômulo disse.

— Ou tem autoestima baixa. Você tem autoestima baixa? — Samuel perguntou.

— Não, mas eu sei a minha insignificância. Tem um monte de homem no curso de formação, não é possível que ela tenha se interessado justo por mim.

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⏰ Última atualização: Nov 03 ⏰

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