Capítulo Dezessete

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Diogo Novais

— Meu ombro ainda tá doendo. — Matheus protestou, alongando os braços.

— Claro, você tava puxando a barra errado. — Samuel disse bem-humorado — Era de se esperar mesmo.

— E você, Carioca? — Rômulo perguntou — Como foi o Rio?

— Ótimo. Lá não tem poluição pra respirar.

— Tá confundindo Brasília com São Paulo, não? — Thales disse rindo.

— É tudo muito ruim, tudo muito cinza, meu parceiro! — Matheus disse — Bom mesmo é Manaus!

— O que é bom? Não poder andar sozinho em horário nenhum do dia senão corre risco de ser sequestrado e esquartejado vivo pela facção local? — Thales perguntou rindo.

— Agora você tá confundindo Manaus com o Rio de Janeiro ou com Pernambuco. — Matheus disse rindo.

Era segunda-feira. Eu e a grande parte dos alunos já estávamos no alojamento masculino. Era quase nove da noite, estávamos alimentados e depois de comer eu sentia um sono imediato, igualmente os outros, mas naquele dia todos estavam agitados porque era segunda-feira e segunda-feira era de praste todos terem muitos assuntos novos do fim de semana.

— Sexta-feira vocês foram pra onde? — perguntei, cortando as ofensas gratuitas voltadas aos estados de cada um ali.

— Pro mesmo bar manjado de sempre. — Rômulo disse — Nada de novo.

— Mas essa sexta-feira foi diferente. — Thales disse rindo.

— Diferente? — Rômulo o olhou.

— Esqueceu? Assim, longe de mim falar mal, mas é tão feio mulher que bebe e perde a linha. — Thales disse — Homem já é feio, mulher é sem comentários.

— Que que aconteceu? — os olhei.

— A Nicoly bebeu, vomitou, deu trabalho pra gente, pra voltar pra Academia foi horrível porque ela estava caindo de tão ruim que ficou e tomamos bandeira do Coordenador que viu a gente chegando. — Thales disse.

— Por isso que ela mal falou com a gente hoje? — ri.

— Possivelmente, deve tá com vergonha ainda. — Matheus riu.

— Perguntei isso porque ela me ligou na sexta-feira, do nada, e puta que pariu. Eu estava com a minha esposa, ficou um clima horrível, eu fui esculachado, pensei que eu fosse divorciar e agora eu entendi porque tudo aconteceu.

— Pera, você tem esposa? — Samuel franziu as sobrancelhas.

— Você mora numa caverna? — Rômulo perguntou rindo — Ele falou dela mais de uma vez.

— Falou?! Em que momento ele citou a existência dela?

— Ele disse no primeiro dia de internato. — Matheus disse.

— E nunca mais disse, né? Cadê a sua aliança? — me olhou.

— Cara, ela sempre tá no meu dedo. Tipo — mostrei o anelar esquerdo —, sempre. Só em treinamento que eu tiro porque o aço corta e dói pra cacete.

— Gente... — disse surpreso — Essa é nova pra mim. Ela é o quê? Policial também?

— Ela é professora de matemática, ele já disse também. — o Thales disse rindo.

— Vocês tão de sacanagem comigo! Sério?

— Você que é surdo, pelo visto. — disse rindo.

— Ou você que é um marido bem ruim que odeia falar da esposa porque odeia ser casado. — zombou.

ElãOnde histórias criam vida. Descubra agora