Diogo Novais
— Meu ombro ainda tá doendo. — Matheus protestou, alongando os braços.
— Claro, você tava puxando a barra errado. — Samuel disse bem-humorado — Era de se esperar mesmo.
— E você, Carioca? — Rômulo perguntou — Como foi o Rio?
— Ótimo. Lá não tem poluição pra respirar.
— Tá confundindo Brasília com São Paulo, não? — Thales disse rindo.
— É tudo muito ruim, tudo muito cinza, meu parceiro! — Matheus disse — Bom mesmo é Manaus!
— O que é bom? Não poder andar sozinho em horário nenhum do dia senão corre risco de ser sequestrado e esquartejado vivo pela facção local? — Thales perguntou rindo.
— Agora você tá confundindo Manaus com o Rio de Janeiro ou com Pernambuco. — Matheus disse rindo.
Era segunda-feira. Eu e a grande parte dos alunos já estávamos no alojamento masculino. Era quase nove da noite, estávamos alimentados e depois de comer eu sentia um sono imediato, igualmente os outros, mas naquele dia todos estavam agitados porque era segunda-feira e segunda-feira era de praste todos terem muitos assuntos novos do fim de semana.
— Sexta-feira vocês foram pra onde? — perguntei, cortando as ofensas gratuitas voltadas aos estados de cada um ali.
— Pro mesmo bar manjado de sempre. — Rômulo disse — Nada de novo.
— Mas essa sexta-feira foi diferente. — Thales disse rindo.
— Diferente? — Rômulo o olhou.
— Esqueceu? Assim, longe de mim falar mal, mas é tão feio mulher que bebe e perde a linha. — Thales disse — Homem já é feio, mulher é sem comentários.
— Que que aconteceu? — os olhei.
— A Nicoly bebeu, vomitou, deu trabalho pra gente, pra voltar pra Academia foi horrível porque ela estava caindo de tão ruim que ficou e tomamos bandeira do Coordenador que viu a gente chegando. — Thales disse.
— Por isso que ela mal falou com a gente hoje? — ri.
— Possivelmente, deve tá com vergonha ainda. — Matheus riu.
— Perguntei isso porque ela me ligou na sexta-feira, do nada, e puta que pariu. Eu estava com a minha esposa, ficou um clima horrível, eu fui esculachado, pensei que eu fosse divorciar e agora eu entendi porque tudo aconteceu.
— Pera, você tem esposa? — Samuel franziu as sobrancelhas.
— Você mora numa caverna? — Rômulo perguntou rindo — Ele falou dela mais de uma vez.
— Falou?! Em que momento ele citou a existência dela?
— Ele disse no primeiro dia de internato. — Matheus disse.
— E nunca mais disse, né? Cadê a sua aliança? — me olhou.
— Cara, ela sempre tá no meu dedo. Tipo — mostrei o anelar esquerdo —, sempre. Só em treinamento que eu tiro porque o aço corta e dói pra cacete.
— Gente... — disse surpreso — Essa é nova pra mim. Ela é o quê? Policial também?
— Ela é professora de matemática, ele já disse também. — o Thales disse rindo.
— Vocês tão de sacanagem comigo! Sério?
— Você que é surdo, pelo visto. — disse rindo.
— Ou você que é um marido bem ruim que odeia falar da esposa porque odeia ser casado. — zombou.
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Elã
RomanceA segunda parte do livro "Entre a Paz e o Caos", "Elã" retoma sua história oito anos após os eventos. Os personagens principais, Felipe e Brenda, agora moram em São Paulo, enquanto Amanda e Diogo permanecem no Rio de Janeiro. Felipe abandonou a vida...