Capítulo Onze

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Diogo Novais

A água gelada no meu corpo, que estava quase fervendo, me relaxou. Respirei aliviado, deixando que a água me resfriasse por inteiro e me acalmasse, me tirasse aquela tensão pós-sexo de reconciliação. De frente pro registro do chuveiro, senti as mãos da Amanda acariciando minhas costas e indo pro meu peitoral, me abraçando. Sorrindo, leve, me virei e a vi com o cabelo molhado, me olhando com amor, com o mesmo olhar de quando namorávamos, de quando era tudo muito recente. Eu tinha orado tanto pra tudo normalizar entre a gente... Depois de todo o estresse e o choro, finalmente estávamos nos resolvendo. Finalmente.

— Pensei que você não fosse voltar. — encostou o queixo no meu peito, me olhando com aqueles olhos enormes de jabuticaba.

— Eu não vou deixar você, eu nunca quis te deixar. — a abracei, apoiando meu queixo no topo da sua cabeça — Amanda, eu vou ficar. — revelei.

— Aqui? — saiu do abraço, me olhando desacreditada — No Rio? — perguntou esperançosa — Você vai mudar seu local de delegação?

— Vou. — sorri, eu estava decidido — Vou ficar aqui.

— Mentira. — ele expirou, visivelmente aliviada — Que bom, que bom, que bom! — disse enquanto distribuia beijos no meu rosto, me fazendo rir — Por que isso agora? Por que mudou de ideia depois de... De tudo isso? Depois de todo mal-estar?

— Porque eu não quero te fazer... Sofrer, ou te fazer pensar que você não é uma opção pra mim. Não quero me fazer sofrer também. Esse um mês longe foi tão ruim, eu estava empurrando o curso com a barriga. Eu já consegui o que eu queria, já provei pra mim mesmo que sou excelente e que sou capaz. Não preciso de mais nada, eu tô realizado. Agora a gente vai viver bem, em uma casa maior do que essa, que vai ser própria, com quintal grande, piscina, área de lazer... Quarto do bebê. — a olhei, vendo-a ficar com os olhos marejados — Essa conquista não ia valer de nada, ganhar bem não ia valer de nada, sem ter você do meu lado pra desfrutar comigo, nada faria sentido. Ia ser um dinheiro... Pobre. Um dinheiro porco. — aquilo foi tão sincero que eu não estava esperando falar, ainda mais se tratando de dinheiro, que eu sempre prezei.

— Nossa. — expirou, mas visivelmente feliz — Obrigada por isso. Por não... Ter deixado a gente. — ela se referiu ao Hulk — Eu tava com medo de como seria sem você aqui.

— Não vou deixar vocês nunca. — beijei sua testa — Inclusive, quero comemorar nosso aniversário de casamento decentemente. Eu tava tão... Egoísta, tão unilateral, que nosso aniversário de casamento eu só te dei um beijo, uma rosa, um pedido de desculpas por não estar presente e uma promessa de que quando eu passasse em todas as etapas do concurso, eu te levaria pra jantar.

— Eu estava tão conformada com a nossa separação que eu tinha esquecido disso. — riu.

— Então deixa de ficar conformada, te lembrei! — disse bem-humorado.

— Te amo muito, muito, muito. — sussurrou, me beijando.

— Também te amo muito, muitíssimo. — disse entre os beijos.

— Hm! — interrompeu o beijo — Quero ver um filme contigo, você me deve isso!

— A gente vai! Mas eu que escolho.

— Ai, não, não aguento mais assistir Topgun. Eu vou escolher hoje e já adianto de antemão que vai ser comédia romântica. — riu — Isso se não for Crepúsculo.

— E você tem a pachorra de falar mal do melhor filme da minha vida? Fala sério! — ri — A gente vai tirar zero ou um!

Saímos do banho renovados, sorridentes e dispostos a viver a noite boêmia que só o Rio poderia proporcionar.
Já era nove e quinze da noite, eu estava morrendo de saudade de um bar na Lapa, Pedra do Sal, uma roda de samba que fosse. Propus a Amanda que saíssemos para comer e beber, ela aceitou e se arrumou de forma comum, mas ficou chamativa, apesar de estar vestida com uma cor neutra. O cabelo dela a dava um protagonismo que nem ela sabia que tinha. Ela usava um vestido colado e tomara-que-caia bege, um chinelo branco, pouca maquiagem e o cabelo desfiado de pente garfo, aquilo foi o toque final. Suas curvas eram acentuadas, sempre foram, seu corpo sempre foi lindo. Quadril grande, consequentemente bunda grande, cintura pequena, seios pequenos e seu corpo não poderia combinar mais com ela, ela era surreal de tudo, do rosto ao restante. Mas, naquele dia, ela, com aquele vestido colado, fez com que suas curvas ficassem ainda mais perceptíveis. Ficou mais chamativa mesmo sem ter intenção. Ela era chamativa só por ser ela.

ElãOnde histórias criam vida. Descubra agora