Capítulo Dezenove

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Amanda Linhares

— Que delícia de sábado. — Rebeca disse, suspirando.

— Eu tô morrendo de sono e com muita cólica.

Estávamos na praia de Ipanema, ainda daria meio-dia mas eu já estava morta de vontade da minha casa e da minha cama. Menstruada eu não tinha ânimo, não existia, depois de ter fumado então...

— Não tomou remédio?

— Tomei, mas sei lá, acho que a maconha me deixou mais sensível. E tem o coletor também. Tinha tempo que eu não usava, agora que eu tô usando, tá meio desconfortável. E eu acho que eu tô sentindo ele.

— Então tá mal colocado.

— Tá muito bem colocado. Não vazou sangue até agora e eu já tô com ele tem mais de duas horas.

— Então você tá sentindo o cabinho dele, mas fica tranquila, o desconforto vai passar e cê vai entrar em coma quando for dormir, vai ser o melhor sono da sua vida. — disse rindo — E o Seu Puliça? — zombou — Ficou bem nervosa quando ele ligou, eu vi sua cara. Ficou com medo dele descobrir que você fumou e te dar uma dura?

— Eu nem lembrei do baseado quando ele me ligou. Tem coisas piores na nossa vida de casal. Achei que eu fosse divorciar à distância. — ri — Amiga, que horrível tentar manter uma boa relação assim, longe. Tudo é mal interpretado, tudo é mal dito, tudo vira uma discussão, um atrito infeliz. — suspirei — Às vezes eu sinto saudade de não ter estresse com ele.

— Por isso que eu sou solteira, muito melhor! Sem ofensas. — riu — Vem cá, agora que tudo passou, você pode me explicar o que tá acontecendo de verdade? Porque assim, tudo bem ter ficado puta com a reação do Diogo, mas não é possível que foi só isso que fez você ficar com aquela cara ontem.

— Tá dando pra perceber que aconteceu mais coisa?

— Tá na sua cara. Me conta, vai.

— Tem uma colega de trabalho dando em cima do Diogo. Ela ligou pra ele sem o mínimo pretexto no sábado passado e pediu carona. Carona! Ele já deu carona pra ela e sabe-se lá o que aconteceu dentro daquele carro. — suspirei, não gostava nem de pensar.

— E aí você concluiu que ela tá dando em cima dele? Com uma ligação avulsa? — franziu o cenho — E se ela, sei lá, só pediu carona por que não queria gastar com Uber?

— No fim da ligação ela chamou ele de meu lindo com a voz aveludada.

— Meu Deus, ela quer muito dar pra ele. — disse surpresa — A mãe Helena não disse nada? Aquela mulher é bruxa, nada passa batido dela.

— Disse, disse que de fato ela quer ele e que ele não quer ela, mas mesmo assim. — me sentei na canga — Não sei, eu não consigo confiar. Ele é homem e as cartas disseram que ela vai investir. E se ele for no calor do momento? — a olhei — Sem contar que tem a parte dele se sentir anulado, cobrado demais por mim. E se ele se sentir cansado e preferir ter outras experiências?

— E você tá esperando o que pra marcar o seu território? — me olhou — Deixa de ser besta, Amanda, vai pra Brasília igual ele veio pro Rio, de surpresa! Você também tem que correr atrás. É um casamento, não um namoríco de criança, acorda!

— Cê acha que eu devo ir?

— Por que que você ainda tá em dúvida?! Vai nessa sexta-feira, se possível! Compra a passagem, vai pra Brasília, dá um chá de xereca nesse filho da puta e volta pro Rio bela, leve e convicta que ele vai continuar sendo seu marido. Olha que simples manter um casamento! — zombou, me fazendo rir.

ElãOnde histórias criam vida. Descubra agora