Capítulo Quatorze

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Diogo Novais

Eu não era de me sentir cansado da relação que eu tinha com a Amanda, mas inegavelmente, depois que passei no concurso, ela pareceu ficar mais repetitiva e cansativa de lidar. Eu me sentia culpado por estar sentindo aquilo, mas era involuntário. Toda vez que ela abria a boca eu sabia que a qualquer momento ela jogaria na minha cara o fato de eu ter feito uma bendita de uma prova em segredo. Não aguentava mais aquele enredo, parecia que ela só queria um pretexto pra se sobressair, se sentir melhor com o que estava acontecendo. Apesar de termos tido uma conversa franca no carro, ainda sim sabia que seria um processo até que ela deixasse aquele enredo de lado.

— Tá dormindo? — cochichou.

— Oi. — respondi, sonolento.

— Amo transar com você. Estava com saudade.

— Também amo. — sorri, a puxando pra mais perto de mim — Te amo muito.

Ela ergueu sua cabeça e me beijou lento, respondendo o que eu havia dito daquela forma indireta. Eu sabia que ela também me amava.

— Queria que o tempo parasse. — disse, me olhando nos olhos — Tá quase na hora de você ir.

— Só amanhã de tarde, três horas. — tentei amenizar — A gente tem tempo ainda. E falando em tempo, a gente não era nem pra estar aqui na cama mais. — ri.

— Eu sei, mas calma, tá cedo. — deitou a cabeça no meu peito, se aconchegando.

— Cedo mais ou menos, né? — ri.

— A gente levanta já já. — acariciou meu peito.

Estava um silêncio confortável, um silêncio gostoso, que mesmo silencioso era barulhento e vibrava afeto.

— Diogo, posso te fazer uma pergunta?

— Meu Deus, que medo, estava demorando. — ri, a olhando — Fala, Amanda.

— Promete que vai ser sincero comigo? Por favor.

— Eu não minto pra você, nunca. — não era mentira, eu realmente não mentia.

— Qual que é o seu nível de intimidade com a Nicoly?

— O quê? — franzi o cenho, a olhando com estranheza pela aleatoriedade da pergunta.

Quer dizer, não que fosse uma pergunta aleatória, mas ela não havia tocado mais no assunto desde que tinha acontecido, achei que ela tinha até esquecido para ser bem sincero.

— Ontem ela te ligou pedindo carona. Você tem costume de... Dar carona pra ela ou... Sei lá, de demonstrar de alguma forma algo?

— Amanda, não. — gargalhei — Ela me ligou porque possivelmente estava bêbada e porque uma única vez — frisei a palavra "Única" — eu levei ela à Academia depois de uma comemoração em grupo. Acabou, foi literalmente só isso. Você saberia se perguntasse e se interessasse mais sobre meu dia a dia em Brasília. — zombei.

— Se eu perguntasse e me interessasse mais? — perguntou desacreditada, rindo — Desde que você foi, você não teve mais tempo pra mim.

— Eu nunca não tive tempo pra você, só que você também nunca me mandava mensagem caso eu não mandasse. Foi uma falha na nossa comunicação e a culpa não foi minha, nem sua. Muita coisa aconteceu pra que isso acontecesse, e além do mais, o meu tempo é corrido mesmo. A semana inteira eu fico me fodendo num sol do caralho, com uma roupa quente de treinamento e sem poder usar o celular porque ele fica trancado no meu armário.

— Ah, sim. O tempo é corrido pra esposa mas pra dar carona pra colega de trabalho não é corrido. Entendi. — zombou.

— Vem cá, o mesmo tempo que eu tinha pra te mandar mensagem, você também tinha. Não mandou por quê? — me defendi — E se for levar isso em consideração, o Lucas não só te dava carona pra casa como vinha te buscar na porta do condomínio.

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