Capítulo Dezesseis

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Amanda Linhares

— Vamos lá, turma! Uma função de primeiro grau é uma função que pode ser representada pela equação Y = MX + B — pus no quadro para exemplificar —, nessa equação, Y representa o valor da função, X representa a variável independente, M é a inclinação da reta, que é o quanto a função aumenta ou diminui, e B é o coeficiente linear, que é o valor de Y quando X é igual a zero. — escrevi — Em termos simples, a função de primeiro grau representa uma linha reta no gráfico, onde M determina a inclinação da reta e B determina onde a reta corta o eixo Y.

— Psiu. — escutei vir de trás da porta.

— Se M for positivo — continuei falando, indo até a porta e a abrindo, me deparando com o Lucas —, a reta sobe da esquerda para a direita. Se for negativo, desce. O valor de B define a posição da reta no eixo vertical. — finalizei — Eu já volto, gente, me deem um minuto. E eu não quero escutar falatório, anotem o que já está no quadro e quem não entendeu nada do que eu disse, tá tudo bem, o início é chato mesmo, eu vou explicar quantas vezes vocês precisarem. — saí da sala — Pode falar. — disse gentil.

— Desculpa interromper, é pra saber se você tem uma caneta colorida extra de quadro. A tinta da minha caneta vermelha acabou completamente e eu...

— Só um minuto. — entrei na sala novamente, pegando meu frasco de tinta vermelha — Carrega sua caneta e me devolve a bisnaga.

— Não confia em mim? — perguntou divertido, tirando sua caneta vermelha do bolso e abrindo sua carga.

— Confio, mas se minha tinta acabar vou precisar interromper a aula de novo pra pegar a bisnaga contigo.

— Calma, já tá quase. — disse atento enquanto espremia o frasco.

— Aula de que hoje? — puxei assunto.

— Cinemática Vetorial.

— Agora entendi o motivo da caneta ter te deixado na mão. — ri — Muito conteúdo.

— Foi relaxo meu também, não carrego desde quinta-feira. — disse mais sério.

— Eu sei, foi só uma piad... — parei de falar, escolhendo não dar continuidade pro assunto — Enfim, já acabou? — mudei de assunto

— Só mais um pouco e... — espremeu o frasco mais uma vez — Pronto. Aqui. — me entregou — Brigadão, me salvou!

— Nada, depois me dá dois reais, foi o tanto de tinta que você pegou. — brinquei.

Ele não respondeu, apenas assentiu enquanto sorria, um sorriso que parecia forçado, e se dirigiu à sua sala. Ali, parada na porta da sala e sem entender sua atitude, o olhei se distanciando. Ele estava estranho, era claro. Em outra ocasião ele riria e brincaria abertamente, mas não, ele só agiu como se estive completamente inibido.

— Continuando. — disse voltando à sala — Ao analisar uma função de primeiro grau, podemos determinar como ela se comporta, se ela sobe ou desce, e onde ela cruza o eixo Y. Dito isso, vou passar uma atividade no quadro. Duas, para ser mais exata. Uma eu vou fazer, servirá de exemplo e ajuda, e outra estará em branco. Quem conseguir acertar, vai ganhar meio ponto. — disse me virando pro quadro.

— Que isso, professora, só meio ponto? — um aluno perguntou incrédulo.

— E não tá bom? — perguntei rindo — Gente, na minha época eu fazia dezenas de questões diariamente só pra não desaprender a matéria e não reprovar no vestibular. Meio ponto tá bom demais!

— Um ponto, vai! — juntou as mãos.

— Que tal zero pontos? — perguntei sarcástica.

— Cala a boca, Daniel! — uma aluna disse jogando uma bolinha de papel nele.

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