κεφάλαιο 54

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// C A P Í T U L O  54 \\

É Uma Droga de Vida!
• 𖥸 •

Foi difícil seguir em frente, mas se forçaram a isso. Na extremidade do depósito de lixo, encontraram um caminhão de reboque tão antigo que bem poderia ter ele mesmo se jogado fora. Mas o motor funcionou e estava com o tanque cheio –embora não tenham conseguido ficar felizes por essa sorte–, então decidiram pegá-lo emprestado. Foi Thalia quem dirigiu. Ela não parecia tão atordoada quanto os outros, se Rose estivesse em condições apontaria tal mentira, Thalia só estava suprimindo mais sentimentos em si.

– Os esqueletos ainda estão por aí ‐ ela os lembrou – Precisamos seguir em frente.

Os outros apenas concordaram e seguiram enquanto a filha de Zeus os conduzia pelo deserto, sob um céu azul muito claro, a areia tão brilhante que doía nos olhos. Zoë se sentou na frente com Thalia. Grover e Percy se sentaram na carroceria do caminhão, encostados no guincho. O ar estava fresco e seco, mas o bom tempo parecia um insulto depois de perda de Bianca.

Sentada mais próxima à ponta da carroceria, Rose via o ferro-velho se afastar até sumir. Sua mão se fechou em torno da pequena figura que custara a vida da di Angelo. Rose achava que nunca mais sentiria uma dor tão grande quanto a que sentiu ao ver seu pai morrer, aquilo não era igual, mas foi muito próximo, talvez pior. Uma sensação que fez a ameaça de Ares de arrancar seus ossos do corpo com ela viva parecer algo agradável.

Rose não queria ficar deprimida, ela tinha que dar apoio aos outros, precisava ser forte, mas ela simplesmente estava sem ação. Ainda havia algo que precisava partilhar com os outros, algo sobre Bianca, algo que queria ter tido certeza antes. Mas apenas não tinha força.

Depois de algumas horas, o caminhão reboque ficou sem gasolina na beira do cânion de um rio. Mas não tinha problema, pois a estrada também terminava ali. Thalia saltou e bateu a porta. Imediatamente, um dos pneus estourou.

– Ótimo ‐ ela ironizou, completamente frustrada – O que mais vai acontecer agora?

Rose pulou da carroceria e observou o horizonte. Não havia muito para se ver. Deserto em todas as direções, blocos ocasionais de montanhas áridas se erguiam em alguns cantos. O cânion era a única coisa interessante. O rio propriamente dito não era muito grande; tinha talvez uns cinquenta metros de largura, água verde com algumas cachoeiras, mas abria uma grande cicatriz no deserto. O penhasco despencava abaixo deles.

– Tem uma passagem ‐ disse Grover, descendo do caminhão junto de Percy – Podíamos descer até o rio.

Percy, Rose e Zoë se aproximaram para ver do que o sátiro estava falando e, por fim, perceberam uma minúscula saliência que se insinuava para baixo na face do rochedo.

– É uma passagem de bodes ‐ disse Percy.

– E daí? ‐ perguntou Grover.

– Nós quatro não somos bodes.

– Podemos conseguir ‐ insistiu Grover – Eu acho. Ou a Rose pode prender uma flecha de corda pra gente descer escalando.

Rose encarou o penhasco pensando na possibilidade, não seria difícil. Então olhou para Thalia e viu o quanto ela havia empalidecido.

– Não ‐ disse Rose, na verdade era a primeira vez que ela falava desde que saíram do ferro-velho – Vamos subir um pouco mais o rio.

– Mas... ‐ disse Grover.

– Vamos ‐ ela chamou. Estava tão soturna que parecia errado, visto que ela sempre sorria. Ela não queria ser rude, mas não tinha força para mais nada.

ÁGAPE || Clarisse La RueOnde histórias criam vida. Descubra agora