ÁGAPE || Clarisse La Rue

κεφάλαιο 90

// C A P Í T U L O 90 \\

" Highway To Hell "
• 𖥸 •

Eles apareceram no Central Park, bem ao norte de The Pond. A sra. O'Leary parecia bastante cansada ao caminhar mancando até um monte de pedras grandes e arredondadas. Ela começou a farejar por ali, e os irmãos temeram que fosse demarcar seu território, mas Nico disse:

— Tudo bem. Ela só tá sentindo o cheiro do caminho de casa.

Rose franziu a testa.

— Por entre as pedras?

— O Mundo Inferior tem uma entrada principal, mas com os anos, surgiram ramificações - explicou Nico — Vocês conheceram uma delas, em Los Angeles.

— A loja de Procusto - Percy fez uma careta ao se lembrar do encontro com seu meio-irmão maníaco (bem, um deles).

Nico assentiu.

— A maioria das ramificações, assim como a porta principal, tem um guardião horrível, mas existe uma passagem menor, mais difícil de encontrar, que não é guardada por ninguém. A Porta de Orfeu.

— O camarada com a harpa - disse Percy.

— O camarada com a lira - corrigiu Rose.

— Sim, sim. Ele - concordou Nico — Usou sua música para encantar a terra e abrir uma nova passagem para o Mundo Inferior. Abriu caminho cantando até o palácio de Hades e quase saiu com a alma da mulher dele.

Rose se lembrou de quando falou com o espírito de Orfeu, seu meio-irmão, anos atrás. Graças a ele, ela encontrou seu caminho, aceitou seu destino como herdeira. Ele teve história trágica. Conseguiu permissão de Hades para trazer a amada do mundo dos mortos, mas Orfeu não devia olhar para trás enquanto a guiava de volta à vida, mas ele acabou olhando e, no fim, a perdeu.
Isso fez Rose se questionar se os filhos de Apolo, assim como seu pai, eram destinados a não ter sorte no amor. Só isso poderia explicar o porquê do amor de sua vida, aparentemente, ter desistido dela.

— Então essa é a Porta de Orfeu - Percy tentou se mostrar impressionado, mas aquilo ainda parecia uma pilha de pedras comuns — Como é que se abre?

— Precisamos de música, uma canção - disse Nico — Ainda bem que temos uma filha Apolo aqui.

Rose franziu o cenho.

— É só cantar? - ela questionou — Tipo, nenhuma palavra mágica ou canção mística de emo que abre portas pro submundo.

— Não, só tem que ser bom - respondeu Nico, sorrindo de cando — O que eu sei que você é.

— Certo, vamos lá.

Rose começou a aquecer a voz. A sra. O'Leary se enroscou e tirou uma soneca. Enquanto isso, Percy esperava ao lado de Nico esperavam, mas, de repente, começou a ouvir muito nítidamente os grilos na floresta e uma coruja piando. O trânsito zumbia ao longo da Central Park West. Cascos de cavalo ressoavam em uma trilha próxima, talvez uma patrulha da polícia montada. Aquilo era estranho, considerava sua audição boa, mas nem tanto. Algo estava lhe deixando agitado, pensou que pudesse ser o nervosismo de estar prestes a descer ao Mundo Inferior novamente, mas não, era outra coisa.

— Tão sentindo isso? - Percy perguntou, chamando a atenção dos outros dois.

— O que? - Rose perguntou de volta.

Percy respirou fundo. Seu elo de empatia estava formigando de verdade pela primeira vez em meses, o que significava que um monte de gente havia subitamente sintonizado o Nature Channel ou...