κεφάλαιο 35

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// C A P Í T U L O 35 \\

Ninguém
• 𖥸 •

– É só não se soltarem! ‐ disse Annabeth, invisível em algum lugar perto dos loiros.

– Pra você é fácil falar ‐ Percy resmungou – Você não tá pendurada de cabeça para baixo na barriga de um carneiro.

Annabeth não disse nada, já nem devia mais estar por perto. Mas Rose riu, de baixo de outro carneiro.

Percy tinha que admitir que não fora tão difícil quanto pensara. Ele já tinha se arrastado para baixo de um carro antes, para trocar o óleo para sua mãe, e aquilo não era tão diferente. Embora seu carneiro parecesse meio inquieto, diferente do de Rose que não se importou.

Até mesmo o menor dos carneiros do ciclope era bastante grande para suportar seu peso, e eles tinham uma lã espessa. Os loiros simplesmente torceram a lã, formando alças para suas mãos, engancharam os pés nos ossos das coxas do carneiro e pronto: eles se sentiam como bebês canguru, acomodados contra o peito do carneiro, tentando manter a lã longe da boca e do nariz.

A pior parte era o cheiro forte, semelhante a um suéter de inverno que foi arrastado pela lama e deixado no cesto de roupa suja por uma semana.

O sol estava se pondo.

Eles mal ficaram em posição, quando o ciclope rugiu:

– Oi! Bodinhos! Carneirinhos!

O rebanho, obediente, começou a caminhar lentamente ladeiras acima, em direção à caverna.

– É isso! ‐ sussurrou Annabeth, em algum lugar – Vou estar por perto. Não se preocupem.

Os carneiros que carregavam os loiros começaram a subir a colina. Depois de uma centena de metros, suas mãos e seus pés começaram a doer. Agarraram a lã com mais força, e os animais fizeram ruídos inarticulados. Não dava para culpa‐los. Eles também não gostariam de alguém escalando por seus cabelos. Mas, se não se agarrassem, certamente cairiam ali mesmo, bem na frente do monstro.

– Hasenpfeffer! ‐ disse o ciclope, afagando um dos carneiros na frente de Percy e Rose – Einstein! Widget... ei, Widget!

Polifemo deu uns tapinhas no carneiro de Percy e quase o derrubou no chão.

– Ganhando um pouco de lã extra, hein?

Polifemo riu e deu uma palmada no traseiro do carneiro, empurrando‐o para a frente. Então foi a vez do carneiro de Rose.

– Você também Lockhart ‐ o mostro riu alegre – Vá andando, gorducho! Logo Polifemo irá comê-los no café-da-manhã!

Ele empurrou o carneiro para dentro também e, simples assim, Percy e Rose estavam dentro da caverna.

Puderam ver o último dos carneiros entrando. O ciclope estava para rolar a rocha de volta a seu lugar quando, de algum canto do lado de fora, Annabeth
gritou:

– Ei, feioso!

Polifemo ficou rígido.

– Quem disse isso?

– Ninguém! ‐ gritou Annabeth.

Aquilo provocou exatamente a reação que ela esperava. A cara do monstro ficou vermelha de raiva.

– Ninguém! ‐ Polifemo berrou de volta – Eu me lembro de você!

– Você é estúpido demais para se lembrar de alguém ‐ provocou Annabeth – Muito menos de Ninguém.

ÁGAPE || Clarisse La RueOnde histórias criam vida. Descubra agora