κεφάλαιο 104

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// C A P Í T U L O  104 \\

" Heróis do Olimpo "
• 𖥸 •

As Três Parcas trouxeram a mortalha e recolheram o corpo de Luke. As três senhoras, que eram bem mais fortes do que pareciam, ergueram juntas o corpo de Luke, agora envolto em uma mortalha branca e verde, e começaram a levá-lo da sala dos tronos.

— Esperem - disse Hermes.

O deus mensageiro estava vestido com seu traje clássico: túnica grega branca, sandálias aladas e capacete. As asas de seu capacete tremulavam enquanto ele andava. As cobras George e Martha se enroscavam em torno do caduceu, murmurando: "Luke, pobre Luke."

Percy e Rose pensaram em May Castellan, sozinha em sua cozinha, assando biscoitos e fazendo sanduíches para um filho que jamais voltaria para casa.

Hermes desenrolou o rosto de Luke e beijou sua testa. Murmurou algumas palavras em grego antigo –uma bênção final.

— Adeus - sussurrou ele. Então, fez um gesto com a cabeça e permitiu que as Parcas levassem o corpo de seu filho.

Rose sentiu o ar ser arrancado de si observando a cena, compadecida pela dor de Hermes. Ela queria abraçá-lo e consolá-lo, mas não achou que seria muito apropriado em um contexto geral. Enquanto assistia as parcas partindo, pensou na Grande Profecia. Os versos agora faziam sentido para ela.

E a alma do herói, a lâmina maldita ceifará. O herói era Luke. A lâmina maldita era a faca que muito tempo atrás ele dera a Annabeth –maldita porque Luke havia quebrado sua promessa e traído seus amigos.
Uma escolha seus dias vai encerrar. A escolha de seu irmão de dar a Luke a faca e acreditar, como Annabeth fizera, que ele ainda era capaz de consertar tudo.
O Olimpo preservar ou arrasar. Ao se sacrificar, Luke havia salvo o Olimpo.

Percy suspirou. Rachel estava certa. No fim, ele não era mesmo o herói. Luke é que era. E ali ele compreendeu algo tanto sobre Luke quando sobre si mesmo: quando Luke descera ao Rio Estige, ele também tivera de se concentrar em algo importante que o manteria ligado à sua vida mortal. Caso contrário, seria destruído. Percy vira Annabeth, e tinha a sensação de que ele também. Ele havia visualizado a cena que Héstia o mostrara –de si mesmo nos bons e velhos tempos, com Thalia e Annabeth, quando prometera a elas que seriam uma família. Ferir Annabeth na luta o havia abalado e feito com que se lembrasse daquela promessa. E permitira à sua consciência mortal assumir novamente o comando e derrotar Cronos. Seu ponto fraco –seu calcanhar de aquiles– havia salvado à todos.

Thalia ainda estava um pouco fraca apoiada em Rose, assim como Annabeth apoiada em Percy. Os joelhos de Annabeth se vergaram. Percy a segurou mais forte, mas ela gritou de dor, e Percy notou que havia agarrado seu braço quebrado. Thalia tentou ajudar, mas ela mesma parecia estar ainda mais quebrada por dentro, voltando a tossir sangue.

— Ah, deuses - Rose arregalou os olhos — Thalia! Annabeth!

— Tudo bem... - Annabeth tentou dizer, mas desmaiou nos braços de Percy.

— Elas precisam de ajuda! - Percy gritou.

— Deixem comigo - Apolo deu um passo à frente. Sua armadura cor de fogo era tão brilhante que era difícil olhar para ele, e seus óculos de sol combinando e seu sorriso perfeito faziam-no parecer um modelo masculino para equipamentos de guerra — Deus da cura, a seu serviço.

Ele colocou uma mão sobre a cabeça de cada e recitou um encantamento. Imediatamente, os hematomas clarearam. Os cortes e cicatrizes desapareceram. O braço de Annabeth se endireitou, e ela suspirou adormecida. Thalia respirou fundo como se o ar estivesse voltando aos seus pulmões, mas não soltou Rose, ainda parecia meio tonta.

ÁGAPE || Clarisse La RueOnde histórias criam vida. Descubra agora