Capítulo 10

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" – Me fala, tem algum motivo especial para você estar me seguindo? Ainda vai me prender?

Foi a pergunta do assassino para o príncipe Kokke, que o seguia havia pelo menos 15 minutos. Apesar disso, era só metade do caminho do castelo até a vila.

Era uma longa decida de um morro grande, mas não tão grande para outros morros, feita em uma estrada de terra roxa (que por uma grande ironia, era vermelha) com marcas de rodas de carruagem e 2 pares de pegadas, sendo o primeiro com uma bota com salto alto e o segundo um sapato tocando completamente o chão.
Não havia outro caminho a ser seguido para chegar do castelo ao vilarejo.

– Eu nunca planejei te prender, em primeiro lugar. – corrigiu, o agora não-tão-príncipe Kokke– Mas você me jogou da janela do meu quarto, e se eu voltar agora vão questionar, logo eu teria que te entregar!

– Eu te tirei de lá justamente para você não voltar, seu burro! – xingou Soutsuba, soltando um longo suspiro – Mas não é por causa disso que você tem que me seguir, vai pela mata que você chega daqui uns 2 dias, isso é, se você não se perder ou morrer.

– Para de graça! – resmungou o loiro, fazendo o avermelhado soltar uma risada genuína. Mas depois, o silêncio arrebatador se seguiu por mais 30 longos minutos, quando eles chegaram na vila.

Ela era composta por várias casas um tanto quanto parecidas, várias barracas espalhadas com seus vendedores trabalhando até tarde. Várias crianças corriam pelas ruas, com brinquedos de madeira e pano, rindo juntas.

E bem no centro, havia uma estátua de uma mulher dos cabelos compridos e ondulados, com longos cílios bem expressos pela artista, que de acordo com as escrituras da base era Meikko l'artiste. Ela era magra e baixa, e seus braços e pernas finos entregavam-na um certo aspecto de fraqueza. Até mesmo o seu rosto parecia doente, mas ao mesmo tempo isso parecia realçar sua beleza estonteante.
Ela estava apoiada em seus joelhos, com um sorriso leve nos lábios. E no seu colo, um Mokke a admirava, curioso.
Provavelmente por estragos causados pela chuva, as pedras de suas bochechas e bem no centro de seu peito pareciam mais escuras que o resto. Como se ela estivesse chorando, depois de algo atingi-la no peito.

Entre tudo naquela vila, a estátua pareceu tocar Kokke de um jeito diferente. Soutsuba reparou naquilo, e perguntou, preocupado, apesar de tentar disfarçar isso:

– Aconteceu alguma coisa?

Kokke ficou quieto, inexpressivo por alguns segundos, talvez até meio vazio, mas então uma pequena lágrima desceu para sua bochecha, então outra, e outra.

– Todos esses anos depois que ela morreu e ninguém nunca me contou disso – murmurou ele.

– A mulher da estátua? – questionou o assassino.

– É. Ela mesma – ele fez uma pausa para secar as lágrimas – a rainha.

Só então o avermelhado percebeu. A rainha era mãe do príncipe. E a rainha estava morta há pelo menos 10 anos.

Por alguma razão, era incômodo o quanto Kokke estava chorando. Não que o assassino estivesse irritado, mas ele simplesmente sentia um certo aperto no peito. Por isso, pegou o pulso dele e o levou para fora da vista da estátua, para que o aperto sumisse.

– Eu sinto muito por isso – foi tudo o que pôde dizer."

– Então, o assassino e o príncipe caminharam pelo reino, vendo suas partes boas, mas também as suas partes mais terríveis! – narrava Mitsuba, gesticulando conforme falava, como se realmente sentisse cada detalhe – viram a pobreza na sua forma mais nua e crua, mas também tentaram ajudar, com o que podiam já que Kokke saiu sem um tostão e Soutsuba tinha pouco, do que ele roubava de suas vítimas... – o sobrenatural fez uma pausa e olhou bem para as palmas de suas mãos.

✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)Onde histórias criam vida. Descubra agora