Capítulo 15

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Dormir era, naturalmente, uma tarefa muito difícil. E piora ainda mais quando o garoto que você gosta pode estar sendo perseguido pelo seu irmão naquele exato momento. E prometer dormir para ajudá-lo também não parecia muito certo, por isso ele ficou alí por míseros 15 minutos antes de se levantar. Mas quando o fez, não esperava que seu irmão mais velho estivesse alí, olhando para ele.

Imediatamente, Kou se apavorou, quase caindo da cama e assumindo uma posição defensiva. Porém, no momento, Teru não parecia ter nenhuma intenção hostil nem com ele ou com qualquer outra coisa, quase como se fosse mais um dia normal de aula para ele.

– Você acordou bem rápido– disse o mais velho, apoiando sua bochecha em suas mãos – e pensar que você veio parar aqui porque eu não fiz seus curativos direito ontem, e ainda teve o azar de tropeçar hoje... Sinto muito por isso, maninho!

– Aham... – fez Kou, suspeito. Normalmente, quando uma pessoa estava caçando outra até a morte, o caçador tende a ficar de mau humor, atento a tudo e cauteloso, entretanto esse não parecia ser o caso. Isso trouxe-lhe a mente os velhos tempos de criança, onde ele via Teru sempre com um sorriso depois de exorcizar os tão temidos espiritos malignos. E graças a esse "depois" que lhe veio em mente, ele temeu pelo pior: será que ele já havia exorcizado Mitsuba? Mitsuba era forte, já que no aquário ele vencera Kou na caça aos peixes de 15 à 20, porém o quão forte era isso se comparado à Teru Minamoto? Apesar do medo, ele resolveu não aparentar estar sentido isso e por isso disse – Você não está ocupado hoje? O que faz aqui? Quer me falar alguma coisa?

– Ora, vim ver meu irmão machucado, é claro! – respondeu Teru, mostrando simpatia, e fez uma pausa, abrindo seus olhos antes cerrados e mudando um pouco o tom de sua voz – Mas eu acho que não tenho nada para te contar, não... E você, tem?

Kou balançou a cabeça. Ambos sabiam que o outro estava mentindo, porém só o mais novo tinha consciência da inutilidade da sua, enquanto Teru acreditava piamente que estava enganado seu irmão.

– Então, nem conversamos hoje direito... Como foi na casa do Akane? – perguntou, com um sorriso largo no rosto, apesar de seus olhos não parecerem acompanhar o sorriso.

– Foi tudo certo... Ele me deu o que comer, beber, conversamos um pouco e dormimos...

– Que bom, que bom. Conversaram sobre o que?

"Até quando você vai tentar arrancar isso de mim?" Pensava Kou, que nem tinha acordado direito e já sentia a leveza do sono sendo retirada e substituída com pressão psicológica. A pior parte era que qualquer um que visse de fora não acreditaria nisso e apenas veria a imagem de um bom irmão mais velho preocupado com seu maninho, logo, se ele não respondesse de acordo ou falasse algum mentira, ele seria condenado como alguém horrível que destrata o pior irmão.

E a pior parte, era que esse tipo de sentença não se limitava à quando aqueles que viam a cena o condenavam, já que estavam sozinhos, mas era muito pior quando aquele que culpa é você mesmo.
Incrível como Teru conseguia controlar a percepção das pessoas sobre as coisas apenas agindo naturalmente.

Para tentar driblar esse assunto, ele resolveu usar uma tática aprendida com Mitsuba: usar algum pequeno detalhe do diálogo e torná-lo pauta.

– Você quer saber bastante do Akane, né? Mas para sua informação, ele não falou nada de você! – alegou o jovem Minamoto, enquanto alongava-se para acordar bem.

Aquilo não era o que Teru queria saber, e mesmo que ele tenha de fato se sentido afetado, ele percebeu que Kou desviou do assunto. Se Kou estava desviando do assunto, então era porque tinham falado de algo que não era do agrado do mais velho, ou seja, sobre Mitsuba.
Esta era a grande falha da tática Mitsuba: sempre que você era descoberto, as consequências eram em dobro. E se tratando de alguém esperto como Minamoto Teru, era impossível não ser descoberto.

✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)Onde histórias criam vida. Descubra agora