✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)

Capítulo 14

– Então, quer me falar por quê você me puxou para cá mesmo? – perguntou a garota de cabelos trançados e loiros, segurando seu caderno e uma lapiseira bege – Hein, Número 3?

Para ela, aquele seria apenas outro dia comum. Talvez um pouco mais agitado por ser a véspera do festival, mas nada que saísse do esperado. Isto é, não até ela ser subitamente puxada pelo braço para dentro de um espelho que ela nem viu que existia.

– Desculpa por isso, Shijima! – respondeu o rosado, fazendo cara de coitado – Eu meio que estou em uma situação que não posso sair daqui sem correr o risco do presidente do Grêmio maluco me exorcizar, entende? Aí, como você não pode entrar aqui sem eu permitir, eu tive que te puxar!

– Tudo bem, eu entendo isso – disse a garota, mas então continuou – Mas qual a razão disso? Tem algum motivo especial?

– Olha, a casa do Kou explodiu! – explicou Kou, ignorando o pequeno detalhe que não foi a casa de Kou que explodiu, e sim a máquina da casa dele, mas ele estava gastando muito mais energia investindo no drama do que se preocupando com os detalhes. Porém, a garota acreditou, chocada, e Mitsuba continuou – Aí, o irmão psicopata do Minamoto invadiu a privacidade dele e descobriu...uns lances aí... – ele fez uma pausa, disfarçando um pouco mas, logo, se recompôs – E por isso ele quer me caçar para me extinguir desse plano, e do plano além do que seria a morte, e o além disso também, se é que ele tem como fazer isso!

– Sinto muito por isso, porém, não foi isso que eu quis dizer. – corrigiu ela, sem intenção alguma de ser maldosa ou irônica – Qual o motivo de você ter me puxado para cá?!

– Ah... Isso aí! Eu já ia chegar lá! – justificou Mitsuba, e começou a pensar em alguma razão.

O silêncio apossou-se do inferno dos espelhos sem demora. A sorte do rosado era que Shijima tinha a paciência dentre suas várias virtudes, e por isso ela esperou um tempo até que ele desse sua resposta. Mas, enfim, ela resolveu questionar.

– Cara, você me puxou para cá sem motivo?

– Não foi sem motivo, só não sei explicar!

– Aprende, eu não vou ficar aqui por motivo nenhum! Eu também tenho minhas responsabilidades! Sinto muito! – respondeu, jogando suas tranças bagunçadas para trás de seus ombros.

– É que... Eu quebrei o jogo de chá da Sakura de novo – inventou ele.

– De novo? E dessa vez o Natsuhiko e o Tsukasa não estão com você? – perguntou ela, com desconfiança em seu tom.

– É que daquela vez, eles estavam comigo quando quebrou, então não tinha como esconder... E eu não podia ir até sua fronteira porque qualquer um pode ir até lá, e eu tô sendo caçado então...– respondeu o de rosa, se sentando nos corrimões dourados do inferno dos espelhos, e se balançando um pouco. Ele parecia cabisbaixo.

A jovem suspirou, e sentou-se no chão. Ele começou a descrever para ela como aquele jogo de chá deveria ser, detalhe por detalhe, e ela desenhava-os com calma.

A desculpa que Mitsuba inventou era um tanto perigosa, já que da última vez que ele, Natsuhiko e Tsukasa quebraram o jogo de chá da Sakura e pediram para que Shijima desenhasse um novo, eles acabaram irritando-a além da conta, e por isso ela soltou um elefante florido na sala de rádio. Mitsuba se perguntava seriamente como Natsuhiko havia sobrevivido aquilo, sendo o único vivo naquela situação. Mas era por essa razão que ele estava sendo delicado ao falar várias vezes que algum detalhe não parecia certo, sendo que ele nem havia uma ideia do que deveria ser.

Conforme o fluxo do tempo se seguia de forma turbulenta, alguns belos desenhos estavam espalhados no chão. Desenhos esboçados com um lápis de ponta enorme, pertencente à garota de cabelos trançados que já sabia que nada daquilo havia acontecido, já que se tivesse, Mitsuba teria ido atrás de Natsuhiko para chorar sobre isso, como uma criança faria para seu irmão mais velho quando vai levar bronca da mãe.
Entretanto, uma curiosidade florecia em sua cabeça, como as flores daquele elefante, e o por quê de Mitsuba estar fazendo aquilo vinha constantemente em sua mente.