Capítulo 22

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Teru Minamoto e Akane Aoi estavam andando um pouco atrás do prédio da escola, entre o ginásio e o jardim. Não era um caminho muito comum entre os alunos, talvez pelo piso não ser de concreto e muitos provavelmente considerarem inconscientemente tudo que não é de concreto como um lugar que não se deva ir.

Mas o presidente e o vice-presidente sabiam perfeitamente que não tinha nada disso, e todo ambiente que não fosse feito para os alunos seria avisado explicitamente, de modo a não causar esse tipo de confusão. Porém, os dois membros do Grêmio também não faziam questão nenhuma de avisar sobre esse lugar, já que era justamente isso que tornava-o tão pacífico.

Teru estava quieto, ainda pensativo, já que outrora seu irmão lhe sugeriu que fosse honesto e falasse o que sentia para o garoto de cabelos ruivo-acastanhados que andava ao seu lado, falando algumas poucas palavras:

– Ainda bem que deu tudo certo no fim... Depois que você saiu de detrás do relógio e me deixou lá com a Número 4, eu confesso que não estava esperando uma solução tão madura da sua parte, sabia? Foi uma boa proposta – admitiu Akane ajustando o óculos no seu rosto – e você foi até que bem parceiro para o seu irmão, se esquecermos a parte em que você invadiu a privacidade dele, abandonou ele na minha casa para eu cuidar, brigou com ele, caçou o namorado dele, ameaçou o namorado dele mais de uma vez...

– Você é muito cruel, Aoi! – brincou Teru, visto o tanto de coisas ruins, que ele de fato fez, que Akane listava.

– Mas é verdade! No fim você se mostrou um irmão até que decente, e eu fiquei surpreso! – elogiou, sem olhar Teru nos olhos, dando apenas um tapinha nas costas do mais alto. Mas o loiro apenas deu uma risada um tanto sem graça, sem saber reagir ao elogio de Akane, o que não passou despercebido por ele, que logo perguntou – O gato comeu sua língua?

– Não é isso não, eu só queria falar com você sobre um negócio... – respondeu Teru, sem graça. Internamente, ele se perguntava por quê não conseguia agir como aquele galã popular, como sempre fazia em outros momentos. Agora, ele parecia mais como Yashiro Nene, ou seja, uma garota do ensino médio apaixonada. E ele se sentia meio ridículo com isso.

– Sobre o quê? – indagou Akane, reparando nessa falta de jeito.

O Minamoto respirou fundo, tirando os dois anéis de ouro do bolso e estendendo um deles para Aoi. Mas de repente, o tempo parou. Não de uma forma poética, como a que um protagonista de romance descreveria o primeiro beijo, só que literalmente, onde Akane o encarava de uma forma meio morta, conforme segurava seu relógio, na sua forma de guardião do relógio. Teru conseguia se manter consciente, graças a sua quantidade de poder espiritual, então ouviu tudo que Akane disse a seguir:

– Foi mal, mas eu não quero ter que te ouvir falar isso... – murmurou o guardião do relógio, e suspirou – Fica aí um pouco...

Teru queria protestar. Isso era um absurdo, pelo menos podia tê-lo deixado falar. Estava abismado e confuso, Akane sabia o que ele ia falar? Ele tinha entendido? E se ele não queria que Teru dissesse, ele não sentia o mesmo?

Mesmo depois de parar o tempo de Teru, ele ainda não foi embora.
Apoiou-se na parede mais próxima e ficou olhando para o Teru paralisado por um tempo.

– Por favor, não olha para mim assim, Teru... – protestou ele, mesmo sabendo que da forma que ele parou o loiro, era inevitável que não o encarasse – Eu não vou te desparalizar antes do fim do tempo... Vou aproveitar enquanto você não está me ouvindo ou vendo.

"Eu estou te ouvindo e te vendo! Me faz voltar ao normal agora!" Era o que Teru queria berrar nesse momento, mas se contentou com o silêncio e a imobilidade por enquanto.

✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)Onde histórias criam vida. Descubra agora