Capítulo 25

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"O amor é capaz de fazer mudanças. De fato, é uma frase linda e, no caso de amor verdadeiro, a frase também se torna verídica. Mas as únicas mudanças provocadas por esse amor estão nas pessoas que o sentem.

Por exemplo, Kokke se tornou uma pessoa com o espirito mais livre, mesmo que depois do fim desse conto, ele vá retornar à passar todos os seus dias naquele pacato castelo.
Já Soutsuba aprendeu a lavar as suas mãos, depois de tanto tempo sujando-as com sangue de pessoas inocentes, e usou-as apenas para curar até o fim.

Mas ninguém mais mudou com aquele amor, que muitos nem reconheciam como algo além de uma doença da plebe. E ambos perceberiam isso naquela tarde, tarde demais.

Havia se passado uma semana desde que foram soltos das masmorras e estavam em liberdade condicional. Kokke seguia sua mesma rotina estrita de antes, enquanto Soutsuba estava começando a se acostumar com a rotina de cavalheiro, já que graças as suas habilidades, permitiram-no de pular a etapa de treinamento.
Ambos se encontraram nos jardins do palácio em seu tempo livre naquele dia nublado e ventoso, apesar de muito belo. Mantinham aquilo em segredo para que não acabasse, e a única excessão era Akan del Horloge, que exigiu à ambos, o príncipe e o cavalheiro, que mantessem a franqueza com ele.
Eles estavam papeando, alegres, até ouvirem o som de carruagens depois da muralha de pedras.

– Oh, deve ser o resto da corte de Rabanetes para revisar meu caso... – comentou Soutsuba, cabisbaixo. Era perceptível que ele tremia um bocado, mesmo que o uniforme que que vestia fosse grande o bastante para disfarçar. Mexeu um pouco no lóbulo da sua orelha, enquanto recolhia a sua lança do chão para voltar ao seu posto.

– Não precisa se acanhar – tranquilizou Kokke, sorrindo para o garoto de cabelos soltos cor-de-rosa – Certeza que eles só vão carimbar uns papéis para permitirem sua estadia no Reino Mokke e seu cargo como cavalheiro... No máximo, podem pedir para você ocupar esse posto lá em Rabanetes... – completou, chateando-se um pouco com a ideia de que seu amado poderia ir para um reino à uma semana de distância dali.

– Tem razão, estou me preocupando atoa... Não sabem do pior crime, então ambos vamos ficar bem! – concordou ele, sorrindo de volta. Então, pôs ambas as mãos na bochecha do príncipe e beijou seus lábios docilmente – Se me mandarem de volta para lá, prometo-te que vou lhe escrever todos os dias, e vou dar meu melhor para vim passar um tempo contigo...

– Juro fazer o mesmo... – afirmou o loiro, com as bochechas um pouco avermelhadas.

Assim, com esses votos, Soutsuba foi até o portão principal receber os convidados, afinal isso era parte da missão de um cavalheiro como ele.

Os grandes portões se abriram, e várias pessoas com roupas chiques saíram da carruagem. Haviam pelo menos 15 pessoas alí, das quais duas o aterrorizaram em demasia: uma dama de preto, com os cabelos e olhos verdes, e seu guarda costas com um sorriso estranho. Seus antigos empregadores, Nana e Natsu. Sentiu os olhos da dupla cruzarem-se com os seus, e todos os seus músculos tensionaram-se de imediato, pronto para fugir.

Mas não o fez, pelo contrário, tudo o que fez foi o que já era lhe instruído como seu trabalho: guia-los até o auditório do castelo, onde seu destino seria decidido pelas mãos das pessoas das quais ele traiu por amor.

Muitas pessoas estavam alí, os príncipes do Reino Mokke, com exceção de Tiakke, as princesas de Rabanetes, os conselheiros de cada um deles, a corte do Reino Mokke e a corte de Rabanetes, todos espalhados nos bancos do local que normalmente servia para apresentações musicais e teatrais, e agora serviria para o julgamento.
O réu andou com passos lentos por todas aquelas pessoas até chegar no palco, onde só havia uma única cadeira posicionada no centro dele. Ele se sentou, encarando todo o juri. Dali, o único olhar que o trazia um pouco de conforto era o de Kokke.

✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)Onde histórias criam vida. Descubra agora