Capítulo 18

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Kou voltara para sua sala de aula havia cerca de meia hora. Mas antes de ir, eles pegaram um computador roubado da sala de informática e criaram um e-mail para Mitsuba.

– Se algo acontecer – já dizia o Minamoto – você aperta onde eu te ensinei e me fala o que está acontecendo! Se não der tempo, manda qualquer coisa desconexa!

Mas nesse meio tempo em que Kou deixou-o sozinho, Mitsuba já havia aprendido a mexer em outras áreas. Abriu um tal de Youtube para ver o que era e encontrou a "playlist calma para ouvir sozinho", clicou e várias músicas distintas estavam tocando desde então, predominantemente músicas de um certo Cavetown. Eram agradáveis e tranquilas, passando uma certa sensação de nostalgia para ele, mesmo que nunca as tenha ouvido antes. As músicas desse rapaz lembravam-lhe Kou em demasia. Então, percebeu que podia usar vários "negócios" ao mesmo tempo, por isso deixou o Youtube aberto e foi fuçar outras áreas do laptop.

Até que, depois de uma vasta procura dentro do tal de Google, encontrou uma dádiva: os jogos Friv. Se distraiu por um bom tempo enfeitando bolos cor de rosa, conduzindo o fogo e água até uma saída e fazendo o cabelo das garotas de Monster High. Mal percebeu que já haviam se passado uma hora inteira desde que Kou voltou para aula. Estava tão tranquilo, havia quase se esquecido que, no momento que saísse de sua fronteira, estaria em perigo eminente de extinção eterna de todos os planos da existência.

Acabada a playlist, Mitsuba se levantou para poder esticar um pouco suas próprias pernas, ainda carregando o computador para o caso de algo acontecer. Os corredores em espiral do inferno dos espelhos pareciam os mesmos, mas notou que havia um pequeno papel preso na parte de trás do espelho pelo qual Shijima saiu.
Pela espessura grossa e a sujeira de grafite, ele reconheceu quase que de imediato que era do caderno de desenhos da Número 4.

Abriu, e logo que viu aquela belo ilustração, não pôde deixar de sentir lágrimas mornas e salgadas escorrerem pelo seu rosto sorridente. Queria abraçar aquela folha e guarda-la para todo sempre, de tão grato que era, apesar de não ser nem um desenho colorido, mas uma gravura feita exclusivamente com grafite 2B. Ele passou a ponta de seus dedos delicadamente por cada traço daquele rosto que tanto amava, lentamente. As pontas dos seus dedos acabaram se sujando um pouco com o grafite com isso.

Mas o momento de apreciação aquela obra de arte foi interrompido com batidas repetitivas à um dos espelhos. Correu até o outro lado do inferno dos espelhos para verificar, curioso; mas não gostou nem um pouco do que viu.

Teru Minamoto dava alguns soquinhos em um dos espelhos do banheiro masculino do 2° andar do prédio novo, completamente em oposição ao banheiro que Hanako habitava. Sua expressão parecia habitual e cotidiana, como ele faria para qualquer outro aluno do colégio que não fosse um sobrenatural, fantasma ou estivesse morto, de modo geral. Olhos não muito abertos, nem muito fechados; sorriso simpático, nem muito largo para não parecer exagerado, nem muito pequeno para não parecer sem graça; não era algo muito verdadeiro, mas em dias ruins refletia bem em seu semblante, como agora, que Mitsuba podia ver que ele sorria sem querer sorrir.

– Mitsuba! Mitsuba Sousuke! – chamava ele, enquanto continuava batendo no vidro de modo ritmado.

Obviamente não iria abrir aquele espelho.

Aproveitou-se dos seus dedos sujos de grafite e escreveu naquele espelho com uma letra simples, mas um tanto torta. Seria mais assustador e impactante se tivesse tinta vermelha ou um batom, porém ser assustador não era uma boa coisa com Teru, que poderia interpretar como uma ameaça e caça-lo com ainda mais força de vontade. Conforme o fazia, Teru via a ação em tempo real, apesar de não poder ver o espirito artificial.

✧A História De Mitsuba✧(TBHK ~ Mitsukou)Onde histórias criam vida. Descubra agora