Improvável (Romance Gay)

Agradecimentos

Às vezes, vivemos a vida toda buscando um significado, um sentido ou uma razão. Por muito tempo, o vazio permeou meus dias, quando pensei que existia algo fora de mim que precisava ser alcançado. Mal sabia eu que o que eu mais precisava estava lá dentro, escondido, perdido e emaranhado no meio de tantas outras coisas sem sentido.

Eu comecei essa história, que na verdade tinha a intenção de ser um conto, com o objetivo de metaforizar sentimentos latentes e desconhecidos, partes da nossa essência que ficam ali, esperando o momento certo, ou a pessoa certa, para se manifestar.

Essa autodescoberta acontece de várias formas e em várias esferas. Pode ser numa nova carreira, na realização de um desejo antigo, num passo importante na construção de uma família, na aceitação de quem somos, no que cremos e no que desejamos. A sexualidade é apenas uma parte disso tudo, mas todas as outras áreas são tão desafiadoras quanto essa, dependendo do tamanho da mudança que se quer fazer.

Escrever tem sido uma mudança "catastrófica" para mim. Para isso, abri mão de muitas coisas, uma carreira, um tempo que já era escasso, e tenho convivido com as consequências dessa escolha, mas isso também tem sido tão libertador e tão prazeroso que tem valido a pena cada pequeno vislumbre das minhas palavras.

Fiquei muito tocada quando escrevi a história desse casal tão improvável. Eles são quase um autorretrato. Assim como minha própria autodescoberta me chocou, tenho certeza de que muitos passaram por isso. Vícios, depressão, mágoas e desejos reprimidos... O ser-humano é um amontoado disso em diferentes níveis, e no meu caso, cada linha retratando o vício e o vazio era como o rasgar da minha própria alma, que estava aprisionada por grilhões, mas uma adaga fez um rasgo e deixou essa dor sair em forma de palavras, através de personagens que são tão irreais quanto reais. Eles existem em mim e em você.

Quem olhasse para mim, acharia improvável que eu pudesse escrever algo. Assim como Jeff, a depressão me transformou em alguém que sempre desistia de tudo, mas tive meus "Andrés", que me seguraram pela mão e acreditaram que eu era capaz.

Se você está aqui, lendo essas palavras, você é o meu André, e a você eu quero dedicar o meu muito obrigada!

"Memórias são como grilhões que aprisionam, ou como adagas que libertam."

Lua Cunha.