CAPÍTULO 37

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Duas semanas haviam se passado. Duas semanas de dias exaustivos onde eu ficava praticamente o dia todo na minha sala fazendo pesquisa, criando linhas de raciocínio pra conseguir ajudar a Júlia. Já tínhamos feito todos os exames possíveis, reviramos em literal palavra, a menina de cabeça pra baixo e nada explicava as alterações que ela tinha nos exames. Nesse meio tempo e com todos os exames em mãos, vimos que não conseguiríamos adiar muito mais a cirurgia cardiológica da Júlia, sua condição havia se agravado um pouco e isso precisaria ser monitorado pois se chegasse a um ponto específico teríamos que operar com ela bem de saúde ou não. E o meu desejo era que ela estivesse bem. Junho, um pouco mais frio, trazendo consigo as surpresas que esse mês me proporcionaria. O primeiro deles foi a falta de contato que eu estava tendo com a Rosamaria. Fazia 5 dias que eu não conseguia uma mensagem dela, uma ligação, eu não sabia como ela estava, onde ela estava e com quem. As únicas pessoas que normalmente me davam notícia dela, não estavam em São Paulo, que era a Brait e a Bosetti, ou seja, eu estava naquele momento de mãos atadas e aquilo estava me preocupando muito.
A correria dos dias não me permitiu me preocupar somente com isso, então dividi o meu tempo em pensar em todos os problemas que eu tinha e não somente aquele com Rosa. Estava distraída na minha sala quando escuto duas batidinhas e alguém entrar.

Daroit: eu vou dar uma saída, ok? Vou demorar um pouco mas deixei a Cristal no meu lugar, vou lá no aeroporto. -me avisou-

Gattaz: segunda-feira você indo em Confins -ri-

Daroit: vou buscar uma amiga, vou deixar ela lá em casa e volto. -me olhou- beijos.

Gattaz: beijo -falei olhando os papéis sem levantar a cabeça-

Passei o resto do dia trancada na minha sala e só sai de lá pra ir fazer a nova coleta de sangue da Júlia. Alguns procedimentos eu preferia acompanhar e estar perto da garota, era algo meu. Por mais que eu estivesse tentando me concentrar em outras coisas, minha cabeça ainda divagava em direção a Rosamaria. Ela tinha sumido completamente e a angústia no meu peito crescia cada vez mais e eu não sabia dizer se era de medo, saudades ou receio. Tirei o celular do bolso mais uma vez tentando ligar pra ela e foi inútil.

Bosetti: Ela não atende? -neguei- eu também tentei Carol, também estou preocupada.

Gattaz: eu só queria ter certeza que ela não está fugindo é de mim. -bufei e guardei o telefone-

PRI DAROIT ON

Sair do hospital no meio do expediente era uma coisa que eu não estava muito acostumada a fazer, assim como, guardar segredos. Eu sempre fui conhecida por ser boca de sacola demais e, precisar segurar a língua pra não transformar a vida de outra pessoa num caos era bem complicado. Estava no aeroporto aguardando o voo vindo de Navegantes e quando anunciaram que ele havia chegado já me posicionei em frente ao portão de desembarque de braços cruzados. Esperei ela sair e já balancei a cabeça em negação.

Rosamaria: não me olha com essa cara. -chegou perto de mim soltando as malas e me abraçando- obrigada por me receber.

Daroit: a Caroline tá surtando sem notícias suas e eu não sei quanto tempo eu vou conseguir segurar a minha boca sem falar que você tá aqui. -olhei pra ela indignada-

Rosamaria: eu preciso de um tempo pra raciocinar tudo o que aconteceu Pri. Já chorei o que tinha pra chorar no colo da minha mãe e do meu pai e agora, eu tô aqui. -vi ela respirar fundo- eu não quero alugar a Carol com meus problemas, eu não quero contar pra ela o que aconteceu e não quero ter que falar que eu não tenho mais residência e sou uma mera desempregada. -eu coloquei a mão no ombro dela- Aí, eu não quero chorar de novo.

Give Water to the Wine - 2ª TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora