CAPÍTULO 33

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Chegar em São Paulo foi um misto de sensações que pulavam dentro do meu peito. Eu queria já estar dentro de um carro a caminho de sei lá em qual lugar Rosamaria pudesse estar, mas, os compromissos que eu tinha naquele dia me permitiam sair apenas mais a noite. Liguei pra Brait assim que pousamos e pedi pra que me confirmasse o horário que Rosamaria iria sair para ver se eu conseguiria buscá-la ou se teria que aguardar na porta de sua casa. Quando saímos do portão de embarque, nossos nomes estavam em uma plaquinha com um motorista apenas aguardando nossa chegada. Dali, fomos direto pro hotel, fizemos check in e eu deitei por 15 minutos naquela cama antes de ter que levantar e me preparar para ouvir mais de 30 médicos falar sobre coisas absolutamente importantes, fechar parcerias e fortalecer a conexão de médicos brasileiros com estrangeiros. Aproveitei os momentos deitada na cama e resolvi algumas pendências da minha pequena estadia aqui em São Paulo quando cheguei. Questões documentais do apartamento, o que eu acabei renovando o contrato visto que pretendia vir com mais frequência para cá e aproveitei para alugar um carro e pedir que fosse deixado no hotel para eu poder me deslocar sem problemas. Deixaria o motorista com Thaisa antes que resolvesse me aniquilar por deixá-la sozinha.
Impreterivelmente às 15 horas da tarde eu estava sentada com um terninho extremamente quente em um anfiteatro ouvindo discurso sobre preservação da classe médica. Talvez nesse momento eu retirasse a frase "assuntos absolutamente importantes".

Thaisa: talvez eu passe mal junto com você às 20 horas. -falou disfarçadamente e eu segurei para não rir-

Gattaz: aí como eu quero ir embora. -estiquei a coluna-

Passei em torno de mais uma hora sentada naquela cadeira mexendo no meu celular e verificando coisas que pareciam muito mais importantes do que aquilo que estava sendo dito. Aproveitei e reorganizei a cirurgia da Júlia que seria até então, realizada na próxima sexta feira visto que infelizmente com o compromisso da conferência meus horários não me permitiram realizar a cirurgia. Estava quase deitada esparramada na cadeira e não aguentava mais ter que ouvir o falatório à minha frente. Quando o relógio bateu às 18 horas, o primeiro dia de conferência se encerrou, dali iríamos pro hotel que era bem próximo de onde estávamos e dali, às 19 horas iríamos jantar em um restaurante que foi fechado para nós. Faltando 10 minutos para às 19, descemos para a recepção e avisamos ao motorista que ele deveria atender aos pedidos de Thaisa visto que eu não voltaria acompanhada por eles. Logo o concierge do hotel trouxe o carro que eu havia solicitado e ao meu lado seguimos pro jantar. Nos meus cálculos eu não passaria de 20:15, ali. Eu teria em torno de 30 minutos dirigindo ainda até o hospital da USP pra esperar Rosamaria que Brait me disse que sairia às 21 horas. Tentei ser o mais social possível naquele jantar, conversei, dei risadas e me empenhei em tentar transparecer o mínimo que eu queria estar ali e não pensando o tempo inteiro na minha mulher.  Quando o meu relógio indicou que já passava um pouco das oito horas eu me levantei e com a desculpa de que não estava me sentindo bem, sai dali indo direto pro hospital da USP. Fui o caminho inteiro sem ultrapassar um sinal e nem xingar ninguém na minha frente. Estacionei o carro em uma das vagas em frente a porta de saída e olhei o relógio que marcava 20:45 da noite, logo, recebi uma ligação da Brait.

LIGAÇÃO ON

Brait: oi, onde você tá? -me perguntou e eu senti algo em sua voz-

Gattaz: acabei de estacionar aqui em frente a porta do hospital. Porque? -falei tirando o cinto e abrindo a porta pra sair-

Brait: Rosamaria acabou de ter uma briga muito feia com a Venturini aqui dentro do hospital, a cara dela não tá das melhores.

Gattaz: o que a Venturini aprontou dessa vez?

Brait: Rosa realizou um procedimento, que foi correto, mas não pelos métodos dela. Você conhece a inquerida, achou uma afronta e brigou. -bufei-

Give Water to the Wine - 2ª TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora