CAPÍTULO 45

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Voltei galera. Aviso importante, agora será um capítulo por semana. Estamos já nos play offs por aqui e eu preciso de tempo pra elaborar isso da melhor forma possível.

Continuem usando a TAG #TEMP2GWTTW e comentem muito aqui.

Beijos, até a proxima.
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Vulnerável. Foi assim que me senti. Vulnerável a todos os tipos de sentimentos e receios. Os medos que eu nunca pensei sentir afloraram e me deram ainda mais calafrios. Eu não sabia onde me segurar, as coisas pareciam a mil dentro de mim e a angústia sucumbiu o meu peito de uma forma que eu nem se quer tive tempo para raciocinar. A cada nova informação que era jogada no meu peito era um novo calafrio que se juntava ao meu ser. Naquele momento, ouvindo os momentos da pequena e curta vida da Júlia, eu me sentia impotente porque eu não sabia como ou se poderia resolver. Minha única vontade era voltar o mais rápido possível para Belo Horizonte, abraçar a Júlia e prometer que tudo ficaria bem mesmo sem ter a absoluta certeza disso. Eu queria respostas e ia profundamente atrás delas e a diretora, às vezes, não as tinha para me dar, o que me frustrava de certa forma. Buscar chegar em uma conclusão não mudaria em nada a situação grotesca que cinco crianças inocentes foram submetidas na vida de formas tão desumanas, mas eu precisava buscar algum tipo de conforto e naquele momento qualquer resposta, por mais singela que fosse, me bastaria.

Michelle: Quando Laura chegou aqui com a Júlia, nós buscamos entender mais da realidade das duas. Laura chegou a desenhar como era sua casa, inclusive, tá tudo dentro dessa pasta aí. -apontou- A psicóloga conversou muito com ela e entendeu que aparentemente ela morava nos fundos de um ferro velho, lixão, não sei muito bem, a casa não tinha nem uma porta com uma fechadura funcional e era ponto usual para todo mundo usar droga. Todas as crianças viviam nesse meio. Na época que encontraram elas no sinal -ela puxou uma folha de uma das pastas- o filho mais velho Benício tinha 15 anos, depois vinha a Laura com 11 anos, Matteo com 5 anos, Júlia com 2 e o mais novo Bernardo com 8 meses. -ela colocou a folha de volta na pasta- Temos 4 crianças nesse ciclo e apenas uma nós sabemos onde está e em quais condições.

Gattaz: 4? São 5 irmãos. -falei franzindo a testa-

Michelle: Recentemente, antes da Júlia ir de vez para São Paulo, o governo enviou uma documentação da assistência social. Os médicos daqui queriam uma rede de familiares para uma segurança caso a menina precisasse de algum tipo de doação. Como já imaginávamos, seria uma coisa bem difícil, mas o pessoal se empenhou pra trazer algumas respostas. A Júlia e o irmão mais novo não são registrados. -eu olhei- eles não possuem nem certidão de nascimento, o que nós sabemos é dos dados registrados pelos bombeiros que resgataram a Júlia. A Júlia nasceu no dia 02 de Janeiro e foi abandonada no mesmo dia. Através do histórico da Laura, que foi registrada, teve entrada e saída no hospital quando nasceu, descobrimos os dados dos 3 irmãos, Laura, Matteo e Benício. Os três mais velhos foram registrados e através do registro descobrimos que o Benício, o irmão mais velho, morreu, com 17 anos, envolvido com tráfico de drogas, era aviãozinho do PCC. -me assustei com a informação-

Gattaz: e onde está os outros dois irmãos? -perguntei nervosa-

Michelle: ninguém sabe. -me olhou- Olha Caroline eu nem deveria estar tecendo algum tipo de opinião de forma que possa te influenciar em alguma coisa, mas, eu sinto que devo. -respirou fundo e concordou- Eu fiz o meu trabalho de casa! Eu sei quase tudo sobre você e o que eu não sei, eu vou te perguntar. Você é médica, muito conceituada e considerada a melhor médica cardiologista do país. Você é vice-diretora de um dos maiores hospitais públicos do Brasil. Você é dona de uma cota parte do hospital particular Mater Dei em Belo Horizonte. Liguei pro hospital e você em breve vai ser a nova diretora da UFMG e Presidente do conselho de medicina de Minas gerais. A sua família é do agronegócio e movimenta mais da metade da economia de São José do Rio preto. -falou olhando uma folha- Acho que não precisamos discutir questões financeiras para a ingressão na fila não é? -concordei- você tem 42 anos, é solteira... -me olhou-

Give Water to the Wine - 2ª TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora