Give Water to the Wine - 2ª TEMPORADA

CAPÍTULO 36

Terminar o dia do jeito que terminou era uma das últimas coisas que eu gostaria que acontecesse. Chegamos em casa com uma Rosamaria apreensiva pela conversa, fiz ela tomar um banho, pedimos uma comidinha e logo estávamos deitadas na cama comigo sentada em sua cintura fazendo uma massagem nas costas. Eu pensei em várias formas de abordar o assunto e tornar aquilo algo mais fácil de lidar, mas, independente de como eu entrasse nesse tema, seria um problema.

Gattaz: Juju não está bem. -falei de uma vez- Brait me ligou, eu vi os exames, não tá legal. -ela se virou de frente pra mim e eu saí de sua cintura sentando ao lado dela e ela logo me olhou- acreditamos que ela tenha pegado uma infecção hospitalar mas, eu só irei saber disso mais afundo amanhã quando eu chegar lá. Ela foi transferida de quarto e está em isolamento.

Rosamaria: quando é que a gente vai ter paz nisso tudo? -passou a mão no rosto-

Gattaz: também gostaria de saber. -respirei fundo- Enfim, é o que a gente tem pra lidar agora.

Rosamaria: eu quero ir com você. -falou e eu vi uma lágrima escorrer- quero ficar perto dela.

Gattaz: você tem que ficar Rosa, é o seu futuro. E outra, não vai adiantar nada você estar lá, você não vai poder ficar com ela, ela tá em isolamento. -apertei o ombro dela- as coisas vão se ajeitar, eu prometo. -abracei ela-

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Carol não prometeu que Júlia ficaria bem, até porque, era algo que ela não tinha controle. Ela prometeu que as coisas entrariam novamente no eixo e era isso que Carol queria fazer, trazer as coisas de volta pra tranquilidade. Não tinha clima pra prosseguir a noite do jeito que Carol pretendia, elas estavam nervosas, ansiosas e pensando além do que elas deveriam, no momento. Para Carol era péssimo ter que ir e deixar a menor ali de mãos atadas sem poder fazer alguma coisa pra acalmá-la, porém, Rosamaria não poderia simplesmente jogar tudo pro ar e ir sentar em uma cadeira de hospital movida a esperança. Caroline jamais deixaria ela fazer isso.
Naquela manhã elas tomaram banho juntas sob alguns amassos bem intensos, mas que ficaram somente naquilo. Não tinha tempo, nem clima e elas estavam preocupadas demais pra pensarem em se perder uma na outra, não conseguiam desligar a mente depois das notícias sobre a Júlia.
Elas tomaram café da manhã juntas e quando bateu 9:30 no relógio, já era hora de começar a se despedir uma da outra.
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Gattaz: eu tenho que ir se não vou perder o voo. -falei me levantando e indo pro banheiro escovar os dentes-

Rosamaria: você promete que vai me ligar assim que ver ela? -falou encostando no batente da porta-

Gattaz: eu prometo meu amor -sequei a boca- fica calma -segurei no ombro dela e puxei ela pra um abraço- vai dar tudo certo! Assim que eu conseguir ter uma dimensão do problema eu ligo pra você ok? -ela respirou fundo-

Rosamaria: tá bom -me deu um selinho desanimado-

Gattaz: eu tô indo embora, é só isso que eu vou ganhar? -tentei forçar ela a me dar um sorriso e funcionou e logo ela me deu um selinho que se transformou num beijo-

Rosamaria: eu te amo, muito. -me deu um selinho- Vou sentir saudades.

Gattaz: também te amo! A gente se vê, logo, vou dar um jeito. -concordou-

Saí do apartamento da Rosa deixando metade do meu peito ali com ela. A vontade de largar tudo e simplesmente ficar era gigantesca, mas, eu tinha compromissos a cumprir e precisava fazer o que ninguém poderia fazer por mim, ser responsável e sustentar o que eu me propus a fazer. Cheguei no aeroporto resolvendo as últimas pendências que me cabia e já entrei no avião sentindo o meu coração apertado pela saudade e eu sabia que todas as vezes que eu tivesse que vir e deixar ela pra trás eu ia viver a mesma sensação.
Cheguei em Belo Horizonte e diferente de todas as outras vezes, eu fui uma das primeiras a levantar e me dirigir a saída da aeronave ansiando chegar rapidamente no hospital. Nem me preocupei em ir em casa pegar o carro pra depois ir pra UFMG, com mala, mochila, bagunça eu fui direto pro hospital, precisava ver Júlia e precisava JÁ.