CAPÍTULO 43

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Se alguém me xingar é 5 anos de azar.

Podem comentar muito aqui e na TAG eu quero muito saber o que vocês pensaram.

Beijos até a próxima! #TEMP2GWTTW
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ROSAMARIA MONTIBELLER ON

Estava andando apressada pelos corredores internos do hospital da UFMG buscando um fôlego que parecia não existir. Eu tentava enxergar um pouco mais a minha frente, mas era sempre um problema devido a vista embaçada que se dava por conta do choro eminente e das lágrimas. Eu ficava a cada segundo um pouco mais desesperada buscando não acreditar que aquele fato era real. Encontrei a Priscila no corredor e ela andava de pressa com algumas bolsas de sangue e seu jaleco estava todo sujo de sangue escorrido e eu olhava pra ela em desespero.

Daroit: você não pode ficar aqui! Quem te autorizou a estar aqui? -falou tirando a luva- Rosamaria por favor.

Rosamaria: eu preciso saber dela! Eu preciso saber agora Priscila. -eu chorava desesperadamente-

Daroit: Caroline está fazendo o possível, eu tô tentando ajudar, a Thaisa está lá, por favor saia daqui agora! Eu não posso ficar aqui com você. -vi Sheilla no final do corredor e ela veio em minha direção-

Sheilla: Rosa vem comigo. -segurou meu braço e eu me debati pra ela poder me soltar-

Rosamaria: esse sangue é dela não é? -falei com a Priscila-

Daroit: eu sinto muito! -ela me olhou- eu tenho que ir.

...

Sentada no chão em meio ao corredor que dava acesso ao centro cirúrgico, foi o máximo que consegui me aproximar daquele corredor. A angústia que morava no meu peito era indescritível, e permanecer ali sem uma informação era uma tortura. Eu, como médica, nunca havia passado pela sensação de estar no lugar de quem espera sentado numa cadeira fria de hospital agarrado a uma esperança que somente, a pessoa, sabe o quanto é difícil obter. As horas pareciam eternas, eu tinha a sensação que os ponteiros do relógio eram segurados e travavam os minutos que eu aguardava que passassem de pressa. Eu continuava ali sentada no chão, chorando, sem um apoio, sem um abraço, porque a mulher que poderia ao menos me acalmar estava dentro do centro cirúrgico tentando de todas as formas salvar a Júlia. A coisa estava tão feia ao meu ver, que, Priscila e Thaisa tiveram que abandonar as suas especialidades e apoiar Caroline dentro daquela sala. De repente vi Thaisa aparecendo através da porta de vidro completamente suja de sangue, tirando as luvas e puxando a roupa descartável e jogando fora. Ela passou por mim e automaticamente eu me levantei do chão seguindo ela rumo a emergência, até a recepção.

Thaisa: eu quero que coloque a paciente Júlia Kudiess na lista de transplante AGORA! -falou afobada- procurem em todos os hospitais, regiões próximas, não me importa, mas eu preciso de um coração RÁPIDO. -falou-

Rosamaria: Thaisa. -chamei ela já chorando-

Thaisa: agora eu não posso. -falou andando de volta pro centro cirúrgico-

Rosamaria: eu preciso... -ela me olhou novamente-

Thaisa: agora não dá Rosamaria, ela tá morrendo! -falou me olhando rapidamente e saiu andando me deixando ali sem saber pra onde ir-

Eu respirei uma, duas, três vezes. Senti minhas pernas bambear e meu coração simplesmente acelerar. Parecia um carro de corrida ansioso pra chegar na linha de chegada, porém o prêmio não era nada bom. Sentei novamente no mesmo lugar com as pernas encolhidas e cabeça entre elas tentando por um segundo, não me deixar levar pela sombra negativa que pairava sobre os meus ombros. E eu fiquei ali, na mesma posição, deixando as lágrimas preencherem o meu ser por horas. Horas que eu não saberia dizer quantas foram. Tive a presença de Sheilla, de Macris, Léia. Tentaram me levar a todo custo. Tentaram me reerguer ou simplesmente me fazer tomar água. Tentaram de todas as formas devolver um pouco da vitalidade que já não me abraça mais como todos os dias. Eu não sabia dimensionar a quantidade de tempo que eu estava ali, mas notei que Léia havia aparecido de roupa trocada, novamente, tentando me motivar a viver. Implorei que me deixasse ali e informei que somente me retiraria quando eu tivesse notícias, sejam elas quais forem. Tempo depois, muito tempo depois pra ser mais exata, eu vi a figura de Caroline se materializar no corredor, vi sua expressão cansada e um rastro de sangue ser deixada na parede por sua mão que se encostava nela. De repente, pareceu que Caroline havia perdido as forças e ela caiu no chão chorando em total desespero, procurando ar e logo Thaisa e Priscila foram pro lado dela a segurando e abraçando. Aquilo foi a notícia que eu não queria receber, mesmo não tendo sido exposta em palavras. Ver a minha mulher como uma criança acuada no chão chorando copiosamente, me fez simplesmente esquecer de todo o protocolo e recomendações e invadir o corredor sem pensar duas vezes. Ela me olhava de forma assustada enquanto chorava e eu não sabia se prestava atenção naquilo ou no sangue por todo o seu avental e luvas. Ela balançava a cabeça de forma desesperada e me olhava como se eu pudesse devolver o ar pra ela, mas eu não podia.

Give Water to the Wine - 2ª TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora