𝑀𝑒𝑙

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𝑁𝑖𝑘𝑜𝑙𝑎𝑦

Eu estava consciente de que havia uma linha que não era seguro transpor. Uma linha imaginária que queimaria até os meus ossos se eu ousasse ir além do que era permitido dentro da nossa relação de patrão-funcionária. Todavia...

Melina me encarava com as sobrancelhas arqueadas e os lábios entreabertos. Eu contei mentalmente até dez para aclarar minha própria mente e procurar forças para me afastar, porém não era fácil ignorar como seria muito mais prazeroso simplesmente cair nos braços daquele desejo que me puxava sempre que eu estava perto dela.

Prazeroso... Prazer era a palavra aqui.

Aquela mulher de olhos felinos e língua afiada me fazia desmanchar em ondas de cobiça. Eu nunca quis tanto na minha vida estar com alguém, — em todos os sentidos. Correr meu nariz por seu pescoço e descobrir a origem daquele cheiro que impregnava meu olfato sempre que ela estava comigo.

— Eu tenho namorado. — Ela empurrou aquelas palavras para fora como se elas fossem algum tipo de colete à prova do meu desejo. — E eu o amo.

— Eu não me importo com ele e nem estou falando de amor. — Abaixei um pouco a cabeça para que ela me escutasse melhor. — Preciso ser sincero com você, Mel.

Notei que ela prendeu a respiração, mas se manteve concentrada no meu rosto.

— Como assim?

— Sinto uma atração fodida por você como não acontecia há muitos anos. E não, não estou dizendo isso para te deixar acuada ou coisa do tipo, porque eu jamais faria algo que você não quisesse, mas se estou falando é porque eu quero que saiba que eu não vou me importar com nada se um dia você cogitar me querer.

— Nikolay...

— Eu não quero o seu coração, porque eu também não tenho um coração para te oferecer. Pode continuar amando o seu namorado. Mas o resto do meu corpo será seu quando você quiser. Só precisa me prometer uma coisa.

— O quê?

— Prometa para mim que independente do que aconteça nada mudará.

Melina hesitou e tomou distância, fazendo-me soltar seu casaco.

— Nada vai mudar mesmo, Nikolay, porque eu jamais trairia o meu namorado. Eu o amo, já falei!

— Sexo e amor nem sempre andam em dupla.

— Para mim é assim.

— É uma pena, então. Porque eu não preciso ser um gênio para saber que pela cara que você fez quando sugeri a viagem, você ficou temerosa pela reação do tal cara. E se ele te faz ter medo, então além de ser um cuzão, ainda é um inseguro de merda. E olhando para você eu sei que merece mais do que um namoradinho medíocre.

Pela expressão de choque na cara dela eu sabia que tinha ido além do que deveria. Recuei dentro da minha insignificância diante daquilo, mas não pedi desculpas por ser sincero. Apenas a deixei em paz e fui em busca da minha.

Se Melina desejava deixar tudo como estava, então não seria eu a mudar isso.

𝑀𝑒𝑙𝑖𝑛𝑎

Não troquei nenhuma palavra com Nikolay até estarmos de volta na mansão. Ou melhor, nem mesmo quando chegamos eu olhei para a cara dele.

Eu nem sabia como me sentir. Parte de mim queria desistir daquilo e sumir da vida daquele homem. Com que direito ele me disse aquelas coisas? Quem ele pensava que eu era? Dane-se sua atração e sua boca cheia de palavras ardilosas e seu corpo grande e seus olhos perturbadoramente azuis e sedutores...

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