𝑉𝑖𝑑𝑒𝑜

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𝑁𝑖𝑘𝑜𝑙𝑎𝑦

É sábado e eu sei que ela não virá, mas mesmo assim espero ouvir a campanhia tocar. Contudo, não acontece. Claramente Melina tem mais o que fazer. Sem contar que prometemos que tudo ficaria igual, e esses pensamentos não cabem nessa situação.

Por isso empurro para o mais longe que posso as lembranças do dia anterior e me arrumo após o banho. Ela pode estar de folga, mas eu não.

— Senhor, o carro já está pronto. — Conrado me diz assim que entro na cozinha.

Pego o suco que Clarice preparou para mim e dou um gole generoso, depois devolvo o copo para a mesa.

— Hoje não é aniversário da sua filha? — Pergunto ao meu motorista.

Ele se empertiga surpreso, mas assente rapidamente.

— Sim, senhor. Quinze anos! Está uma mocinha, e eu estou ficando velho.

A emoção na voz dele fez com que Clarice e eu acabemos rindo.

— Então o que está fazendo aqui? Só se faz quinze anos uma vez. Vá para casa.

Os olhos dele se arregalam tanto que penso que vão pular da órbita. É até engraçado como esse povo pensa que eu sou realmente esse tal de príncipe de gelo que a imprensa tanto fala.

Digo, eu sei que não tenho sido uma pessoa fácil nos últimos anos, mas ainda me resta algum traço de bom senso.
E um pai que ama sua filha é algo que nunca passará em branco para mim, porque eu sempre esperei que o meu pai me amasse, por mais que isso já tenha ficado para trás.

— O senhor tem certeza? Mas os seus compromissos...

— Conrad, eu ainda sei dirigir. Além do mais, não sugeri que você fosse embora, isso foi uma ordem. Portanto, obedeça. Vá ficar com a sua família.

— Muito obrigado, senhor. Obrigado, de verdade!

Pego meu suco e dou outro gole enquanto aponto para a saída, incentivando-o a ir de uma vez.

E tão logo ele se vai, Clarice se vira para mim.

— A filha dele ficou muito feliz com o presente que o senhor deu.

— Eu não fiz nada.

— Eu sei que sou apenas uma empregada, mas eu te vi crescer, hein, então não comece com esse joguinho.

Levo meu copo até ela e afago seu braço.

— Quem escolheu foi você, então o presente foi seu. — Digo com firmeza. — Até mais tarde.

Apanho as chaves do carro e vejo meu pai descendo as escadas, porém, fujo de suas saudações falsas e vou embora.

Tenho mais o que fazer do que perder meu tempo com ele.

Estaciono na frente do hospital, mas não desço de imediato. Ainda segurando o volante, observo todo o entorno. Sei que não há repórteres na região, porque o hospital está em uma redondeza bastante segura e vigiada, mas mesmo assim hesito. E não sei se é medo do inferno que a imprensa faria se me visse ali do nada ou do que o doutor tem a dizer.

Para as duas coisas, acho que não estou pronto.

Contudo, desço do carro e vou até o prédio, empurrando a porta da frente com as duas mãos.

Vejo a recepcionista de sempre e ela imediatamente diz que o médico já está me esperando.

— Vou acompanhá-lo, senhor Ivanov.

Prometa Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora