𝐸𝑢 𝑡𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑛𝑑𝑜

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Nikolay estava irredutível.

Eu não conseguia parar de pensar naquela crise dele, no entanto, o filho da mãe estava convicto no tratamento que fazia e não deu o braço a torcer quando pedi que ele repensasse.

Cheguei a questionar se o comitê olímpico aprovaria seu ingresso na competição naquelas condições, mas sua resposta foi uma simples explicação de que estava tudo nos conformes, e que se precisasse passar por algum teste, ele faria.

Mas isso não entrava na minha cabeça.
Porém, também não quis pensar que ele burlaria as regras para participar das olimpíadas. Não era possível que ele fosse tão irresponsável.

— Estou confiando em você, ouviu? — Eu tinha dito. — Vou acreditar que você está sendo sincero sobre tudo isso e que não se colocará em risco.

— Eu prometi, não prometi? — Rebateu com o rosto perto do meu e capturou os meus lábios em um beijo que silenciou um pouco as minhas preocupações, mas apertou o meu coração.

A ideia de perder Nikolay me deixava quase sufocada.

Desvencilhei-me dele e avisei que ia preparar algo para que ele comesse. E praticamente o obriguei a ficar ali deitado, muito embora eu soubesse que isso não demoraria tanto, afinal, ainda estamos falando do Príncipe de Gelo mais cabeça dura do Canadá.

— Não demoro. — Avisei, agachando para pegar minha bolsa.

Deixei meu casaco sobre a cama dele e pendurei a alça da bolsa no ombro, saindo do quarto em seguida.

A minha cabeça ainda tentava se organizar depois de tudo aquilo quando cheguei ao andar de baixo e dei de cara com a senhora Ivanov bebericando uma xícara de chá e andando de um lado para o outro com um tablet branco na mão.

Um tanto quanto receosa de incomodá-la acenei brevemente e já ia para cozinha quando ela me chamou.

— Querida, eu fiquei sabendo sobre o seu namorado. Sinto muitíssimo!

Ela deixou a xícara e o tablet sobre a mesinha e veio até mim, abraçando-me.

Apesar de muito tensa, acabei cedendo àquele carinho.

Chloe tinha uma doçura que rendia o meu coração.

— Muito obrigada, senhora.

— Achei o seu namorado um rapaz tão gentil e doce. Foi uma pena tudo isso ter acontecido. Mas como vocês estão? Porque sei que isso também reverbera em quem está ao lado, não é? Não é nada fácil.

— O Killian está bem. Ele começou um tratamento com a psicóloga e, bom, eu estou bem também. A gente vai assimilando aos poucos...

— Compreendo. Mas saiba que você não está sozinha, ouviu? Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas pelo modo como você soube domar a fera que é o meu filho, eu já sei que o seu coração é bom. E admiro isso.

Ri e abanei a cabeça.

— O seu filho é uma boa pessoa. Ele só precisa de tempo para demonstrar isso.

— Ele é mesmo. — Seu sorriso se derreteu como uma boa mãe coruja que era. — De todo modo, eu não quero te atrapalhar. Acredito que vão sair em breve, não é?

— Na verdade, hoje o Nikolay vai ficar em casa. Ele está um pouco indisposto.

— Meu filho está doente?

— Não, calma. Ele... ele ainda está cansado da viagem. Foi uma mudança brusca de fuso-horário e o cansaço não passou, sem contar o sono acumulado. Enfim... — Pigarreei sentindo-me péssima por mentir ainda mais para ela.

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