— Como assim, Melina? Que porra deu em você?!
Joguei as mãos para cima e saí de perto dele.
Era lógico que eu queria parar com isso tudo, afinal, para inicio de conversa, nunca esteve nos meus planos fazer essas coisas. Eu fiz por ele. Eu fiz porque parecia correto ajudá-lo. Mas isso não queria dizer que a minha meta fosse passar a vida a mercê de trapaças.
Contudo, se pararmos nesse momento, se nós formos embora...
Meu Deus! Eu não posso. Agora eu não consigo.
— Melina, olha pra mim. O que está acontecendo?
A contragosto eu me virei. Killian me fitava com as sobrancelhas franzidas. Eu quis dar meia-volta e ir embora, porém, do que adiantaria fugir agora?
— Não aconteceu nada. Apenas eu não posso fazer isso.
— Eu pensei que você quisesse parar.
— E eu quero! É óbvio que eu quero, só que você... Killian, você precisa se tratar. O que aconteceu ontem foi terrível. Assustador. E eu não quero que aconteça novamente. Nós não podemos simplesmente ir embora.
— Tem médico em qualquer parte do mundo. — Rebateu se levantando. — Eu posso me tratar aqui ou no Japão. Não interessa.
— E o que me garante que quando nós formos embora você não vai mudar de atitude?
— Eu estou prometendo, Melina.
— Você me prometeu que nunca mais me machucaria, mas machucou. — Ergui minha mão enfaixada. — Como eu posso continuar acreditando nas suas promessas se você as quebra?
— Gata...
— E toda a vez que uma promessa sua é quebrada, uma parte minha também é. Às vezes eu nem sei se ainda há muito de mim, Killian, porque o tempo inteiro você destrói um pedaço do que eu sou. E se fizer isso de novo...
— Eu já pedi desculpas.
— E eu ouvi! Porra, eu sempre ouço! Eu ouço o tempo inteiro, mas alguma coisa acontece entre as suas palavras e as suas ações, porque elas não se conectam. E cansa, Killian. Puta merda! Cansa demais!
Quanto mais eu falava, mais coisas surgiam na minha cabeça. A minha sinceridade soava brutal até aos meus ouvidos, contudo, não consegui frear.
Eu estava tremendo e as palavras saíam repartidas e engasgadas, mas, ainda assim, pareciam lanças afiadas.
E toda a vez em que essas lanças feriam Killian, elas me feriam também.Não tinha como sair ilesa de um amor que machucava tanto.
Killian era a adaga que eu enfiava em mim e que revirava as minhas vísceras. Ele estava cravado em mim assim como o amor que sentíamos um pelo outro. Só que toda a vez em que remexíamos nessa adaga, ela fazia sangrar. E nós dois já estávamos feridos demais.
— Você está deixando de me amar. — As palavras abandonaram a boca dele e ficaram suspensas no ar enquanto nós absorvíamos o peso delas.
Eu o vi emudecer ao me encarar, talvez esperando que eu tomasse a frente e dissesse algo, mas eu não consegui.
Sim, eu o amava ainda. Mas não, eu não estava conseguindo dizer isso em voz alta.
O choro que subia pela minha garganta entalava a minha voz.
— Quando isso começou a acontecer? — Killian indagou. Sua forma de falar era dura e até um pouco ríspida, em contrapartida uma lágrima escorreu por sua bochecha. — Em que momento eu perdi você?
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Prometa Para Mim
RomanceUm patinador de gelo conhecido por seu péssimo gênio está precisando de uma assistente pessoal e essa vaga cai como uma luva para a golpista mais sorrateira do país, a bela Melina Clarke. Só que o que Melina não sabia era que conseguiria algo muito...