𝐴𝑔𝑟𝑖𝑑𝑜𝑐𝑒

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𝑁𝑖𝑘𝑜𝑙𝑎𝑦

— E então, você me quer?

Ah, Melina...
Mas que pergunta que você me faz!

Cruzo os braços bem rentes ao peito e aperto os lábios para conter o sorriso sórdido que quer pular deles, porque sei que não devo romper certas barreiras.

— A pergunta deveria ser se você me quer, afinal, foi você quem deixou o trabalho.

Sua boca se entreabre, mas ela parece desistir de me dar uma de suas respostas atravessadas. Isso me frustra um pouco. Eu estava começando a me acostumar com sua petulância.

— Poderia dizer sim ou não? Eu preciso do emprego, Nikolay.— Retruca com impaciência e cruza os braços também, empinando o queixo em seguida.

Melina é linda. Puta merda, linda pra caralho!

Gosto de tudo nela. Gosto desde a primeira vez em que seus olhos pousaram em mim, e os meus, sobre ela.
E parece uma imprudência danada gostar tanto de alguém que não conheço. Contudo, a atração física é sorrateira e te enrosca nas cordas do desejo rápido demais.

E não é trabalho algum admitir que estou completamente atraído por ela. Atraído o suficiente para precisar desviar o olhar para respondê-la.

Olhá-la por muito tempo é como tentar admirar o sol; não é seguro, principalmente para quem escolheu se esconder por trás do gelo.

— Sim, Melina. — Digo, e em um momento de fraqueza, não resisto e a olho. — Eu te quero.

Sua respiração sai alta e pesada, mas ela sorri aliviada, e imediatamente sinto o famigerado calor do desejo escalar o meu corpo como uma cobra venenosa.

— Obrigada por me readmitir, mesmo que... Bom,  o culpado da minha demissão foi você mesmo, afinal...

— Já vai começar com os desaforos?

Ela aperta os lábios e enrusbece. Sua pele negra é linda e parece macia. Imagino como deve ser percorrer seu pescoço com o nariz, inalando o perfume que costuma preencher todo o ambiente quando ela chega.

— Acho melhor eu ir... cuidar de... Quer dizer, o que vamos fazer hoje?

Umedeço os lábios e desvio o olhar. Preciso fazer meu cérebro lembrar de suas funções básicas antes que eu me torne um imbecil.

Melina é claramente inteligente e astuta, e eu admiro isso. Admiro também sua força e gana. É difícil existir tantas qualidades em uma pessoa só. E acho que isso só aumenta a minha atração. Isso a torna um imã que me puxa de um jeito terrivelmente difícil de evitar.

E eu preciso evitar. Preciso muito. Melina é minha funcionária, e eu lhe devo respeito. Há limites. E por mais que tudo em mim a queira, não posso dizer que é recíproco. Está claro que a minha assistente me detesta.

E talvez tenha razão.

É até preferível assim. Parece mais saudável dessa forma.

— Hoje eu vou ficar por aqui mesmo. — Falo. — Pode organizar a minha agenda de amanhã lá no meu escritório. E ligue também para o Arseny. Ele esqueceu de me mandar alguns vídeos das outras competições.

— Certo.

— E...

— Sim?

Meus olhos recaem sobre seu rosto e vão se perdendo naquela face bonita. Imagino como deve ser o sabor daquela boca, a textura daqueles lábios....

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