𝑅𝑖𝑛𝑞𝑢𝑒

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{Aviso de Gatilho: tentativa de suicídio.}

Acho que eu nunca vi o rinque tão movimentado. Tinha gente de todas as idades e para todos os lados. A maioria ocupava a pista de patinação, já outros estavam batendo papo nas arquibancadas. Alguns — os adolescentes — ouviam música e treinavam passos entre as fileiras de cadeiras da parte baixa da arquibancada enquanto os amigos assistiam hipnotizados. A energia era caótica, mas boa.

Eu me espremi por entre algumas pessoas e me aproximei do muro que rodeava a pista. Uma música eletrônica explodia através das caixas de som e fazia com que todos precisassem falar alto.
Do outro lado os corredores que levavam aos vestiários estavam atravancados pelas filas que se formavam até o balcão da lanchonete.

Espiei o entorno com outros olhos.
As luzes acima de nossas cabeças eram fortes e o teto com vigas expostas dava uma sensação bacana de modernidade. E se não estivéssemos todos afundados em nossos casacos por causa do frio, com certeza estaríamos afoitos com tantas distrações.

— Não tem mesmo como trocar essa porcaria? — Uma voz melódica, porém mal-humorada falou e eu me virei para olhar quem era.

Estreitei os olhos por cima do ombro de um homem que observava a pista e vi a dona da voz. Imediatamente meu sangue ferveu e senti meu rosto esquentar. Era a tal de Alyssa que estava reclamando com um cara por causa da música que tocava.

— Eu sinto muito, senhorita, mas não podemos fazer nada quanto à música.

Do que aquela vaca estava reclamando? A música era ótima! Eu me lembrava vagamente de já tê-la ouvido, e embora não me lembrasse do nome exatamente, eu sabia que era de um produtor chamado ILLENIUM. O cara era dos bons. Essa Alyssa é uma bruxa chata mesmo, isso sim.

— Parece que os meus ouvidos vão explodir! — Ela continuava resmungando. — Vai, me passa o meu fone. Eu não vou ficar ouvindo essa merda o treino todo.

O pobre rapaz correu até a bolsa dela e pegou o que ela pediu, depois a entregou e a infeliz configurou o próprio celular, escolhendo a música que queria ouvir.

E eu sabia que nada tinha a ver com isso, porém, escorreguei um pouco para o lado, bem perto de onde a vaca estava.

Ela girou suavemente como uma pluma e respirou fundo, preparando-se para continuar, contudo, seus olhos esbarraram em mim.
Ela me reconheceu.

E tive mais certeza ainda quando a criatura sorriu e veio em minha direção, agarrando a beirada do murinho.

Encarei suas mãos e depois seu rosto.

— Você é a empregada do Nik, não é? Qual o seu nome mesmo...? Hum... espera, eu vou lembrar.

— Eu sou assistente dele. — Falei e empinei o nariz. — E me chamo Melina Clarke. Por acaso precisa de algo? Posso repassar algum recado, porque até onde eu sei o meu chefe não quer contato com a senhorita.

Alyssa sorriu de um jeito nada simpático. Na verdade, seus olhos me fitaram de baixo para cima. Ela tirou o fone e deitou a cabeça um pouco de lado, tentando forjar uma candura que claramente não existia.

— Então ele fala tanto sobre mim assim? Nikolay é tão sentimental às vezes!

— Engano seu, ele nunca falou da senhorita. Apenas deduzi que ele a quer longe pelo modo como ficou irritado com o vídeo que fizeram mais cedo de vocês dois. — Cheguei mais perto dela. — O Nik é um homem muito temperamental, especialmente se o associam a algo que ele tem extrema repulsa.

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