Não, eu não morri! Kkkkkk
Boa leitura.
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Ainda que houvesse pedido, ao menos tentado fazer isso quando mandara a mensagem que deixava claro sua necessidade por ajuda, Anita se questionava profundamente naquele momento. Os olhos castanhos de Olga a fitavam como se pudessem lhe despir, e não exatamente em relação a suas roupas. Se conheciam bem demais para cerimônia ou meias conversas em relação aquela assunto, ainda mais quando Ribeiro havia sido tão categórica em sua pergunta.
Um gole fora dado na caneca de café preta, fazendo com que os lábios de Berlinger se apertassem momentaneamente. O amargo do café se assemelhava ao amargo de seus sentimentos.
────O marido dela sabe de nós duas, ela foi embora comigo na noite em que ele descobriu e agora recebe flores dele como se isso não fosse um problema. ────Queria muito dizer que era o café que amargava sua boca por completo, mas o ciúme fazia isso bem melhor.
Sua frase se findara com um sorriso e um levantar de sobrancelha por parte da outra mulher. A loira viajara por segundos, repousando os olhos azuis sobre a figura de Verônica de costas, engolindo seco. Seus sentimentos eram conflitantes, e ela mal conseguia organizar suas ideias para desaguar no que queria exatamente. Paulo lhe incomodava, a informação que ainda possuía sobre ele, escondida de Verônica, era como um cão dos infernos a lhe atazanar. Tudo naquela história lhe fazia sentir um peso imenso no coração, e sobretudo em sua mente. Nem mesmo os afagos de Torres estavam conseguindo lhe manter longe de seu pior inimigo: seus pensamentos.
────Você ainda tenta, não é?! Se fazer de durona, com uma pose impenetrável, quando qualquer um que olha para você vê seu visível e gritante desconforto! Quer ela para você... Mas tem medo de que ela não te queira de volta na mesma intensidade, lhe incomoda... Sempre lhe incomodou, Anita. ────Olga sorrira com parcimônia, bebericando o café. ────Desde aquele dia no estacionamento... Os seus olhos mirando ela de longe... Anita você gostava dela antes mesmo disso tudo ocorrer! ────A postura da mulher se tornava um tanto inflexível a medida que seu maxilar travava.
O jeito de lidar com as emoções, memórias e sutis incomodos por parte de Anita sempre fora extremamente particular. Talvez os anos naquela delegacia houvessem endurecido sua postura para o mundo, mas em seu interior como ela sabia melhor do que ninguém, ainda por vezes se assemelhava a Anita de antes. Os olhos azuis nunca mentiam ou se escondiam, eram incapazes ainda que seu corpo todo fizesse o contrário com maestria.
As mãos da delegada naquele momento estavam inquietas, seus dedos por vezes se cruzavam, ao mesmo tempo em que viajavam para superfície plana e fria de sua mesa. Olga Ribeiro tinha o incrível dom de deixa-la daquela forma, pois lhe dizia o que ninguém mais tinha a coragem de dizer. Anita a amava e destestava por isso, e tal fato nunca mudaria. Uma respiração profunda e seus olhos rolavam, mostrando a outra mulher sua tentativa mais do que falha de desviar da afirmação.
────Aquele dia me causou problemas, e agora você revira o passado sem necessidade alguma! Aonde quer chegar, Olga? ────A mulher cuja pele brilhava sob a luz artificial da sala sorrira largamente, fitara o chão por segundos contados a dedo e voltara a encara-la.
────Para quem não gosta de revirar o passado, você está presa no passado de Verônica! ────Em vista da profissão, ela sempre sabia onde tocar afim de tirar o esparadrapo de uma ferida que não se curava para acelerar o processo. ────Você está borbulhando, ao ponto de entrar em erupção a qualquer momento, e convenhamos... Nós duas sabemos como você fica quando isso acontece, não é bonito de se ver. ────O corpo bem delineado e cheio de músculos visivelmente tensionados de Anita Berlinger entrava na mais perfeita defensiva.
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Under a secret | veronita fanfic
FanfictionQuantos segredos São Paulo era capaz de guardar sob suas luzes coloridas e prédios bem apessoados? O casamento de Verônica e Paulo sempre fora sinônimo de harmônia para quem quer que tivesse o prazer de cruzar o caminho dos dois, uma paixão avassal...