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Naty,

Até que a tal Silavana é legal, ela é risonha e educada, nos contou que toma conta dos pais e que nunca se casou. Eu acabei sendo obrigada a entrar na conversa para não morrer de tédio. Ela buscou uma cerveja pra minha mãe e refri para Ester e pra mim.

-Então você teve seu filho bem jovem...-Minha mãe parece bem interessada na história de vida da mulher.

-Sim, o pai do Bruno era um galinha, muito bonito, sabe? Mas também muito canalha! -Silvana ri de si mesma,  como se não sentisse mágoa nenhuma do homem, que pelo que ela disse não assumiu o filho e a abandonou grávida.

-Eu era apaixonada por ele na época...-Ela sussurra e olha na direção da porta dos fundos, parece que conferindo algo. -O Bruno não pode ouvir, ele odeia que fale do pai. Mas eu era muito apaixonada porque o homem sabia ser bonito, ele tinha os olhos meio verdes, meio azulados, não dava pra definir a cor. Ele dizia que os olhos da mãe eram verdes e do pai dele azul, e que por isso o dele era daquela cor indefinida. -Ela arqueia as sobrancelhas, cruzando as pernas. Ela é bem jovem e bem bonitona, nem parece ser mãe do tal Bruno.

-Ele tinha uma condição de vida muito boa, era filhinho de papai e sempre subia o morro pra comprar drogas. Estudava advocacia, mas nem levava os estudos a sério. Ele só queria cheirar pó e comer o máximo de mulher possível. -Quando ela fala isso, minha mãe arregala os olhos e sorri sem graça. Nós não somos acostumadas a falar esse tipo de coisa em casa, minha mãe é bem conservadora nesse quesito, ainda mais perto da Ester.

Eu dou risada e quase cuspo o refri no copo, quando a Ester me olha assustada.

-Ah, desculpa, eu sou meio desbocada. -Silvana se toca e minha mãe fica vermelha. -O Bruno é idêntico ao pai, cuspido e escarrado. Até na safadeza, todo dia tem mulher na minha porta chorando, porque ele pega uma aqui, outra acolá e não assume nenhuma! -Ela parece revoltada com isso e agita as mãos, enfia os dedos nos cabelos( Ela tem um cabelo preto, comprido), jogando a franja pra trás. Minha mãe bebe mais um gole de cerveja, e posso até adivinhar o que ela está pensando: "O que eu estou fazendo aqui? "

-E você não soube mais nada dele? -Minha mãe pergunta, talvez ela esteja mesmo interessada porque ama uma fofoca.

-Não, nem quis também...Sofri muito quando ele me largou e se não fosse meu irmão e meus pais, nem sei como teria conseguido criar o Bruno. Meu irmão foi o pai dele, ele tratava o Bruno como filho e é por isso que o Bruno odeia o Marreco. -Eu paraliso ouvindo ela mencionar o nome do Marreco. Se não me engano, esse é o cara que me sequestrou, amigo ou...não sei o que ele é da Aline. Sei que ela me pediu o número do Farinha porque queria falar com esse tal de Marreco. Ela não me contou direito, mas eu acredito que ela tem algum lance com ele. Eu não cheguei a ter tempo de conversar direito sobre o assunto com ela, mas vi como ela estava abalada naquele dia em que tivemos que dormir no PPG, ela me disse que era por causa da moça que tinha caído na piscina e bla bla bla, mas eu sei que tinha algo a ver com esse Marreco. Ela estava com meu pai, mas eu considerava a Aline mais que uma "madrasta", ela para mim era minha amiga e eu jamais a julgaria. Ainda mais conhecendo o pai que eu tenho.

-Aah...e esse Marreco, quem é? -Minha mãe é bem curiosa.

-É o frente da Rocinha, um filho da puta que matou meu irmão na covardia. -Mais uma vez a Ester me olha com os olhos arregalados e eu passo o braço pelo ombro dela, deitando sua cabeça na minha barriga.

-Desculpa, gente...eu falo demais! Mas, vamos comer carne? Vou buscar pra gente! -Silvana se levanta.

-Eu busco, pego pra você! -Afasto a Tete do meu colo e me levanto. Acho que tem alguma coisa acontecendo e preciso tentar saber o que é. Sinto que essa história do Marreco e do Bk, tem alguma coisa a ver com meu pai estar aqui.

Love na Rocinha 2 (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora