21

38 1 0
                                    

Bk,

Na hora do almoço parto pra casa. Mesmo querendo evitar minha mãe, o rango dela me pega forte. Gosto muito!

Assim que entro, escuto uma voz feminina diferente e já tenho vontade de dar meia volta e vazar, porque penso que pode ser uma das mina que pego e nem tô afim de papo hoje. Mas quando entro em casa, percebo que a voz vem da cozinha, seguida da voz da minha mãe, mas não é de nenhuma das minhas, é da outra...Naty.

O polícial veio de papinho gostoso ontem, sobre eu manter distância da filha dele, mas eu passei logo a visão que aqui na minha favela quem manda sou eu e que não recebo ordem de verme, ainda mais miliciano safado. Faço o que eu quero. Deixei claro, que não é pra ele confundir minha boa vontade com amizade ou qualquer outra coisa, que não confio nele. Mas tô de boa em relação a garota, é gostosinha e tudo, mas mulher gostosa tem de monte aqui na favela. Só pego mina top e beleza não me emociona, igual emociona a muitos por ae. Curti a mina, achei gatinha, mas tô ciente que do jeito que ela parece ser patricinha, nojentinha, também não iria render moral pra mim. Que se foda, mulher é o que não falta e, uma a mais uma a menos, nem faz diferença. Não tô dando conta de administrar nem as minhas, tô tranquilo de mais caô.

Dei uma bola fora ontem, mas eu ia lá saber que a mina conhecia a tal Aline? Sei nem qual rolo é do pai dela com essa Aline não, mas sei que a mina ficou baladona com a situação. Porra, minha mãe tinha que convidar a garota pra vir aqui? Tô até vendo ela virando amiga da garota, faz amizade com as novinha na maior facilidade. Vou tá dando o papo nela depois, não é bom tá trazendo ela aqui, pode dar errado essa porra. Até porquê também, eu sou homem né...Meu insistindo é esse, mesmo não querendo, quando tu tem a presa ali toda indefesa na tua mira, tu ataca e jaé.

Vou entrando de fininho pelo corredor, sentindo o cheiro bom do rango e brocado de fome, mas nem vou na cozinha, tô de boa...

-Bruno, filho? -Escuto minha mãe chamar e olho pra trás. Ela tá parada na porta da cozinha e a garota atrás dela, com os olhos tímidos, mas ao mesmo tempo cheia de marra. Toda marrenta essa garota, deve ser acostumada a ter geral rendendo pra ela. Mas se ela tem a marra dela, eu tenho a minha também e é isso.

-Eae? -Fecho a cara.

-Eae? Não vai cumprimentar a Natália? Que educação é essa ? -Minha mãe faz uma expressão me repreendendo, disfarçando pra garota não ver.

-Eae, Natália, suave? -Jogo a cabeça pra ela, que sorri fraco e diz um "oi" sem ânimo.

-Vem almoçar, já está pronto. -Minha mãe se movimenta, mostrando que está indo pra cozinha, mas quando me ouve, para.

-Tô tranquilo...mais tarde eu como. -Viro as costas e sigo pro quarto dos meus avós, antes de dar mais uma encarada na cara de bunda que a garota está. Porra, odeio esse tipo de mina que se acha porque é da pista, deve ter crescido na bolhinha dela, achando que a vida é cor de rosa. Até que ontem, devido ao álcool na mente, eu fiquei na intenção, mas não sou de ficar pagando pau pra marra de mulher não. Tenho minha postura, meu ego, rendi até demais.

Entro no quarto dos velhinhos e eles estão na mesma posição de quando sai: minha avó na cama e meu vô sentado na poltrona. O ar ligado e estão vendo tv.

-Oi, meu alemão! Já almoçou? -Minha vó estende os braços e eu tiro a pistola e o rádio, deixando sobre uma cômoda que tem ali, antes de me jogar em cima dela.

-Tô sem fome...-Resmungo, com a cara enfiada no pescoço dela. Porra, me amarro em ficar deitado de boa com minha vó.

-Tá nada, te conheço...-Ela fica mexendo no meu cabelo, com as mãozinhas trêmulas e frágeis. -É por causa da garota, né ? É mais uma das suas? -Meu vô se vira e olha pra mim, eu dou risada porque é como se ele dissesse com o olhar "Esse é meu neto, não nega a raça".

Love na Rocinha 2 (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora