Bk,
Tive que deixar a molecada lá em casa e comparecer na casa da Gabi, porque a mina tava no desespero, me ligou chorando, falando que eu não queria mais ela devido a eu não ter aparecido por lá essa semana. Mas sabe como, né? Tem que dar uma comparecida com as outras também. Acabei dormindo por lá, mas pela manhã, assim que acordo, me deparo com várias mensagens e ligações da minha mãe me xingando por ter vazado e largado a rapaziada lá em casa.
Já até imagino que ela botou geral pra ralar peito, minha mãe é estressada a beça. Dou uns amaços na gata e prometo aparecer essa semana ainda, o que é mentira, porque a agenda do Bkzera já está cheia, tem boceta até domingo.
Passo em casa, mas já fico logo bolado com a gastação da coroa na minha mente. Evito bater boca a todo custo, entro no banheiro e fecho a porta, pra não ter que perder minha paz. Depois de escovar os dentes e tomar uma ducha gelada, vou apressado pro quarto e boto uma roupa, bermuda e camisa. Calço chinelo mermo e passo um desodorante, tudo o mais rápido possível porque a intenção é vazar antes da minha mãe voltar a me encher.
Pego meus bagulho, carteira, arma e tals e, quando tô saindo do quarto, passando pela porta do quarto da minha avó, -que é ao lado do meu- ela me chama.
A porta do quarto dela estava aberta e ela tá deitada na cama. Entro e seguro sua mão, dando um beijo e pedindo sua benção.
-Deus te abençoe! Dormiu onde ontem, alemão? Sua mãe tá uma fera...-Ela sorri, batendo sua outra mão na minha. Ela é de boa demais. Porra...a veinha é sem comparação, sempre me acobertou nas paradas, aquele lance de puxar saco mermo, sabe como? Também, pô, sou o único neto dela, trato ela igual rainha, sempre tratei. Meu vô já é mais sistemático, sério, o jeito dele é igual do meu tio, não é de muito papo, mas também passa sempre aquele paninho pra mim.
-Na casa da gata, vó...-Sorrio, passando a mão no cavanhaque.
-Êh, Alemão...Tu não sossega mesmo, rapaz! Na sua idade seu avô e eu já eramos casados, vocês jovens de hoje em dia só querem baderna. -Ela nega com a cabeça, mas enrugando os olhinhos querendo sorrir. Minha avó já é bem de idade e tem uns problemas nas pernas, custa a andar, fica mais na sala, na cama. As vezes minha mãe leva ela pra tomar sol lá fora, mas ela piorou de uns dias pra cá e tá bem fraquinha. Na moral, minha vida são esse casalzinho de velho e minha mãe. Amor pra mim é resumido a eles e mais nada.
-Que nada...Tô de boa agora vó, vou casar. -Minto e ela senta na cama, ajeitando a coberta nas pernas.
-Ah, Bruno, tô velha filho, não burra! -Ela tira onda.
-Olha o moleque, ae...-Ouço a voz do meu vô e ele entra no quarto com um copo de café na mão, mancando, e se senta numa poltrona do lado cama. Os dois não desgrudam, onde um tá o outro também está. -Sua mãe tá lá em cima limpando a bagunça, já xingou até...
Ele fala meio enrolado, meio grosso e sério. Não é de pagar muita simpatia, assim como eu também não sou, acho que é de familia. Tem um bigode grisalho, usa um boné velho pra porra com um número de prefeito, branco e encardido porque ele dá a maior azia quando minha mãe tenta lavar o bagulho. Anda sempre com umas camisas sociais de botão e manga curta, as vezes usa bermuda e as vezes calça de brim e um chinelo de couro marrom. Já minha avó, tem o cabelo curtinho igual de homem, direto ela pinta de uma cor meio marrom e quando tá crescendo fica a raiz branca. Usa sempre uns vestidos floridos e é cheirosa, a veia.
-Então já vou me adiantar, tô fora de sermão, já me torrou pra caralho hoje...-Sigo até meu avô e dou um beijo na testa dele.
-Juizo rapaz, tá na idade de tá fazendo ingresia mais não. -Ele me repreende sério, assoprando o café.
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Love na Rocinha 2 (DEGUSTAÇÃO)
RomanceO amor pode superar tudo? Por quanto tempo você pode amar alguém? 15 anos?