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Bk,

-Naty, tá aqui em cima? -Escuto a voz da minha mãe e ela aparece na escada.

-Mãe, desce! -Só olho pra ela e depois olho de volta pra garota.

-O que tá acontecendo, Bruno ? Naty, tudo bem? -Minha mãe começa a vir em nossa direção.

-Mãe, desce! -Repito firme e ela fica um tempo olhando de mim pra Natália, antes de se virar e sair calada. Minha mãe me conhece melhor que ninguém e quando o bagulho é sério, ela não se mete. Ela tem a autoridade de mãe comigo, respeito ela pra caralho, mas ela sabe o filho que tem, e sabe quando eu tô falando sério ou não. Quando tô puto ou não.

Eu tô muito puto agora. Mas ainda não sei o motivo direito. A começar por essa porra dessa garota vir aqui dentro da minha casa me pedir pra poupar o namoradinho dela que é fechado com meu maior inimigo. Depois por me chamar de babaca e os outros motivos eu nem sei, papo reto. Essa mina conseguiu me irritar.

-Mandei tu sentar, não mandei? -Falo pela última vez. O pai dela tá na minha mão, ele pra mim não é nada além de um meio de foder o Marreco, porque é ele quem botou o olheiro lá dentro da favela, mas ele precisa muito mais de mim do que eu dele. Não penso em fazer mal a filha dele, mas ela também foi muito ingênua de vir falar essas porra pra mim. O que eu puder pesar a mente dela eu vou pesar, porque não vou deixar ela e nem ninguém atrapalhar meus bagulho.

Ela se senta até dura de medo e me curvo, olhando nos olhos dela. Até pra chorar a mina é fresca, limpa as lágrimas com a maior delicadeza, piscando os olhos pra mim, com medo, achando que isso me comove. A única lágrima que me comove é a da minha avó e da minha mãe, meu parceiro.

-Tu vai me contar tudo que tu sabe sobre esse arrombado ai, que tu namora. E mais uma coisa, tu nunca mais me chama de babaca, jaé? Esquento tua cara na porrada, porque aqui nessa porra quem manda sou eu, teu pai sai daqui só se eu quiser e tu também. Tua mãe, tua irmã...Aqui não tem essa, pega a visão! Achou que esse caozinho teu ia me comover? Que eu sou bonzinho e ia me deixar levar por esse papo ? Teu pai que te mandou falar comigo? -Puxo o braço da cadeira e arrasto ela, até estar bem perto de mim. -Teu pai que mandou tu meter esse papinho?

-Claro que não, meu pai nem sonha com nada disso. Eu sei que ele está aqui para se unir com você e atacar a Rocinha, porque ouvi a conversa de vocês ontem, eu nem sabia disso até então. -A mina fala os bagulho tudo certinho, fala as palavra tudo certinha...porra, mó sem noção ela é! Da pra ver que tá na inocência mermo.

-Então desenrola esse papo desse teu namoradinho, bora! -Seguro seu maxilar e empurro um pouco a cabeça dela pra trás.

Ela começa a me contar como conheceu ele, que foi devido a um sequestro. Diz que se apaixonou, mas que perdeu o contato com ele depois que o pai veio pra cá. Porra, fico pensando...eu achando que a mina nem me daria condição por eu ser bandido e ela pegava um Zé ruela de merda, segurança...a gente se engana mermo com as pessoas.

-O que tu viu nesse cara? O cara é um merda, preciso nem conhecer pra saber que é um nada. -Dou risada.

-Ele é uma pessoa muito boa, diferente de você! -Ela fica vermelha, me olhando com raiva.

-Pessoa boa...Pessoa boa o caralho, rapá! Pessoa boa é pessoa fraca, o bagulho é pensar pra frente, progresso. Ser bom só faz nego tomar no cú! O que ele ganhou sendo bom? Vai ganhar chumbo, só isso! - Gargalho, passando a mão no queixo dela. Ela empurra minha mão com repulsa, fazendo um bico de putassa.

-Relaxa...ele vai morrer, mas eu tô aqui vivão. -Pisco pra ela.

-Posso ir? -Ela insiste, me deixando estressado.

-NÃO, PORRA! Qual foi? Tá com tanto medo assim de mim? -Me recosto na cadeira, jogadão. Aperto outro fino e acendo na cara dela. Nunca nem deve ter visto maconha na vida.

-Já fumou isso aqui? -Ergo a vela entre os dedos. Ela tá encolhida na cadeira, as mãos entre as pernas, com a maior cara de choro. -Pra que essa cara ai, na moral? Te fiz mal? Botei a mão em tu? Tamô trocando uma ideia, não era o que tu queria, trocar ideia? Diz ai, já fumou ou não?

-Nunca fumei...-Ela murmura.

-Essas patricinha da pista, a maioria fumam, qual foi? Tu nunca quis experimentar? -Abro um sorriso, soltando a fumaça no ar.

-Não, nunca me interessei. -Ela responde seca, mas ainda assim não consegue ser grossa. Ela é muito meiguinha, sabe como?

-Tu vai ficar nessa marra ai? Tá assustada, mas não vou fazer mal pa tu! Preciso do teu pai, enquanto ele me servir de alguma coisa, tu tá segura. Ela não fala nada.

BUH!  -Acendo o isqueiro bem perto do rosto dela e ela se assusta, dando um pulo na cadeira.

-Me deixa ir embora...por favor...-Volta a querer chorar, marejando os olhos.

-Tô só te gastando, porra! Tu é mó gata, fiquei afinzão de tu, mas perdi o interesse, agora tô afinzão de novo. -Olho pra brasa do back. Ela meio que se engasga parece, e começa a tossir.

-Mas não sou de pagar pau pra mina nenhuma, tu é gatinha mas nem tanto assim, tô suave...Muito fresquinha e pá! -Gesticulo.

-Que bom, porque eu jamais me interessaria por você! -Ela parece brava agora.

-Será? -Arqueio uma sobrancelha.

-Pode acreditar! Eu sou apaixonada por outro, se você não se lembra. -Ela sorri falso, sem mostrar os dentes.

-Porque nunca sentiu a pegada de um homem de verdade. Quando sentir, vai mudar de opinião. -Dou risada.

-Já senti, sim! -Ela me desafia com o olhar e, não sei porquê, isso me deixa puto.

-Tu já deu então? Deu pra ele? -Fico olhando do back pra ela, vendo ela ficar vermelha pra caralho e nessa, eu já tô ligado que ela é virgem. Eu já tinha imaginado, parece que mina virgem exala cheiro. Me animo nessa ai, pô... Tem grande chance de ser eu a tirar esse cabaço. Faz acontecer que eu faço valer a pena...

Dou risada sozinho.

-Não sou virgem, e sim, já fiz amor com ele. -Quando ela fala isso, eu dou mais risada ainda. Amor? Tá de sacanagem...

-Fez porra nenhuma, tu tem mó cara de cabaço. Se liga, pô!

-Fiz sim, quer detalhes? -Ela faz uma cara de safada, me deixando meio pá...Agora bateu a dúvida.

-Fala ae, então? O que ele fez? -Jogo verde e ela engole seco. Já fraguei que é blefe. -Bora pô, conta ae como foi?

Certeza que ela achou que eu não iria querer saber, e na verdade não quero, mas como sei que é mentira, quero ver até onde ela vai.

-Ai, que ridículo isso! Me deixa ir, pode ser? -Ela revira os olhos.

-Tu é virgem, tô ligado, conheço! Vai perder esse cabaço comigo, que vou te ensinar o que é uma foda gostosa... -Provoco e ela parece que vai desmaiar de vergonha.

-Isso é coisa de você dizer a uma mulher? Você acha lindo isso? É assim que acha que vai conquistar alguém? -Ela me olha com desprezo e ri, virando a cabeça.

-Com muito menos que isso, já conquistei várias. -Sorrio pra ela e ela revira os olhos mais uma vez.

-Estou falando de mulher de verdade, que se valoriza, que se dá ao respeito. Entendeu?

Ihh...tiradona, pô!

-Relaxa, Naty, tu é até gostosinha, mas muito marrentinha, nem curto.

-Posso ir agora? -Ela simplesmente se levanta.

-Vai lá...relaxa,nosso papo vai ficar entre nós por enquanto. -Falo, observando o corpinho dela de cima a baixo e imaginando ela peladinha. Porra...deve ser uma delícia.

-Ok! -Ela dá as costas e sai andando. Fico só mirando a bunda dela. Até quando eu não quero, eu quero, isso que é foda...

Love na Rocinha 2 (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora