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Após 3:30 horas de vôo direto, Juliette chegava na capital de São Paulo e ao ver o externo do aeroporto sentiu um frio na barriga. Era uma sensação que ela nunca mais havia sentido depois de tudo que passou.

- Me traga um sentido para continuar São Paulo. - ela pensou. - Que cuidar dessa criança me faça ter mais forças, me sinto tão fraca.

Instantes depois ela estava desembarcando e seguindo para o ponto que encontraria sua prima.

- Mulher... Ôh graça te ver.

Cleonice, uma prima e amiga de infância, correu para abraçar Juliette, porém sentiu que sua prima não retribuía com a mesma intensidade de antes.

- Está tudo bem Juliette?

- Dentro do possível.

- Hum... Entendi. Mas você parece ótima. Graças a Deus.

- Eu fiquei um mês em coma, fraturei costelas, o braço direito e também abortei o meu segundo filho, mas fisicamente me recuperei. Meu corpo está sã, mas minha mente não.

- Acha que consegue cuidar da Elisa?

- Acho.

- Então vamos. Temos muito o quê conversar.

Depois que as malas foram liberadas, Juliette seguiu com sua prima até a sua casa de táxi. Era um ambiente humilde e sem grandes luxos, mas limpo e que tinha comida na mesa.

...

- Quando você me ligou para me pedir ajuda eu achei que estivesse melhor Juliette.

- Eu consigo trabalhar Cleonice.

- E por que não voltou a sua profissão?

- Por que ela perdeu o sentido para mim. Infelizmente é isso.

- Bem... Tenho algumas coisas a lhe dizer. Você vai cuidar de uma menininha muito simpática de seus três anos de idade que se chama Elisa. Sua função é essa basicamente. Lá tem uma moça responsável pela limpeza, que vai desde a da casa até a lavagem das roupas. Eu sou cozinheira e também ajudo na limpeza por que tudo na cozinha é serviço meu. Já você cuidará de tudo da Elisa, desde o amanhecer do dia até a hora que ela ficar acordada e te digo que ela é elétrica porém tem boa saúde, se alimenta bem e adora brincar. Acha que consegue?

Juliette sorriu suavemente e acenou positivamente com a cabeça.

- O patrão fez um quarto para ti do lado do da filha e de frente para o dele, não é um quarto de empregada, é um lugar muito chique.

- O patrão é viúvo?

- Não. Na verdade esse assunto é proibido lá, mas o quê sei é que a mãe da menina fugiu ainda de resguardo. A dona Ivone, mãe do patrão e vó da Elisa odeia essa mulher. Então nunca falei desse assunto dentro da casa.

- Só por que ela não quis o filho? Nossa que coisa.

- Existe outro motivo, mas eu não sei qual é.

- Me fale da dona Ivone e do patrão.

- Dona Ivone não mora lá, ela tem a casa dela e não é casada com o pai do patrão, eles separaram a muito tempo. É uma mulher exigente e um pouco amargurada, mas se gostar de você se dará bem. O pai do nosso patrão as vezes o visita, mas é raro, já dele ninguém gosta, por que é um pouco inconveniente.

- De que tipo?

- É mulherengo, então cuide-se.

Juliette abanou a cabeça.

- Sobre o nosso patrão. Ele é um homem triste, muito solitário, calado, frio. Ele é médico, um bom médico inclusive e também é professor universitário então não tem muito tempo em casa. Tem dias que não o vejo.

- Ele é muito exigente?

- Nenhum um pouco. Não dá ordem a ninguém, sua mãe que manda em tudo. Ele é tranquilo demais.

- Ele não tem uma namorada?

- Não tem e pelo o quê a mãe fala, também não quer. Não sei tem alguma coisa que não é normal, por que ele é um homem bonito.

- É a decepção da vida, eu o entendo.

- Então está disposta a ir?

- Vou sim. Estou aqui para isso.

- Sairemos às 4 horas da manhã e devemos dormir cedo para não perder a hora.

Juliette e Cleonice ainda fizeram um lanche, para depois deitarem e dormirem. As 3:30 horas da madrugada o despertador tocou e juntas se arrumaram seguindo para o ponto de ônibus.

- Só vai levar essa mochila?

- Cleonice se eu precisar de mais roupa, você busca para mim, mas creio que não vou precisar.

- Lembre-se que terá que passear com a Elisa, por isso pediram que tivesse CNH. O carro extra dele é seu para deslocamento com a pequena.

- Eu não sei se serei uma babá ou uma motorista.

- Será tudo um pouco e uma figura feminina para a menina.

- Mas ela não tem a avó... Já não é suficiente?

- Para eles não é. Dona Ivone se diz cansada de cuidar da menina, é um pouco de preguiça e também ela tem um despeito com a Elisa, é notório. Óbvio que ela tenta disfarçar, mas tem horas que é muito agressiva com a inocente.

- Tadinha. Eu prometo fazer o meu melhor por ela.

...

Na casa de Rodolffo e Elisa.

- Não pode ficar quieta Elisa, diga-me?

- Mãe deixa a Elisa.

- Essa menina não tem nada de você. - ela disse contrariada.

- Tem sim e a senhora sabe. Elisa parece muito comigo.

- Papai... Cadê a minha babá?

- Está chegando princesa. Agora vem aqui com o papai.

Elisa sentou no colo do pai e ficou brincando com suas mãos. Depois lhe deu um beijinho no rosto e fez um pedido no pé do ouvido.

- Posso dormir no seu quarto hoje papai? Sonhei com um monstro.

- Ôh princesa... Papai já explicou que deve dormir no seu quarto.

- Então posso dormir com minha babá?

Rodolffo sorriu.

- Nem a conhece. Paciência minha filha.

Rodolffo raramente tomava café em casa, mas hoje decidiu se atrasar na sua visita aos pacientes, queria conhecer a mulher que cuidará de sua filha, isso era importante para ele.

Enquanto brincava com Elisa, Cleonice apareceu sorridente frente a eles e Juliette estava do lado dela.

- Essa é a minha prima, Juliette. - se dirigiu a Juliete e lhe disse: - Esse é o seu Rodolffo, a pequena Elisa e a dona Ivone.

Todos ficaram mudos, mas Elisa deslizou suavemente do colo do pai e correu para junto de Juliette.

- Oiiii... Eu sou a Elisa. Pode me dá um abraço?

Juliette não hesitou e colocou a pequena nos braços, recebendo um monte de beijos como recompensa.

- Elisa, chega filha! - Rodolffo a repreendeu.

- Pode deixar... Eu adoro tudo isso. - Juliette disse sorridente e automaticamente Rodolffo sorriu de volta.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora