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Telefonei para Juliette no caminho e ela não atendeu, dava caixa postal e eu fiquei desesperado. Tive medo de um mal maior, de sequestrarem as duas, ou de qualquer outra coisa grave e complicada.

Mas ao chegar próximo ao veículo constatei que Juliette o estacionou adequadamente. As portas estavam devidamente fechadas e vi a mochila de Elisa no banco de trás, então parecia que elas tinham saído dali bem consciente.

Novamente tentei contato e vi o celular, aparentemente desligado, dentro do carro.

- Onde vocês estão? - disse preocupado.

Vi algumas pessoas passando na rua e perguntei se tinham visto as duas. Um senhor que mora ali perto foi o único a me dá um roteiro.

- Eu vi a mulher e a menina caminhando, foram para aquela clínica de ultrassonografia do fim da rua. Certamente ela parou aqui por que julgou um bom lugar para estacionar. Mas ainda andaram muito a pé.

- Tem certeza?

- Pelas características, tenho certeza.

Um alívio imenso tomou conta de mim, mas por que Juliette foi a uma clínica de ultrassonografia com a Elisa e não comigo?

Fui até lá e busquei a minha esposa, eu precisava saber se ela realmente estava naquela clínica.

Dei nome completo a recepcionista e logo ela me disse:

- Ela acabou de entrar para a ultrassonografia. E a filhinha foi junto. O senhor quer entrar?

- Não. - eu disse emocionado. - Por favor não diga que eu estive aqui. Elas querem me fazer uma surpresa e eu não vou estragar isso. No fundo estou feliz por saber que a relação delas é de total cumplicidade.

- Mas são mãe e filha...

- Não são de sangue, mas de coração... A pequena é só minha filha.

- Ah... Quem ver nem pensa. Ela parece muito com a senhora Juliette.

Sorridente sai da clínica e telefonei logo a escola. Expliquei que houve um imprevisto e que tudo seria esclarecido.

Voltei ao hospital e continuei no meu plantão. O coração não cabia em ansiedade, mas eu ia esperar.

...

Horas depois na casa de Rodolffo, Juliette e Elisa.

- Mamãe... Olha o quê eu desenhei. - Elisa fez uma pintura da nossa família.

- Que lindo meu amor.

- É para colocar na caixinha do papai. Ele vai ficar tão feliz.

- Vai sim... Eu também estou feliz. - disse emocionada.

- Não chora mamãe. Eu fico triste.

- Ôh minha parceirinha. Você é tão maravilhosa.

- Eu sou mesmo e agora eu sou irmã mais velha.

- Elisa... Não pode contar isso a ninguém antes que o seu papai saiba, promete?

- Promessa de melhores amigas?

- Sim. Somos melhores amigas e temos que confiar totalmente uma na outra. Então não pode contar a ninguém o quê eu te pedi segredo.

- Mas é um segredo pequeno ou um segredo grande?

- Até o papai saber é um segredo grande.

- Mas eu quero contar a todo mundo que vou ganhar uma irmã... Seremos melhores amigas, nós três.

- Não diga que é uma irmã... Pode ser um irmão Elisa. Vamos ter calma, tá bom? Mamãe já falou disso contigo.

- Tá bom então. Mas deixa eu beijar o bebê.

Elisa não parava de beijar a minha barriga. Se era assim dentro da barriga, imagina fora.

Saber que estou realmente grávida deu um novo sentido a tudo. Pela ultrassom descobri que espero um bebê de 13 semanas e cinco dias. Está bem formado e o coração bate tão forte. Me emocionei bastante ao ver o pequeno feto na tela. Rodolffo estava certo. Daqui uns dias teremos outra vidinha a depender de nós e a nos mostrar o verdadeiro significado da palavra multiplicação do amor.

- Elisa, o papai e eu te amamos. Nunca pense que por que um novo filho virá o nosso amor será de menos, por que isso nunca vai acontecer. Entendeu?

- Sim, mamãe. Eu não vejo a hora do bebê nascer.

Eu sorri e a trouxe para o meu colo. Lhe dei beijinhos e fiz cossegas. Elisa era a princesa mais linda do mundo inteiro.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora