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Dois meses depois...

Eu estava feliz em ver a minha esposa se sentindo útil e produtiva. Percebi que estar na sala de aula lhe dava sentido a existência e Elisa estava amando ter a mamãe sempre na sua escolinha, de fato era algo que também me deixava mais tranquilo.

Mas eu sentia saudade da minha mulher de antes. Nós estávamos tão submersos em trabalhos que já nos restava pouco tempo para o básico e essencial ao casamento que era a troca de carinhos.

- Hoje a minha mãe vem ficar com a Elisa e eu quero sair com você. Uma noite só nossa como marido e mulher.

- Estou em falta contigo... Eu sei.

- Eu quero te amar e quero sentir você. Sem problemas ou assuntos que desgastem.

- Meu amor, hoje eu não posso. Tenho uma reunião online e não sei que horas termina.

- Juliette, hoje é sexta-feira a noite. Sabe que o meu fim de semana é de vocês, por que trabalha dessa forma?

- Rodolffo seja compreensivo.

- Eu não sou compreensivo. Só quero a minha mulher de volta. Não precisa desse trabalho Juliette.

- Está parecendo outro homem falando isso. Achei que me apoiava...

- Te apoio, mas simplesmente não me enxerga mais. Cadê a minha mulher amorosa e fogosa? Sempre te encontro dormindo ou estudando.

- Eu estou pegando o ritmo. É uma fase de adaptação.

- Vou voltar ao hospital e ver se precisam de mim por lá. Estou sufocado.

- Não diga isso. A Elisa está fazendo planos para amanhã.

- E vai conosco?

- Vou. Eu já arrumei as mochilas. Eu prometo que não demoro na reunião e depois podemos namorar.

Esperei por Juliette no quarto e dispensei a vinda da minha mãe. Aproveitei para tomar um bom banho e fiquei deitado vendo TV.

Já estava quase dormindo quando fui surpreendido com ela nua por cima de mim.

- Quem espera sempre alcança. - ela disse provocativa e eu estava tão cheio de tesão que logo estava totalmente dentro dela.

Entre gemidos e sussurros, chegamos ao ápice e eu me derramei completamente dentro dela. Me senti egoísta e culpado por que ela havia me pedido para que eu continuasse a usar a camisinha.

- Meu amor... Ainda acompanha os seus dias férteis... Será que há riscos?

Quando tentamos pelo breve tempo a gravidez, Juliette fazia uma tabela e conseguia saber os dias férteis.

- Não há riscos. - ela disse sem me olhar nos olhos.

Eu não queria acreditar, mas seu modo de falar me disse muito mais do que eu queria ouvir.

- Pensei que ainda combinavamos a nossa vida. O quê está acontecendo Juliette?

- Eu estou tomando anticoncepcional. É isso que está acontecendo. Todas as mulheres tomam.

- Não é esse o problema. Eu nunca te impedi de tomar, mas o mínimo seria me dizer que estava tomando.

- Como médico você não indica, eu já sei.

- Dentro de casa, eu sou marido e pai. Está criando um abismo que eu nunca imaginei existir entre nós.

- Não tem abismo nenhum. Eu só quero pensar em mim um pouco. Também tenho direito. E quando falei em adiar a gravidez eu falei sério. Nós tentamos, mas não conseguimos.

- Juliette, eu preciso sair um pouco. Estou com a cabeça cheia e não quero discutir contigo, mas saiba que eu não faço nada escondido de você. Desde o princípio o meu jogo é aberto e agora estou decepcionado com essa sua atitude.

Ela ainda tentou me impedir de sair, já que é uma coisa que eu nunca faço, mas arejar a cabeça era necessário. Guiei o carro para qualquer lugar e estacionei numa rua deserta. Sobre o volante eu chorei todas as lágrimas que estavam guardadas dentro de mim. Me senti muito triste e desapontado.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora