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Rodolffo estava trancado no quarto e quando saiu já estava na hora de ir buscar Elisa na creche.

- Vai buscar a Elisa. Estou corrigindo umas provas.

- Mas eu disse que você iria buscá-la hoje.

Ele me olhou sério e me entregou as chaves do seu carro.

- Quando ela chegar diga que estou ocupado. Fique com ela.

- Eu não sei se consigo dirigir o seu carro, ele é automático.

- Claro que consegue.

Algo nele estava sombrio.

- E converse com Elisa sobre a viagem,  possivelmente será adiada.

- Ela está tão feliz com isso. Vai ficar muito triste.

- Mais tarde conversamos.

Ele subiu e eu fui até minha prima.

- Juliette ele é assim. Vá se acostumando.

- Elisa parece mais um estorvo, ninguém liga para ela. Isso é injusto.

- Ela agora tem a ti.

Deixei Cleonice e fui buscar a pequena na creche.

...

Cheguei atrasada por que estava com medo de dirigir num carro mais moderno e estava na salinha me esperando Elisa e a professora.

- Desculpa o atraso. Tive problemas com o carro.

- Elisa estava esperando pelo papai dela.

- Cadê o papai? - Elisa me olhou tristonha.

- O papai teve um imprevisto, mas eu estou aqui. Vem princesa.

A coloquei no colo e ela me abraçou. Ela me deu um beijo no rosto e eu lhe dei outro em troca.

- Juzinha te ama muito Eliza. Nunca vou deixar você sozinha princesa.

Seguimos para casa e chegando lá o silêncio que tinha era absurdo.

- Elisa o papai está concentrado. Não vá até ele, promete?

- Prometo.

- Mais tarde ele brinca contigo. Agora somos nós duas. Vou te dá banho e almoço. Vem...

Fiz o combinado de todos os dias e Elisa quis ver um desenho animado. Nele falava muito de família.

- Juzinha você me aceita como sua filha? Filha do coração?

Sorri com aquela pergunta inocente.

- Aceito sim meu amor.

Ela me abraçou e eu a aconcheguei nos braços.

- Mas e se um dia quiser ter um filho de verdade?

- Não vou querer princesa.

- Por que não?

- Por que eu tenho dois filhos e os dois estão no céu. Um eu tive nos braços até os três anos, ele era do seu tamanho e o outro eu tive no ventre e permanece no meu coração.

- Eles são anjinhos?

- São sim. Anjinhos de Deus.

Em meio aos cafunés, Elisa dormiu nos meus braços. Era tão bom ter um bebê no colo. Me lembrava do meu pequeno que no dia da sua partida dormiu nos meus braços pela última vez.

Ser mãe foi a experiência mais recompensadora da minha vida, nada se comparava ao amor que eu nutri pelos meus filhos. Me lembro que meu anjinho já chutava tanto a minha barriga, mas não consegui descobri o seu sexo. Meu marido apostava em um novo menino, mas meu coração dizia que era uma menina, porém no hospital nunca me disseram por que eu ia sofrer.

Deixei Elisa segura e sai do seu quarto, dando de cara com Rodolffo no corredor.

- Podemos conversar? - perguntei me dirigindo a ele.

- Sim. Pode ser no meu quarto?

- Qualquer lugar que não possam nos ouvir.

Entrei no seu quarto e era um ambiente muito escuro, sendo necessário até ligar uma luz.

- Senta. - ele me apontou uma poltrona e eu sentei.

- É sobre a Elisa que eu vim conversar e sobre algumas coisas da minha vida também.

Rodolffo baixou a cabeça e depois voltou a me olhar. Era tempo de eu te dá uma lição de moral mesmo que eu não fosse a pessoa mais indicada para fazer isso.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora