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O dia seguinte foi um dia estranho. Fomos a praia e tentamos ser naturais, mas até a Elisa via algo estranho.

- Papai tá engraçado. - e ria de mim.

- Por que filha?

-  Não sei. Só tá engraçado. Vou com minha mamãe na água.

Juliette foi ao mar com Elisa e fiquei com minha mãe.

- Quem morreu de ontem para hoje? Misericórdia. Ânimo meu filho.

- Mãe, só estou cansado. - minha desculpa de sempre.

- Cansado... Cansado. E essa babá o quê tem? Mal abre a boca.

- Deixe ela em paz.

Naquele sábado, Juliette e eu não nos falamos além do necessário. O clima estava estranho e eu suspeitei que fui com muita sede ao pote. Mesmo que ela tenha correspondido, não era a sua vontade plena.

Naquela noite, ela me pediu para dá um passeio sozinha com Elisa pela orla e minha filha animada disse que era a noite das meninas, não hesitei e permiti. Minha mãe foi andar por aí e eu me limitei a TV, filmes e Coca-Cola.

...

Enquanto isso no passeio de Elisa e Juliette.

- Quero sorvete.

- Elisa seu pai não quer que coma sorvete duas vezes ao dia e eu não vou desobedecer.

- Por favor...

- Peça outra coisa mocinha.

Andamos por alguns quiosque e Elisa se encantou por um que vendia cachorro quente. Lá fui eu pedir um para ela e outro para mim.

- Depois de tanto andar, vamos dormir não é mocinha?

- Vamos sim.

Elisa estava olhando o movimento das pessoas até que algo lhe chama a atenção, uma mulher com um bebê no colo. Essa garotinha é apaixonada em bebês.

- Olha mamãe... Vem!  - ela me puxava e logo a mulher veio até nós.

- Gostas de bebês pequena? - seu jeito de me olhar foi estranho e sinceramente tive receio. - Ela é sua filha?

- Do coração... - Elisa disse imediatamente. - Olha quê lindo. - minha pequena segurava a mão do bebê.

- Essa criança é da senhora? - perguntei curiosa.

- Sim. Posso sentar com vocês?

- Claro.

Quem sentou na nossa mesa foi uma mulher alta, branca, olhos verdes, cabelos loiros e talvez tivesse seus 26 anos, no máximo. Seu bebê era um menino que logo reclamou e ela lhe ofereceu o seio, onde ele tinha alimento em abundância.

- É uma menininha muito linda, sabia? - ela não cansava de elogiar Elisa e tocar no cabelo, no rosto dela.

- Mora aqui mesmo? - perguntei curiosa.

- Não. Moro em São Paulo, estou aqui por coincidência. Os vi no hotel hoje.

- E conhece o pai da Elisa? Por que a mim eu sei que não.

- Conheço. De outros carnavais. Seu nome é?

- Juliette... e o seu?

- Camila. - ela disse levantando uma das sobrancelhas e eu fiquei perplexa.

Fingi e tentei ser natural. Fazer de conta que ela era só alguém qualquer, mas não era. Camila é a mãe da Elisa.

- O seu bebê tem quanto tempo de vida?

- Quatro meses. José Augusto é o nome dele.

- E o amamenta?

- Exclusivamente.

Minha cabeça explodiu. Como isso era possível? A medicina evoluiu tanto assim?

O cachorro quente estava demorando muito e o meu celular vibrou. Me afastei um pouco e atendi.

- Ainda estão no passeio? - Rodolffo perguntou.

- Vem aqui na orla, numa barraca de nome dog's do Dug. - falei cochichando.

- O quê tá acontecendo?

- Vem Rodolffo, por favor. Não demora.

- O quê tá acontecendo?

- Você precisa ver uma coisa.

Desliguei e voltei para a barraca. Elisa se divertia com o bebê no carrinho e a Camila estava encantada com ela.

- Ela fala tão direitinho. - ela disse pegando uma mecha do cabelo da Elisa. - É uma mocinha.

- Ela é um amor.

- Namora o pai dela?

- Não. Sou babá da Elisa.

Camila ficou por instantes pensativa.

- Rodolffo é um cara legal, de verdade.

- E por que fez isso com ele? Por que mentiu dizendo que tem um vírus incurável e o fez pensar que ele também o tem?

Camila ficou paralisada com o meu confronto.

...


Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora