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Na hora da primeira refeição do dia, eu chamei meu pai e todos juntos sentamos a mesa, até minha prima se juntou a nós naquela manhã.

Eu vi que meu pai estava sério e quando Rodolffo se distanciou com Elisa e Cleonice retornou a cozinha, resolvi iniciar a conversa com meu pai.

- Juliette, meu vôo sai às 6 horas da noite de hoje...

- Pai... Eu não vou. Meu lugar agora é aqui.

- Longe da sua família?

- Quando eu resolvi vir a São Paulo, vocês foram contra e mesmo assim eu vim. Aqui eu renasci. Hoje eu sou mais confiante e tenho amor de verdade.

- E se um dia não der certo? O quê vai fazer?

- Nada na minha vida deu certo até agora... Ou talvez deu, eu só não soube entender ainda o propósito, mas mesmo os caminhos incertos, nos levam aos lugares certos.

- Não imaginava essa sua decisão.

- Eu cansei de fazer o quê as pessoas querem que eu faça. Eu cansei de ser manipulada e ter vindo para essa casa foi um grande passo para mim. Hoje eu desejo caminhar com eles e o senhor sabe que sempre será bem-vindo aqui e a mamãe também.

- Eu te desejo sorte. Que Deus tenha um plano bonito para você, mas como pastor, não vejo que uma relação carnal e não conjugal seja algo positivo. Você é apenas mulher dele, não é esposa, talvez nunca venha a ser.

- Por mim, já estaríamos casados, mas eu estou esperando o tempo da sua filha. - Rodolffo disse enquanto chegava junto a mim. - Eu amo de verdade a sua filha e te agradeço por ter criado uma mulher tão especial e que espalha amor e bondade por onde vai.

Meu pai limpou algumas lágrimas dos olhos.

- Você também é pai e assim como eu deseja o melhor para sua filha, então foi pensando nisso que eu vim. Essa história de romance entre patrão e empregada nunca dá certo.

- Nós evoluímos e se nós não tivemos problemas com isso, ninguém deve ter.

- Tudo bem.

Meu pai ainda ficou para o almoço. Rodolffo o levou até o aeroporto e nos despedimos com a promessa de uma possível visita a Paraíba assim que fosse possível. Eu sentia saudade da minha mãe e ela tinha medo de voar.

Quando a casa ficou silenciosa e Elisa dormiu. Precisava conversar com Rodolffo, mas o achei frente ao notebook e parecia concentrado.

- Eu quero que encerre meu contrato de trabalho. - disse e ele levantou o olhar para me olhar.

- Amor...

- Tem dias que quero que você faça isso. Não quero ser sua mulher e sua empregada ao mesmo tempo, isso não é certo.

- Tudo bem. Vou encerrar, mas vamos combinar outra coisa importante...

- O quê?

- O nosso casamento. Eu quero isso e não tem por que esperar.

- Um momento apenas no civil. Sou viúva, mas não quero me casar religiosamente por agora e o problema não é você ou a nossa relação. Espero que me entenda.

- Por mim é o suficiente. Quero te ter como esposa e isso me fará ainda mais feliz.

- Amanhã faremos isso. Fim do contrato de trabalho e início do contrato de casamento.

...

Assim realmente fizeram e 21 dias após dá entrada no processo de casamento estavam lado a lado frente a um juiz que selava a união do casal.

- Pode beijar a noiva. - ele disse ao fim.

Juliette sorriu lindamente e Rodolffo também lhe dando um beijo rápido. Era a primeira vez que Elisa via tamanha troca de carinho entre eles.

- Aaaah... Solta a minha mamãe. - a pequena foi tomada pelo ciúmes.

Ciúmes esses que fizeram o recém casal não terem lua de mel, mas isso não foi sentido. Dormiram os três na mesma cama e estavam felizes.

...

Um mês depois...

- Amor... Tenho uma novidade. - Juliette chegou para mim e eu senti o coração errar as batidas.

- Qual meu amor?

- Vou voltar a trabalhar. E dessa vez na escola da Elisa. Uma professora adoeceu e eu vou assumir o posto dela.

Juliette parecia muito empolgada e eu achando que era outra coisa. Confesso que fiquei um pouco decepcionado por não ser a notícia que eu desejava, mas fiquei contente por ela.

- Que bom amor. Eu tenho certeza que vai ser incrível. Tem muito talento e é extremamente inteligente.

- Eu pensei muito em aceitar por que eu pensava em te fazer uma surpresa, mas não aconteceu. Eu estava atrasada três dias, mas depois menstruei e o sonho de uma gravidez não se realizou.

Eu fiquei em silêncio um pouco e depois disse:

- Está tudo bem meu amor...

- Será que podemos adiar esse sonho um pouco mais por agora?

Aquela pergunta me pegou de surpresa.

- Eu quero retomar a minha profissão e já temos a Elisa, talvez ano que vem a gente possa tentar de novo.

- Então você já decidiu sozinha...

- Rodolffo... Não faça assim.

- Tudo bem. Eu também tenho muito trabalho e agora nós dois teremos muitas tarefas a dá conta. O nosso sonho pode ser adiado.

E o acordado não sai caro. Decidimos e seguimos a nossa nova rotina.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora