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O fim de semana correu rápido e logo uma nova segunda-feira chegou. Rodolffo teve que ir mais cedo para o hospital e a ultrassonografia teria que ser adiada.

- Meu amor, eu sei que está ansiosa, mas não fique.

- Não sou a única ansiosa aqui... Você também está, eu sei disso.

- Sim, estou. Mas amanhã a tarde dá certo, tá bem?

- Eu estou com medo. - disse já sentindo vontade de chorar.

- Qual o motivo do medo? É pelo trabalho? Nada impede que continue a trabalhar até quando for confortável.

- Não me importa o trabalho, mas a saúde dessa criança. Eu tomei remédio com ela se formando e sou consciente que as primeiras semanas são cruciais ao desenvolvimento do feto. Rodolffo, não suporto perder outro filho.

- Vamos ter paciência? Ter fé acima de tudo.

- Se eu perder mais um filho, vou morrer com ele.

- Nunca mais diga isso. Nada ruim vai acontecer. Esse bebê é um milagre, um bebê solar vindo depois de uma grande tempestade. Se arrume, dê a sua maravilhosa aula e amanhã nós vamos vê-lo.

Eu fiquei de joelhos e beijei sua barriga.

- Ainda não tem barriga nenhuma.

- Só um pouquinho. Nosso pinguinho de gente ainda não se revelou.

- Rodolffo, se for verdade, nossa vida vai mudar muito. É uma nova rotina, Elisa é uma criança muito independente se comparada a um bebê.

- Está dizendo isso mesmo para mim? Meu amor eu sei tudo sobre bebês. Cuidei da Elisa desde sempre. Leite, banho, troca de fraldas, arrotos, tudo eu vivi com ela, não terceirizei nem as noites em claro.

- Mas e a sua mãe?

- Ela me ajudou... Minha irmã também, mas apenas nos dias de plantão, nesse tempo eu não trabalhava como hoje e ultimamente eu já desejava desacelerar um pouco, então a oportunidade chegou.

- Eu sei que tenho muita sorte de ter você.

- O sortudo dessa história sou eu, não tire meu mérito.

Nos beijamos e dessa vez escapamos de um flagra por muito pouco.

- Papai, a benção? Eu já tô pronta. Me dá um beijinho antes de ir...

- Eu dou quantos beijinhos a minha pequena quiser. Papai te ama minha vida. Que Deus te abençoe sempre.

Abracei tanto minha Elisa. Tinha um desejo enorme de guardar ela num potinho.

Juliette se juntou a nós num abraço e também deu beijinhos na Elisa. Éramos uma família feliz e isso era a realização de um sonho meu.

- Obrigada Deus por tanto. - disse alto e elas me olharam sorridentes. - Ter vocês é muito mais do que eu pedi.

Depois desse momento, Juliette seguiu para a escola com Elisa e eu para o hospital.

...

Cheguei flutuando naquele hospital. Estava tão eufórico e ao mesmo tranquilo que todos podiam ver.

- O senhor hoje está tão feliz. - Disse Lucrécia uma enfermeira de plantão.

- Eu vou ser pai de novo, não é incrível?

- Ah sim... É incrível. Parabéns doutor Rodolffo.

- Obrigado. Eu estou radiante.

- Sua princesa foi promovida a irmã mais velha... Será que terá ciúmes?

- Espero que não... Quero muito que meus filhos sejam unidos. Possivelmente só terei dois.

- Mas Elisa não é filha da sua esposa... Por que não terão mais?

- Pela vida profissional de nós dois.

Eu não diria detalhes da vida de Juliette, mas como ela já teve dois partos de cesariana, acho arriscado ter mais que três.

- É as pessoas hoje trabalham demais.

- Verdade Lucrécia.

Num intervalo entre um paciente e outro, ouvi meu celular tocar e vi que era da escola da Elisa.

- Alô... Bom dia.

- Doutor Rodolffo, tem notícias de Juliette e de Elisa?

- Não estão na escola?

- Não senhor. Aqui não apareceram e Juliette não atende o telefone.

- Meu Deus do céu.

Desliguei a chamada rapidamente e fui ver o rastreador do carro. O veículo estava bem próximo de casa.

- O quê tá acontecendo? Senhor não permita. Minha filha, minha mulher e meu bebê.

Abandonei o plantão imediatamente e sai feito um louco a procura delas.

...

Os Caminhos (In)certosOnde histórias criam vida. Descubra agora