CAPÍTULO 8: VINHO DO DESEJO☀️

5 6 1
                                    

Saímos as pressas de casa, mesmo não estando tão atrasados. Ainda assim reparei na caminhonete que estava novamente estacionada ali, escura e suspeita, mas ignorei por conta da falta de energia. Chegamos na entrada da escola em tempo recorde, Edward respirava muito aceleradamente para recuperar o fôlego, enquanto eu andei mais a frente e encontrei com o Ben na fila da entrada e o abracei como um sinal de cumprimento;
--Bom dia fofo, estudou?
--Bom dia, estudei sim, mas você não parece bem fofo, parece que as olheiras da Álice passaram pra você.
--Nada, é que eu não dormir mesmo.
--Porque?
--Bom eu estava...
Por um instante eu quase disse sobre a planta do museu, mas consegui reverter a situação;
--Eu estava estudando e meio atordoado pelo que houve ontem.
--O que que houve ontem?
--Tentaram invadir minha casa Ben.
--Como é? Como foi isso?
--Estava na sala conversando com o Dylan, quando o alarme disparou e Edward disse ter visto uma sombra tentando pular o muro. 
--Meu Deus, você chamaram a polícia não é?
--Até íamos, mas papai não dormiu em casa ontem, então preferimos esperar por ele.
--Espurr você podia ter me ligado. Eu iria na mesma hora pra não te deixar sozinho.
--Eu sei, mas como você mesmo disse ontem, você tem que arrumar tudo pra sua mãe deixar você e seu irmão viajaram comigo.
--Nem que eu fosse escondido, mas iria para pelo menos ver como você estava.
--Obrigado, você é incrível.
--É minha obrigação como seu companheiro fofo.
Mesmo estando exausto, com a mente cheia e pensamentos a mil, ele conseguiu me fazer sentir vergonha e uma senti meu coração quase totalmente derretido. Tudo que eu queria naquele instante, era estar com ele em algum lugar tranquilo e relaxante.
Enquanto meus pensamentos fluíam, o portão abriu e nós tivemos que entrar. Fomos diretamente para a sala, enquanto passávamos pelo corredor ele passou o braço por volta de mim, eu achava isso a coisa mais fofa do mundo. Chegando na sala notei que a garota nova já estava lá, enquanto eu ia para o meu lugar vi seu olhar diretamente para mim. Eu tentei focar em seus olhos, mas quando olhei para trás dela, avistei Cristian. Quando ele me viu direcionou seu olhar para outra direção, porém ainda assim consegui ver a expressão que se formou em seu rosto.
Me sentei no meu lugar e tentei ao máximo prestar atenção somente na matéria que eu estudara, pois eu sabia que se prestasse atenção em outra coisa não conseguiria aguentar a vontade de virar para trás e puxar algum assunto com ele mesmo estando com raiva. Eu sabia que provavelmente ele ainda guardava mágoa de mim, mas guardava sem motivo, pois a fofoca já havia sido esclarecida, se ele sabia ou não era algo que eu não tinha consciência, porém eu ficava ofendido dele pensar o pior de mim tendo estado como meu melhor amigo durante tanto tempo.
Dentro de alguns instantes Álice chegou, já não estava com o olhar de cansada do dia anterior, mas eu vi que ela queria me dizer algo, pois fez um sinal para mim. Fiz um sinal de volta indicando que conversaríamos depois que a prova acabasse, logo depois o professor aplicador da prova entrou pela porta e se posicionou diante à mesa. Primeiramente ele começou entregando a prova de artes, depois entregou a de história, depois a de filosofia e por fim a de sociologia. Comecei pela de filosofia, pois era a mais fácil, depois passei para a de artes. Não levei mais que meia hora em sociologia, mas história estava impossível. Reconheço que pelo fato de eu não ter estudado muito para a matéria, ela acabou se tornando mais complicada para mim.
Faltavam exatamente 5 minutos quando eu saí da sala de prova, Já haviam descido muitos, mas Álice ainda havia ficado lá terminando a prova. Ben já me esperava na mesa do dia anterior com um belo sorriso no rosto;
--Que alegria, foi bem nas provas de hoje?
--Acho que sim, mas estou sorrindo para te animar.
--Que fofo.
--Seu fofo, e de ninguém mais.
Me senti tão especial com essa fala dele que fiquei mesmo nas nuvens. Ficamos de carinhos e chamegos esperando os outros descerem, porém me senti constrangido quando vi Cris saindo do banheiro e vendo de longe Ben e eu juntos. Mesmo estando afastados eu ainda sente alguma coisa por ele, se era amor eu não sei, mas provavelmente não, pois eu sabia... Que estava começando a me apaixonar pelo Ben.
Depois de uns minutos Álice desceu pelas escadas, parecia animada;
--Oi amiga.
--Oi , tenho que te contar uma coisa. (Álice)
--O que é de tão importante para você estar tão animada? (Benjamin)
--Eu descobri uma coisa muito chocante. (Álice)
--Sobre o que?
--É um assunto meio delicado, podemos almoçar juntos hoje para que eu possa contar com mais calma? (Álice)
--Acho que sim, está livre Ben?
--Sim, minha mãe está de folga hoje. (Benjamin)
--Ótimo, então vamos lá pra casa e você conta essa bomba. Só espera um pouco, Edward ainda não desceu.
--Beleza. (Álice)
Ficamos falando sobre coisas aleatórias até que vimos alguém descendo pela escada e pensamos ser Edward, mas na verdade era a novata. Ela nos viu e veio falar conosco;
--Oi gente. (Ângela)
--Oi, como está se saindo nas provas? (Benjamin)
--Acho que estou indo muito bem. (Ângela)
--Maravilha. (Benjamin)
--Quem é você? (Álice)
--Desculpe não me apresentei, eu sou a Ângela, e você é? (Ângela)
--Meu nome é Álice. (Álice)
--Muito prazer, é muito bom conhecê-la. (Ângela)
--Igualmente. (Álice)
Por algum motivo, Álice se pôs a olhar pra ela com uma cara  de avaliação constante. Fiquei me perguntando se ela reconhecera ela de algum lugar assim como eu. Nesse momento Edward apareceu;
--Caramba que demora homem. (Benjamin)
--Eu praticamente me humilhei pro professor me deixar mais dois minutos para eu finalizar a questão sete de sociologia. (Edward)
--E ele deixou? (Benjamin)
--Sim. (Edward)
--Maravilha, vamos então para que Álice conte logo o que quer dizer. Bom Ângela, nós temos que ir, te vemos depois.
--Ah sim claro. (Ângela)
--Olha, podíamos chamar ela também fofo. (Benjamin)
Confesso que ali ele pisou na bola. Como pode agente mal ter conhecido a garota e já ir chamando ela pra sair com agente ou ir na minha casa? Fiz uma cara pra ele que ele se tocou na hora, mas disfarçamos;
--Bom, se quiser ir então... É nossa convidada.
--Pra onde vocês vão? (Ângela)
--Vamos almoçar na casa do Espurr. (Álice)
--Ah , bom eu posso ir sim, mas tenho um pouquinho de vergonha. (Ângela)
--Não precisa ter, somos muito tranquilos. (Edward)
--Tá bom então. (Ângela)
E lá fomos nós rumo a minha casa. Eu realmente estava pensando em inúmeras coisas, uma é que eu sentia falta da amizade do Cristian. A segunda é que eu estava muito preocupado com João e essa viagem de última hora dele. A terceira é que aquela garota não tinha decido na minha garganta por nada e a última era aquele estranho disparo do alarme. Chegamos em casa e já de cara pude sentir o cheiro de comida fresca na mesa, papai tinha caprichado. Frango assado, carne moída, arroz a grega, feijão preto, salada de maionese e refrigerante de limão;
--Oi filho, o almoço já está pronto e servido, só lavem as mãos e pode atacar. (Papai)
--Valeu pai, eu trouxe uns amigos pra almoçar aqui hoje.
--Ah sim, tudo bem filho. Oi jovens, como vai Ben? (Papai)
--Vou bem e o senhor como está? (Benjamin)
--Estou ótimo. (Papai)
--Gente vocês podem ir lavando a mão, Edward vai lhes mostrar o lavabo, papai podemos conversar rapidinho na cozinha?
--Claro. (Papai)
Entrei com ele pra cozinha para que os outros não ouvisse o assunto;
--O que houve filho?
--Muitas coisas, mas primeiro onde o senhor estava ontem que não dormiu em casa?
--Eu dormi lá na minha casa, levei muito tempo arrumando tudo pro seu irmão, acabei dormindo.
--Entendi. Bom fiquei preocupado depois de ter acontecido algumas coisas aqui.
--Que coisas?
--Tentaram invadir a casa pai.
--Como é?
--É isso mesmo, o alarme disparou ontem e Edward disse ter visto uma sombra em cima do muro tentando entrar.
--Meu Deus, vocês estão bem? Chamaram a polícia?
--Não, estávamos esperando o senhor chegar, mas como não apareceu nós fomos dormir, até coloquei o Denver para passar a noite na lavanderia para não ficar lá fora desprotegido.
--Espurr mil desculpas filho, eu não devia ter perdido a hora. Mas e o João?
--Não tem problema pai, e esse é o outro problema. João viajou.
--Como? Mas quando?
--Ontem, ele não disse os motivos, mas ele foi e não sabe quando volta.
--Filho, mas ele tinha que ter me avisado, pois eu estava crente que ele estava aqui.
--Pois é, mas espero que ele volte logo, ele tem que ir na viagem a fazenda, temos muito que falar com minha avó.
--Ele vai voltar logo, você vai ver.
--Espero, bom vamos almoçar. Denver já comeu?
--Já, inclusive ele estava meio estranho hoje quando o coloquei na casa dos fundos.
--Estranho como?
--Meio agressivo, não me atacou, mas estava mais feroz e resistente a me escutar.
--Eu vou ver o que ele tem, vê se os meus amigos já se serviram por favor pai.
--Está bem, cuidado e chame se ele estiver agressivo.
--Tá bem.
Agora sim fechou o pacote das coisas estranhas, Denver não era nem um pouco agressivo apesar de sua natureza de tigre. Algo estava errado, eu tinha que verificar. Entrei na casa dos fundos  e procurei por ele, fiquei meio apavorado quando não o achei de cara, revistei tudo até que entrei em um dos quartos e ele estava lá, como um predador pronto pra me atacar, estava mesmo prestes a dar um pulo, porém eu me aproximei devagar e ele começou a sentir meu cheiro e a me analisar, ele percebeu que era eu. Daí se desarmou e ficou mansinho de novo, mas realmente ele estava agressivo, iria me atacar se eu tivesse entrado rapidamente. Algo tinha acontecido e isso era óbvio. Mas o que?
Dei a volta pelo jardim dos fundos e pude ver todos na mesa de jantar me esperando. Lavei as mãos no lavabo e me sentei  mesa;
--Como foi com ele filho? (Papai)
--Realmente algo está errado, tenho que ver o que está havendo com ele.
--Do que estão falando? (Álice)
--Denver está agressivo, algo está incomodando ele.
--Quem é Denver? (Ângela)
--Meu tigre.
Ela arregalou os olhos e me olhou, acho que desacreditando do que eu tinha acabado de dizer;
--Você tem um tigre? (Ângela)
--E branco ainda por cima, um lindo. (Benjamin)
--Mas você tem licença para ter um felino desses ? (Ângela)
--Claro, eu não faria algo ilegal assim.
--Já viu se não é algo no pelo? (Edward)
--Não, o pelo está macio, macio.  Enfim, Álice o era tão importante que você queria nos dizer?
--Ah sim, bom. Espurr você lembra que no dia que tentaram te sequestrar, os caras deixaram aquela foto pra trás? (Álice)
Quase tive um treco com essa fala dela, me lembrei mesmo daquele dia e das lembranças que ele me trouxe;
--O que tem Álice?
--Bom eu andei investigando e descobri que de trata de um grupo de crianças que tinham um grupo de resolução de mistérios, mas também descobri que eles desapareceram a quase dois anos na cidade em que viviam... Cajamar, um deles até morreu inclusive. Foi então que minha curiosidade atiçou mais, comecei a investigar mais e mais até que descobri que uma das crianças não saiu da cidade, verifiquei todos as listas de passageiros da época e pessoas presentes em carros de viagem na saída e entrada da cidade.

Eu engasguei na mesma hora, quase vomitei dentro do prato. O mais estranho é que eu não fui o único, a garota nova também começou a tossir e a engasgar. Parecia que ela também não havia gostado nada de ouvir aquilo. Mas o principal de tudo, Álice sabia muitas coisas... Coisas essas, que não deveria saber.
Me recompus e continuei ouvindo o que ela tinha a dizer;
--Vocês tão bem? (Edward)
--Que que deu em vocês? (Álice)
--Tá tudo bem fofo? (Benjamin)
--Está sim.
--Quer mais água? (Benjamin)
--Sim, por favor. 
--Bom posso terminar? (Álice)
--Fale.
--Então continuando, descobri a respeito desses três, mas os outros dois nada. Naomi Williams realmente desapareceu, e bom... O Cristal morreu então. (Álice)
Eu estava pasmo de como ela tinha descoberto tudo aquilo, como que ela havia arranjado tempo  é algo que eu me assombrava. Agora algo ainda mais espantoso, é o fato da tal Ângela ter tido a mesma reação que a minha. O que ela estava escondendo também?
--Aqui mais água fofo, bebe pra você ficar mais calmo. (Benjamin)
--Fofo? (Papai)
Eu e Ben nos olhamos com uma cara de “E agora?”;
--Porque chamou ele assim Benjamin? (Papai)
--Então pai, preciso contar uma coisa pro senhor.
--O que ? (Papai)
Agora sim eu estava encrencado. Eu ia experimentar o que os caras de filmes tanto diziam, ou eu ia perder... Ou eu ia ganhar. Se bem que numa conversa desse tipo e com o meu pai, eu tinha muito mais chances de perder, do que de ganhar. O lado positivo era que independente do resultado... Ben estaria do meu lado, mas se meu pai não aprovasse, eu teria que fazer uma das coisas que mais me doeria fazer na vida. 

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora