CAPÍTULO 22: FELICIDADES PARA VOCÊ E PROBLEMAS PARA MIM☀️

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Meu universo estava se desfazendo, meus segredos mais obscuros estavam prestes a ser revelados. Gotas geladas começavam a se formar em minha testa, era sem dúvida um momento crítico  e no qual eu me encontrei encurralado de uma maneira inexplicável, mas não dava mais para fugir;

--Cristian, há um segredo terrível que assombra minha vida, um segredo que quase me matou a dois anos e novamente quase me matou naquele tiroteio, no qual também quase matou você e o Edward junto. 
--Você sabe quem tentou nos matar? Porque não disse nada?

Ali já comecei a me ferir, pois realmente se eu tivesse falado, talvez teriam se defendido, mas o maluco do Doutor P ainda assim tentaria algo. Respirei fundo e tentei me manter o mais calmo que pude;

--Para proteger todos. Se não contei nada foi pela segurança da minha família, pela segurança dos nossos amigos, pela segurança da Álice e pela sua segurança.
--Espurr poderíamos ter resolvido, mas isso tomou um rumo perigoso, chegaram ao ponto de invadir sua casa para tentar te matar.
--Isso é o menos pesado de tudo.
--Espurr, quero te ajudar, mas preciso que me conte tudo o que está havendo.
--Cristian, isso tudo começou quando eu fui embora.
--Como assim? Estão te perseguindo desde aquela época?
--Na verdade, naquela época foi onde tudo se iniciou.
--Me conta exatamente tudo, detalhe por detalhe.

Respirei ainda mais fundo e voltei minhas lembranças aonde tudo havia começado, relembrei tudo o que vivi em Cajamar e todos os momentos que vivi até aquele instante;

--Cristian... Já ouviu falar na Mistério O.E?
--Não, quem são?
--Eles eram um grupo de jovens que  solucionavam mistérios em uma cidade de São Paulo, Cajamar... Onde eu vivi todos esses anos.
--Espera, você não disse que estava em Guarulhos?
--Eu menti, menti e pedi que minha mãe jamais dissesse a verdade.
--Mas porque Espurr?
--Para viver Cristian. Quando eu cheguei na cidade de Cajamar tudo era novo pra mim, entrei na escola mais falada da cidade e pensei que seria um pesadelo, o que de certa forma foi mesmo, tirando a parte em que os conheci.
--Conheceu quem?
--A mistério O.E, eram crianças na época em que os conheci.
--Você os conheceu?
--Não só os conheci como também fui eu quem os criei.
--Você criou um grupo de resolução de mistérios na infância? Porque?
--Você sabe que eu sempre tive fascínio pelo oculto e por coisas não explicadas. Haviam tantos casos que a polícia não conseguia resolver naquela cidade que ficamos famosos lá por sermos os “heróis”.
--Isso realmente é uma surpresa enorme e... Espera ai. Mistério O.E, Mistério O.E... Esse nome não estava naquele cartaz que mostrava aqueles quatro jovens?  Quando você quase foi sequestrado, e nós lutamos com aqueles caras estranhos um deles deixou um papel  cair com o rosto de quatro jovens e com esse nome, Mistério O.E.
--Você está certo, e aqueles jovens que estavam no cartaz são eles.
--Os membros do grupo...
--Gael Parks, Naomi Willians
    Marisol lima, Jean Alvares e
     Cristal Gomes. 
--Você conheceu todos eles?
--Todos.
--Mas isso não faz sentido em uma parte, como foi que você criou o grupo sendo que você não está nele?
--Quem te disse que eu não estou nele?
--Seu nome não apareceu junto ao deles.
--Apareceu sim, só que ninguém se deu conta ainda.
-Mas como, se só estavam os nomes deles lá?
--Cristian, sinto em dizer que teve coisas que eu fui obrigado a esconder de você e da Álice, mas foi somente para protegê-los eu juro.
--Coisas tipo?
--Meu nome... Meu nome nunca foi Espurr,  eu que escolhi esse nome quando tinha menos de 5 anos porque não gostava do meu verdadeiro nome.
--Como é? Isso não faz sentido, com assim? Isso é brincadeira?
--Nunca falei tão sério em toda minha vida, e você sabe bem disso porque se tem uma pessoa para quem eu jamais mentiria é você.
--Já não sei de mais nada, olha o absurdo que você está me dizendo. Quem é você então?

Ele se levantou e começou a andar de um lado pro outro, parecia estar tendo um surto. Quando parecia ter se tranquilizado, virou-se para mim e me encarou profundamente;

--Se seu nome não é Espurr... Quem é você? Quem na verdade é essa pessoa que está na minha frente? Qual a verdadeira identidade da pessoa que eu amo?
--Cristian... –Eu disse me levantando e ficando de frente para ele. --Meu verdadeiro nome é Cristal, Cristal Gomes Montieul.
--Não, isso não é possível. Como que pode isso ser verdade.
--Por favor, se acalma e tenta me escutar.
--Escutar? Eu acreditei em uma pessoa que... uma pessoa que nem é real. Porque mentiu pra mim? Eu só quero entender.
--Eu disse, não gostava do meu nome e por isso o mudei, mas quando fui embora e cheguei em Cajamar, acabaram descobrindo e tive que aceitar ser chamado por Cristal, mas eu nunca gostei. Nesse tempo foi quando formei a Mistério O.E e nos aventuramos por Cajamar.
--E o que esse cara tinha a ver com isso? E seu corte na perna? São muitas coisas a saber Espu... Cristal, sei lá como te chamar.
--Pode me chamar de Espurr, os outros não podem saber para não ficarem em perigo.
--Que perigo?
--Meus amigos da Mistério e eu descobrimos o maior caso de todos, tentamos solucionar e quase perdemos nossas vidas. Um psicopata em busca de um tesouro que ele acredita estar escondido abaixo de Cajamar quase nos matou, e hoje está procurando por mim que nem uma fera faminta.
--O psicopata seria...
--O Doutor P.
--O que ele quer com você?
--Além de se vingar por eu ter arruinado os planos dele, obviamente quer o tesouro que a anos procura.
--Você encontrou esse tesouro?
--Não, a Mistério se desfez no dia em que detemos ele. Gael se isolou de tudo,  Naomi agora é outra pessoa, e os outros dois eu nunca mais tive notícias. –Fiquei bem triste ao falar isso, pois a dor da perna não era nada comparada a dor de lembrar a pessoa em que Naomi se transformou.
--Então... Foi por isso que você voltou. Voltou para fugir dele não foi?
--Em parte sim, mas também porque todos em Cajamar acreditam que eu esteje morto.
--Porque pensam isso?
--Ele foi preso porque forjei minha morte no dia em que o detemos, e por isso ele foi mandado pra cadeia.
--Você armou pra que  esse homem fosse culpado  de um homicídio?
--Foi preciso, ou então ele iria matar todos de verdade. Você não o conhece e nem o conheceu naquele tempo Cris, ele é um maníaco dos piores e não vai parar até conseguir o que quer, e antes que ele continue indo mais além, eu vou ter que pará-lo.
--Você não vai embora de novo né?
--Porque essa pergunta?
--Porque? Sabe o que eu tô sentindo agora?
--O que?
--Estou indignado de você não ter me dito nada, mas também estou com medo... Medo de que esse cara mande fazer algo com você, ou de você ir embora de novo para pará-lo. Espurr, eu não suportaria te perder de novo, não posso.
--E acha que eu suportaria se ele fizesse algo a você ou a algum dos outros? É por isso que vou pará-lo custe o que custar.
--Não, você não vai fazer isso sozinho, eu não vou deixar esse idiota fazer nada com você.
--Cris ele é doente, nada é impossível para ele.
--Eu me torno  pior que ele se ele encostar um dedo em você. Espurr, eu não posso ficar sem você de novo, dessa vez eu não aguentaria como aguentei por dez anos.
--E não vai ser preciso, eu vou resolver, te prometo. –Disse fechando meus olhos e encostando minha cabeça na dele de frente.

Ele segurou nas minhas mãos e parecia estar se acalmando, mas sua respiração era forte;

--Não sabe a vontade que eu estou de estar com você Espurr. –Disse ele de olhos fechados.
--Estamos juntos aqui agora, muito obrigado por ser meu confidente e por sempre estar do meu lado.
--Eu sempre vou estar do seu lado, não importa como e nem em que situação, será sempre você a pessoa que eu vou apoiar e sempre vou amar mesmo estando com outra.
--Cris, de verdade não sabe como me dói que não possamos estar juntos.
--Em mim dói o dobro pode ter certeza. Ter ouvido você dizer que me ama foi tudo que eu sempre quis, e agora nem sequer podemos estar juntos do jeito que queremos.
--Esse é outro assunto que temos que falar, como vamos aguentar isso? Nos vermos, nos olharmos e nem sequer poder fazer nada apesar de nos amarmos?
--Não me faça essa pergunta porque eu não queria nem estar passando por isso.
--Precisamos, querendo ou não somos comprometidos com pessoas diferentes agora, eu ainda não oficializei nada com o Ben, mas não vou enganá-lo de maneira nenhuma, ele é um bom rapaz e eu jamais faria algo que o magoasse. 
--Eu compreendo, também não posso deixar a Eva, ela apostou tudo em mim, não posso abandoná-la agora.
--Então é isso, não nos veremos mais dessa maneira Cris, nada irá interferir na nossa amizade, mas somente haverá isso entre nós, a mesma amizade de anos que nos une. 
--Isso vai ser a coisa mais difícil que eu farei em toda minha vida.
--Tem que ser assim, mas pense que você pode se apaixonar pela Eva, ela esteve com você nos momentos em que estava magoado comigo, então tente amá-la da mesma maneira...
--Que eu amo você? Não, isso nunca irá acontecer, pode ser que eu me interesse por ela  um dia, mas não será jamais o mesmo que eu sinto por você.
--Nada é impossível Cris. Eu vou fazer o que eu puder para me interessar pelo Ben, mesmo que leve um tempo, mas eu vou conseguir.

Ficamos daquele jeito por minutos, até que eu me lembrei que o cara estava desacordado no quintal com meu tigre solto e cheio de raiva;

--Minha nossa, Cris o cara... Denver vai matá-lo.
--Vamos rápido.

Demos a volta e saímos no jardim dos fundos, mas a surpresa nos pegou. Denver estava sozinho e parecia mais calmo, mas o cara esquisito não estava mais lá no chão onde o deixamos. O infeliz havia fugido, minha preocupação começou a suar na minha testa, pois eu já sabia o que estava por vir;

--E agora Espurr? Ele pode voltar.
--Não só pode como vai voltar, tenho que ficar de olho e proteger Edward.
--O Edward?
--Segui eles outro dia e descobri que andam me vigiando, e ainda por cima que moram aqui na casa da frente. Estão esperando só uma oportunidade de me levarem, mas disseram que tem ele no caminho, daí aquele psicopata os mandou se livrar de toda e qualquer distração que estivesse no caminho, no caso... O Edward.
--Vocês estão correndo risco aqui, não querem ir pra minha casa?
--Não vai ser preciso, vou passar o recesso da escola na fazenda dos meus avós, e vou levar Edward comigo.
--Vão só os dois?
--Não, Benjamim e o irmão mais novo dele vão conosco também.
--Escuta, se quiser... Posso ir pra cuidar de você.
--Está tudo bem, eu vou estar muito mais em paz lá, no campo com o belo cheiro das plantas.
--E o que vai fazer com seu tigre?
--Eu sinceramente não sei ainda, mas provavelmente irei levá-lo comigo.
--Como vai fazer isso sem chamar atenção das autoridades?
--Tem uma rota pela via sul, que quase não se passa ninguém por lá, no máximo que irei encontrar no caminho serão alguns turistas.
--Por favor tome cuidado, e a respeito do que conversamos aqui, não se preocupe que eu não direi a ninguém. 
--Muito obrigado, e por tudo que é mais sagrado, não se meta nisso, sua vida é uma das que eu mais temo em se machucar se se envolver nisso.
--Se preocupa comigo?
--Claro que me preocupo, se algo te acontece por minha culpa eu não me perdoou nunca.
--Nada vai acontecer, mas minha prioridade é proteger você.
--Já está me protegendo, ficando fora do perigo e me deixando resolver tudo.

Levei ele até a saída e o observei ir embora  pela rua. Assim que o vi virar na esquina, me virei e fiquei analisando a casa a frente da minha. Aqueles ordinários estavam lá dentro e eu sabia, me passou pela cabeça entrar lá e tirar a prova por mim mesmo que de fato foram mandados por aquele louco, mas assim que dei um passo pra fazer isso, ouvi um rosnado. Denver estava parado atrás de mim com um olhar raivoso e  olhando fixamente para o alto da casa a nossa frente, ergui a visão e pude ver na varanda do topo uma pessoa nos observando da mesma forma, mas mesmo de longe a pessoa não me era estranha, olhei melhor com a luz do poste iluminando a rua e pude comprovar minha suspeita... Naomi.     
   Ela nos olhava da sacada com um olhar de raiva aparentemente, coloquei minha perna ferida um passo a frente para que ficasse na frente de seu ângulo de visão, mesmo que um dia tenhamos sido amigos, aquilo que fiz foi como um sinal de que nada do que ela tentasse me faria me render. Dei as costas e fui para dentro, Denver com muito custo me seguiu, meu tigre e eu parecíamos nos conectar quando algo nos ameaçava, o que era muito incrível e surreal.
Já na sala, me coloquei pensar no que era importante no momento, a surpresa do Edward. Subi pro meu quarto, coloquei o despertador para levantar bem cedo e me joguei na cama.
Eram sete em ponto quando ele tocou, levantei com muito custo de vontade e me direcionei ao banheiro. Tomei um belo banho para renovar a energia, novamente em água morna, mas um quente teria me despertado mais. Coloquei uma roupa toda preta, peguei uma quantia em dinheiro que eu tinha guardada e saí para a loja de animais no norte da cidade. Enquanto esperava o motorista de aplicativo em frente de casa, notei que o carro dos vândalos não estava na frente da garagem deles, o que significava que eles não estavam lá naquele momento, me dando uma imensa vontade de invadir e descobrir o plano ao certo.  Descartei essa ideia porque haviam coisas mais importantes no momento, o motorista chegou em seguida e fui rumo ao norte.
As lojas de lá eram bem movimentadas, o motorista não teve erro em acertar a loja para minha sorte. Desci e fiquei observando por fora antes de entrar, haviam vários animais á mostra na vitrine, da direita algumas espécies de lagartos e da esquerda algumas de aves. Entrei e realmente era surpreendente, haviam muitos animais ali, de insetos a de grande porte. Segui para o caixa para me informar sobre minha busca e não havia ninguém lá, por conta própria fui andando e me guiando pela loja e bingo, assim que virei o segundo corredor dei de cara com os recipientes de escorpião. Olhei de um por um até que achei o danado que estava na página marcada de Edward, sem dúvida devia ser bem veneno, pois em seu vidro tinha uma plaquinha de caveira em vermelho. Me aproximei mais do vidro para conferir e quase infarto com uma mão que agarrou meu ombro no exato momento em que eu ia tocar no vridro;

--Ai que susto.
--Por acaso não viu a placa? Sem tocar nos vidros.
--Não eu não vi, desculpe.
--Por acaso sabe como esse bicho é perigoso? Só se entra nessa sessão quem vem realmente comprar, e não só olhar.
--Eu sei moça, estou aqui justamente para comprar, quero esse aqui por favor.
--Você vai levar um escorpião?
--Sim, algum problema?
--Não nenhum, só acho meio suspeito.
--É um presente. Meu amigo faz anos hoje e ele quer um desse, então vou presentear ele com isso.
--Um amigo quer um animal de extremo perigo? Por acaso sabe pra que ele quer isso?
--Um animal de estimação?
--Estranho e peculiar ter um escorpião como animal de estimação.
--Bom, aí já não é comigo, vou apenas presentear.
--Está bem, vou colocar a proteção ideal para você levá-lo.
--Obrigado.

Fomos até o caixa e ela me pareceu séria, não que eu tivesse algo contra ou que era da minha conta, mas uma garota que aparentava ser nova estar tão séria daquela maneira logo cedo e numa loja de animais exóticos, era estranho;

--Porque está me olhando?
--Você trabalha aqui a muito tempo?
--Te interessa?
--Não, só curiosidade mesmo.
--Bem curioso você né.
--Sou, é de nascença.
--Isso não foi um elogio tá.
--Imaginei que não fosse.

Ela deu um riso do canto da boca, o que me deixo bem, pois eu amava fazer as pessoas rirem comigo, o que me fazia achar que quando eu morresse eu ia querer deixar uma lembrança inesquecível com cada uma das pessoas que gostavam de mim.  Enquanto ela protegia o recipiente eu olhava em volta analisando os detalhes do balcão, até que uma voz familiar soou no ambiente quando a porta se abriu;

--Opa de casa, como estão meus bichinhos hoje? (Diego)
--Você sempre vindo me incomodar logo cedo né mágico de uma figa. (Sofia)
--Olha, eu sou cliente em, não se deve tratar assim a freguesia. (Diego)

Ele se aproximou do balcão e então eu me virei, seus olhos bateram dentro dos meus no mesmo instante;

--Espurr? O que faz aqui? (Diego)
--Eu que te pergunto, o que faz aqui no norte da cidade Diego?
--Ele vem sempre aqui. (Sofia)
--É, bom eu meio que moro por aqui, só vou pros lados do centro da cidade quando é trabalho. (Diego)
--Ah, entendo.
--Você conhece o sem medo ai Diego? (Sofia)
--Sem medo? (Diego)
--É, só uma pessoa sem medo para comprar um escorpião perigoso como esse. (Sofia)
--Oi? Porque está comprando um escorpião? (Diego)
--É um presente de aniversário para uma pessoa importante, ele quer um e eu quero presentear.
--Com um animal perigoso desses? Tome cuidado. (Diego)
--Eu vou não se preocupe, mas e você? Como vão seus shows?
--Ótimos, melhor a cada um que passa. (Diego)
--Arran confia, muito melhor né. (Sofia)
--Só sabe me criticar impressionante. (Diego)
--Se você da motivos eu não tenho culpa. (Sofia)
--Palhaça em. (Diego)
--Então tá né. –Eu disse rindo.
--Você já vai? (Diego)
--Vou, estou na correria. Hoje tem uma surpresa de aniversário pro Edward lá na minha casa.
--É aniversário dele? (Diego)
--Sim, se quiser pode ir, está convidado. 
--Sério? Olha eu vou sim em. (Diego)
--Vê se faz um número descente nessa festa viu mágico de segunda. (Sofia)
--Você também senhorita, pode ir também já que é amiga do Diego.
--Oi? Ela não é minha amiga, amigas não humilham os outros assim não. (Diego)
--A verdade é uma humilhação pra você mágico ? –Disse Sofia rindo.
--Bom, se você quiser ir pode ir junto do Diego, vai ser ótimo tê-los junto de nós.
--Claro, eu vou sim. (Diego)
--Eu vou ver, se der eu tento ir, mas obrigada pelo convite. (Sofia)
--De nada, até mais e aqui está o valor pelo animal.
--Muito obrigada, volte sempre. Só que da próxima espero um gosto menos peculiar para um presente. (Sofia)
--Vou pensar. –Eu falei rindo.

Saí da loja e dei uma observada, eles tinham muitas lojas em volta, decidi passar em uma de sapatos para ver umas botas, afinal no campo não há sapato de cidade que aguente. Ia atravessando a rua, no entanto senti uma tontura, minha visão se apagou e eu comecei a ter medo. Tudo escureceu e eu fiquei apavorado, daí em minha cabeça uma cena começou a se passar, eu via Edward chorando e pilotando uma moto, indo por uma estrada cheia de árvores em volta.  O que aquilo significava? Eu não fazia ideia, mas me deu muito medo.
Aos poucos minha visão foi retornando e uma mão me segurava enquanto eu lentamente levantava do chão, preferi ficar abaixado enquanto não tinha visão, pois assim evitaria que eu caísse de verdade e quebrasse o recipiente do animal venenoso que eu carregava. Um par de mãos me ajudou a levantar, novamente Diego;

--O que que você tem?
--Nada, minha visão só deu uma falhada mesmo.
--Jura que é só isso? Aparenta ser mais sério.
--Não, eu tô bem.
--Aonde vai agora?
--Naquela loja de sapatos.
--Eu te acompanho em todo seu percurso até chegar em casa, assim você chega em segurança.
--De maneira nenhuma, não quero te incomodar.
--Não é nenhum incômodo, estou sem nenhum compromisso por hoje, então seria uma satisfação para mim te acompanhar.
--Então vamos, eu prometo ser o mais rápido possível. 
--Não tenha pressa, faça suas coisas com calma.

Atravessamos a rua e fomos a loja. Provei mais de dez pares de botas, mas achei o ideal para mim. Enquanto eu trocava de uma para provar outra, me lembrava do meu vislumbre com Edward, era algo estranho, ver ele chorando mesmo que em uma cena imaginária era algo que me perturbava, pois me batia uma sensação de tristeza, como se ele fosse me deixar também.
Passamos em lojas de roupas, em lojas de variedades e muito mais. Eu tinha de levar um presente para vovó, não ia chegar lá de mãos abanando e ainda por cima com convidados sem levar nada, tinha tudo um belo planejamento. Já no carro para casa, notei Diego inquieto, parecia me observar agoniado;

--Algo errado?
--Sim, você. Você não é quieto assim.
--Estou pensativo Diego somente isso.
--Posso perguntar em que tanto pensa?
--No Edward. Tive uma sensação não muito boa hoje e ele me veio em mente.
--Acha que pode ser um aviso? Cuidado, pode ser por conta do escorpião.
--Não, não é bem... Deixa, é melhor eu esquecer isso.

Obviamente eu não ia esquecer aquilo, era de mim que eu estava me referindo e eu me conhecia o bastante para saber que eu jamais esqueceria uma coisa sem ter uma resposta para ela.
Chegamos na entrada e dei de cara com um carro parado em minha porta. Curioso entrei depressa e tive uma surpresa bem desagradável;

--Mais o que o senhor faz aqui?
--Bom dia rapaz. (Germano)
--Bom, estava até que bom até eu ver o senhor. Posso saber o que faz na minha casa?
--Como o que? Vim ver meu filho, afinal hoje é... (Germano)
--Aniversário dele, é eu sei. Ele sabe que você está aqui?
--Subiu a um tempo para se arrumar. (Germano)
--Espurr, quem é esse senhor? (Diego)
--Ele é o pai do Edward.
--Ah sim, me recordo dele falando desse senhor. (Diego)
--Pois é, é ele mesmo.
--Quer dizer que meu filho fala de mim? Que maravilha não? (Germano)
--Claro que fala, só que nenhuma dessas coisas é algo bom.
--Onde deixo essas sacolas Espurr?  (Diego)
--Pode deixar na área de serviço que já eu separo.

Ele foi andando deixando o pai de Edward e eu sozinhos;

--Você recebe muita gente nessa casa não é mesmo?
--Sim, amo visitas. As desejadas pelo menos.
--Vamos direto ao que interessa Espurr, tenho uma proposta para lhe fazer.
--Que tipo de proposta?
--Quanto você quer para tirar meu filho da sua casa?
--Como é?
--Isso mesmo, Edward tem que ficar comigo que sou o pai e a única família dele. O que você, outro jovem que não tem nada pode oferecer ao meu filho de futuro? Então a proposta que eu faço é a seguinte, pago o quanto quiser se convencer ele a ir embora da sua casa.

Eu não podia crer que aquele ser humano havia dito uma coisa daquelas para mim, quem ele pensava  que era?  Me subiu um imenso ódio, e não só por ele ter dito aquilo, mas também por ele pedir que eu expulsasse Edward de casa. Jamais em minha vida eu faria algo como aquilo, ainda mais permitir que ele saísse de perto de mim para ir pra perto de um homem que nunca se importou com ele. Edward era tudo o que eu tinha e eu não o entregaria de bandeja assim para aquele ser convencido.
    Ele podia até tentar, mas Edward se tornara parte de mim, e eu não permitiria que ele o machucasse em sentido algum.

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora