Entre para dentro novamente e vi que Edward lia algo no telefone, mas fiquei tão sem argumentos de consolação depois do que ele havia dito sobre o pai que eu não tive coragem para perguntar. Me sentei ao lado dele no sofá e ele desligou o celular jogando-o na mesinha de centro, deu play em um filme de ação e deitou no sofá apoiando a cabeça no meu colo. Seus cachos eram tão satisfatórios se acariciar que me davam uma sensação muito boa;
--Gosto quando você faz isso.
--Isso o que?
--Acariciar meu cabelo, me sinto leve. Como se o peso dos meus problemas sumissem.
--Se isso sumisse com seus problemas eu faria, só para que você ficasse mais tranquilo.
--Faria isso?
--Claro, somos amigos, praticamente irmãos.
Ele se calou por uns instantes, fiquei calado também já que vi que ele se concentrara no filme. Dentro de uns instantes, ele se sentou e virou de frente pra mim, abaixou o volume do filme e me virou também para que ficássemos cara a cara;
--O que houve?
--Porque?
--Porque o que?
--Porque é assim? Eu não merecia um terço do que fez por mim e mesmo assim fez, agora diz novamente que me considera um irmão.
--Sim idaí?
--idaí que você devia me odiar e não me odeia, deveria me detestar por tantos incidentes nossos.
--Já conversamos sobre isso, não guardo mágoa e nem rancor pelo passado, tudo já passou e hoje estamos aqui juntos.
--Queria que tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias, sem todos esses problemas que temos.
--Vai ver foram justamente esses problemas que nos uniram. Se parar para analisar somos bem iguais nisso.
--Escuta, não tem vontade de se reconciliar com sua mãe?
--Ter eu até tenho, mas toda vez que me lembro de que ela tentou me abortar e cogitou a possibilidade de me colocar para adoção, me sobe uma tristeza muito grande.
--Não foi legal o que ela fez, mas é sua mãe né. Um dia você vai ter que pelo menos conversar com ela normalmente.
--Um dia, um dia que eu espero que demore.
Ficamos conversando por mais ou menos uma hora. Depois, ele se levantou e foi ao banheiro, mas acabou deixando seu celular na mesa de centro bem diante de mim, e nisso ele vibrou. Não era do meu feitio ser curioso porém, olhei mesmo assim.
Era uma mensagem do pai dele;
“Amanhã é seu dia, mesmo você me odiando eu queria muito que viesse passar comigo, pois não é todo dia que meu filho mais velho vai fazer 16 anos.”
Oh céus, era aniversário dele no dia seguinte e eu nem sonhava. Ouvi ele voltando e me recompus no sofá novamente, mas ele nem sequer reparou, pois estava com o Notebook na mão e com uma cara bem estranha;
--Está tudo bem?
--Está, é que saiu as notas finais do bimestre.
--Mandaram as suas?
--As de todos eu acho, dá uma olhada no seu E-mail e confere se recebeu as suas.
--Tá bem.
Peguei meu telefone no bolso e comecei a chegar meus E-mails. Não havia nada, até que quando atualizou os arquivos, ele apareceu. Meu boletim era uma mistura se azul com vermelho, pois o boletim do primeiro bimestre era da minha antiga escola em Cajamar, com um estilo bem chamativo em vermelho, e por algum motivo ele havia sido mandado no mesmo E-mail do boletim do segundo bimestre que fiz na escola de Brasília. Não nego que me surpreendi e me abismei com a comparação de notas.
BOLETIM ESCOLAR 1 BIMESTRE
ALUNO: CRISTAL GOMES MONTIEUL
MATÉRIAS/DISCIPLINAS
ARTES: 9,80
BIOLOGIA: 8,90
EDUCAÇÃO FISICA: 10,00
ESPANHOL: 10,00
FILOSOFIA:8,70
FISICA:7,70
GEOGRAFIA: 9,20
GROMETRIA: 7,80
HISTÓRIA: 9,00
INGLÊS: 6,60
MATEMÁTICA: 7,80
PORTUGUÊS: 10,00
QUÍMICA: 6,90
SOCIOLOGIA: 9,50
BOLETIM ESCOLAR 2 BIMESTRE
ALUNO: CRISTAL GOMES MONTIEUL
MATÉRIAS/DISCIPLINAS
ARTES: 10,00
BIOLOGIA: 10,00
EDUCAÇÃO FISICA: 10,00
ESPANHOL: 10,00
FILOSOFIA: 9,90
FÍSICA: 5,50
GEOGRAFIA: 9,90
GEOMETRIA: 9,90
HISTÓRIA: 9,80
INGLÊS: 7,90
MATEMÁTICA: 9,90
PORTUGUÊS: 10,00
QUÍMICA: 6,80
SOCIOLOGIA: 10,00
Eu não conseguia crer que minhas notas tinham melhorado tanto. Menos em Física que deu uma caída, mas eu realmente não entendi o que o professor estava ensinando, pois a maior parte do tempo meus pensamentos estavam longe. No entanto, disse ao Edward que o meu ainda não havia sido enviado, pois estava com meu nome verdadeiro nele, se Edward visse meu segredo estaria arruinado;
--O meu não foi enviado, e o seu?
--Sério, estranho. O meu está aqui, até que não fui ruim.
BOLETIM ESCOLAR 2 BIMESTRE
ALUNO: EDWARD ALMEIDA CERQUEIRA
MATERIAS/DISCIPLINAS
ARTES:7,70
BIOLOGIA:6,60
EDUCAÇÃO FISICA: 9,00
ESPANHOL: 7,50
FILOSOFIA: 7,00
FISICA: 5,00
GEOGRAFIA: 6,00
GEOMETRIA: 6,20
HISTÓRIA: 6,70
INGLÊS: 5,80
MATEMÁTICA: 6,20
PORTUGUÊS: 8,00
QUÍMICA: 5,30
SOCIOLOGIA: 7,80
Ele não havia ficado em nenhuma matéria, o que me deixou bastante orgulhoso. Abracei ele com muita alegria, pois ele havia ficado estudando muito e ao mesmo tempo em noites em claro comigo quando meu pai havia ido embora.
Quando subimos para dormir, peguei meu telefone e mandei uma mensagem para cada um de nossos amigos mais próximos. Eu pretendia fazer uma surpresa de aniversário para ele, mesmo que fosse algo simples, mas seria de coração. Assim que dei a ideia, recebi a confirmação de todos;
Álice: gostei da ideia, levarei mini-churros
Clarice: amei, vou levar os brigadeiros.
Lótus: tô dentro, levo os refrigerantes.
Benjamin: eu levo os salgados.
Levy: ótimo, levo trufas.
Mirella: uma festa oba, eu levo torta de frango.
Bom nem todos, Dylan nem sequer abriu minha mensagem. Achei estranho, mas deixei quieto. Como cada um levaria algo, eu fiquei de fazer o bolo, não seria difícil, mas eu tinha que pensar em um presente também, o que pra mim foi um pouco complicado já que eu não conhecia Edward tão bem pra saber do que ele gostaria de ganhar, então saí no meio da noite e entrei no quarto dele enquanto ele dormia. Olhei na mesa de estudos e não achei nada, até que abri um que ele estava lendo sobre animais perigosos. Havia uma observação escrita por ele na página 128, nela continha uma foto de um escorpião preto da Amazônia.
Eu não fazia ideia que ele gostava de animais venenosos. Saí do quarto e fui até a sala mexer no computador, fucei tudo que era site por quase uma hora, até que finalmente encontrei um que mostrava a localidade de uma loja de animais exóticos no norte da cidade. Anotei o endereço e guardei na capa do meu telefone, desliguei o computador e fui até a cozinha, peguei ovos, leite, farinha, fermento, manteiga, chocolate em pó e uma forma arredondada. Comecei a fazer a receita que estava guardada na minha memória, um bolo de chocolate amargo com granulado que mamãe fazia quando eu era criança, gostava tanto que lambia até a panela da calda.
Em 32 minutos o bolo estava no forno e eu estava terminando de lavar as louças sujas. Pela janela eu conseguia ver o reflexo da lua no vidro, ela estava linda em seu pleno e belo brilho. Depois de assado, coloquei a cobertura e em seguida o guardei na parte mais escondida da geladeira, coloquei uns itens que estavam lá na frente do bolo, para escondê-lo. Já eram quase uma da manhã, guardei tudo e me preparei para apagar as luzes e subir pro meu quarto, mas algo me chamou atenção, não havia perguntado ao Edward se ele tinha dado comida ao Denver antes de ir dormir, então passei pela lavanderia e acendi a luz do jardim dos fundos onde ficava a casinha dele. Observei e tudo parecia quieto, o que me deixou muito intrigado já que Denver era extremamente energizado, mesmo estando tarde se visse uma luz acessa ele já se apunhava de pé ou vinha correndo.
Me aproximei de sua casa e ela estava fechada a cadeado. Tentei ver pelo vidro e quase morri de susto, pois ele pulou de uma vez e parecia aborrecido, foi então que me toquei, ele não dormia de cadeado na casinha dele, e sua agitação estava mais para uma revolta. Algo estava muito errado, eu já vi Edward colocando ele na casinha várias vezes, então não havia sido ele quem trancou até porque ele subiu pro quarto assim que o filme acabou e checamos as notas. De repente um arrepio percorreu todo o meu corpo e um assombro tomou conta do meu ser, Denver parou e ficou me olhando fixamente, seus olhos azuis pareciam tentar me avisar de algo, e como eu queria ter me dado conta disso. De repente um braço se envolveu no meu pescoço me sufocando, era sem dúvidas um mata leão, ele ia me asfixiar em segundos, mas com muita agilidade dei um chute para trás que acertou seus órgãos genitais em cheio.
Com esse golpe consegui me libertar do mata leão e virei de frente pro subordinado. No mesmo instante me arrependi de fazer isso, ele estava de máscara e se contorcia de joelhos pela dor, ele olhou bem pra mim e eu observei no fundo de seus olhos, ele com muito esforço tentava se levantar, mas antes que ele fizesse isso eu me adiantei e puxei a máscara escura que escondia sua face. Eu não devia ter feito aquilo, pois sua cara me assustava mais que tudo que eu já havia vist9 no mundo, ele possuía uma cicatriz horrenda em meio ao pescoço até a parte da bochecha esquerda, seu sorriso psicótico era perturbador de se ver. Por um instante me paralisei de medo, mas por algum motivo que eu não sabia aquele homem com cara de psicopata me lembrou o pesadelo da Rubi;
--Se rende, é o melhor que você tem a fazer garoto.
--Quem é você e o que faz na minha casa seu estranho?
--Um mero trabalhador, contratado para executar uma missão.
--Mas que mis... Claro, você é o cara que o doente do Doutor P. contratou para me levar até ele não é?
--Olha, você é muito bem informado, até demais eu diria.
--Eu não sou idiota, muito menos um garotinho tonto, sei que se mudaram pra casa em frente.
--Se já tinha nos descoberto, porque é que não tomou uma atitude? Você é só um garoto, não pode contra mim, não sabe até onde eu já fui capaz de chegar e nem do que eu sou capaz.
--Então vem, tenta a sorte e vai ver se o garoto aqui não sabe se virar.
--Não me desafia, se não eu te estraçalho antes de te levar pro chefe.
--Vem, quero ver do que é capaz.
Ele avançou para me derrubar, mas eu me abaixei e ele passou direto batendo o rosto no vidro da casa do Denver. Corri por trás e pulei em seu pescoço, ele começou a rodar tentando me jogar no chão, e conseguiu, mas não antes que eu enfiasse a mão em seu bolso e pegasse um molho de chaves que estavam lá. Caí latejando de dor, pois o corte da perna bateu de frente com uma pedra que tinha do lado do pote de água do Denver. Ele olhava pra mim com uma cara de vitorioso, ia tirar algo do bolso traseiro da calça, mas algo louco aconteceu, alguém bateu na cabeça dele com um pedaço de pau, na hora não vi quem era, pois veio por trás e eu me contorcia de dor no chão. Quando percebi que ele estava no chão inconsciente, olhei pra cima e vi Cristian com cara de apavorado olhando pra mim;
--Espurr, mas o que é isso? Você está bem?
--Tô, só tá doendo muito.
--Vem, vou te levar pra dentro antes que ele acorde.
--Não, antes pega essa chave e testa uma por uma naquele cadeado, ele prendeu o Denver e ele está surtando, vai acabar quebrando esse vidro.
Ele testou cinco chaves diferentes e nada, até que na sexta o cadeado destravou. Ele abriu a porta e correu para me ajudar a levantar, em questão de segundos já estávamos na lavanderia. Com muito custo fui mancando até a sala e me joguei no sofá, Cristian me seguia atentamente para se certificar que eu não iria cair, mas eu estava com tanta dor que nem havia me tocado o que havia acabado de acontecer;
--Espurr, quem era aquele cara?
--Um maluco que invadiu a casa Cristian, tentei lidar, mas foi difícil.
--E quem é Doutor P?
Pronto, naquele exato momento eu me toquei do que havia acontecido;
--COMO SABE DISSO?
--Eu ouvi você e ele falando disso antes de golpeá-lo. Quem é esse cara e porque ele mandou aquele lunático atrás de você?
--Cris eu... Eu não posso... É algo muito sério.
--Você não confia em mim?
--É claro que eu confio, você é uma das poucas pessoas que eu confio, mas é algo arriscado até para sua própria vida.
--Você ia morrer ali fora se eu não tivesse aparecido, sem contar nesse corte que teve na perna e... Espera ai, esse corte foi feito por aquele cara que eu golpeei lá fora?
--Não, mas creio que estejam relacionados.
--Espurr por favor me explica que eu não estou entendendo nada.
Eu não estava acreditando que aquele momento havia chegado, a hora que eu finalmente contaria a alguém o maior segredo de toda a minha vida. Sinceramente pensei que seria descoberto pela Álice ou até pela minha própria mãe, mas não pelo garoto que além de ser meu melhor amigo, era o cara que eu amava.
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Teens 3☀️ Pôr do Sol
Любовные романыOs finais felizes sempre são lindos, mas essa história... Está longe de ter um final. Nossos personagens desafiadores continuam sua aventura insana, prestes a descobrir muitos e muitos mais segredos escondidos. Espurr está diante de perigos que que...