(Três anos antes em Cajamar)
Era uma noite fria, já passava das dez e estávamos correndo em direção a uma construção antiga no alto do monte da cidade. O vento soprava em nossos ouvidos, mas devido a adrenalina, o calor que estava dentro de nós nos aquecia, a cada passo que dávamos naquela correria pela mata, nos empolgávamos mais.
Chegamos no alto do monte íngreme, a construção parecia intocada a tempos. Era uma fábrica de instrumentos musicais que havia falido, nem devíamos ter ido aquele lugar, mas tudo indicava haver um mistério por lá. Entramos e vimos vários instrumentos quebrados, no chão havia traços degradados e as paredes carregavam manchas de água embolorada;
--Esse lugar está um lixo, tem certeza que viu alguém entrando aqui Gael? (Naomi)
--Claro que tenho, e só pode ter sido o tal cara que está causando assombros nos turistas da floresta. (Gael)
--Tudo aqui está me dando medo, não é melhor avisarmos a polícia para investigar isso? (Jean)
--Nós já resolvemos casos bem piores Jean, seja corajoso. Esse é só mais um mistério. (Gael)
--Pode ser só mais um Gael, mas nenhum dos outros nos fez invadir uma fábrica abandonada e talvez assombrada. (Jean)
--Jean tem razão Gael, temos que ir com calma.
--Olha, gente vamos focar somente nas pistas tá? (Naomi)
Enquanto discutíamos sobre o que devíamos fazer, a única do grupo que realmente trabalhava , estava encarando o vitral da parede central;
--Viu alguma coisa amiga? (Naomi)
--Esse vitral, algo está errado nele. (Marisol)
--O que está errado?
-- Essa é a pintura do Pablo Picasso, a guitarra azul em estilo abstrata. (Marisol)
--E o que há de errado nela? (Naomi)
--Aquele parte do canto ali de baixo está laranja, e a obra é totalmente azul. (Marisol)
Me aproximei e comecei a analisar a parte alaranjada do vitral. A arte era bem grande e a parte era praticamente do meu tamanho, pressionei ela com cuidado e ela simplesmente saiu do lugar, desgrudou em minhas mãos. Coloquei a peça no chão e me surpreendi com o que havia lá;
--Gente olha, tem um buraco extenso. (Naomi)
--Mas tem algo lá, vamos entrar. (Gael)
Passamos pela parte solta do vitral e saímos em um cômodo espesso e com várias pás, terra por metade do lugar e um enorme buraco no chão;
--Mas afinal o que significa isso? (Gael)
--Alguém andou escavando, sinal que estava procurando algo. (Marisol)
--Estava não, ainda deve estar, já que o Gael ainda o viu vir aqui noite passada.
--Então o que faremos ? Vamos descer esse buraco? (Jean)
--É o lógico se quisermos desvendar isso. (Gael)
--E se der errado? Ah não, acho melhor não descermos. (Jean)
--Para de ser mole Jean. (Gael)
--Não Gael, ele tem razão. Se descermos assim despreparados, podemos encontrar bichos, nos machucar ou até mesmo nos perder. (Marisol)
--Despreparados é algo que não estamos Mari, na minha mochila tem 4 belas lanternas carregadíssimas e um mapa das cavernas de toda a cidade. (Gael)
--E quem te disse que esse buraco dá em uma caverna Sherlock? (Jean)
--Isso é meio óbvio pela profundidade e pelas paredes íngremes que dar-se de avistar. (Gael)
--Só vamos, o importante é descobrirmos o que há lá embaixo. (Naomi)
--Espera ai , você trouxe somente quatro lanternas Gael? (Marisol)
--Claro, porque haveria de trazer mais? (Gael)
--Ah não sei né, talvez pelo fato de sermos cinco que tal? (Jean)
--Eu não me lembrei disso tá, só tinha essas lá no depósito do meu pai. (Gael)
--E agora? Um de nós vai ter que ficar? (Naomi)
--Relaxem, eu divido lanterna com o Jean, vocês seguem na frente caso de não enxergarmos o caminho.
--Feito, isso mesmo Cristal, coragem. Isso que esses molengas tão precisando urgentemente. (Gael)
--Se manque Gael, você que é muito afobado. (Jean)
--Olha chega tá, não sei o que que está havendo com vocês dois hoje, mas podem ir parando. Somos um time, unidos sempre fomos e sempre seremos.
--O Cristal tem razão, brigando desse jeito não vamos desvendar mistério nenhum. (Marisol)
--Ótimo, agora que resolvemos, vamos descer. Marisol, trouxe pilhas extras pras lanternas? (Naomi)
--Sim, mas não sei se vão ser suficientes. (Marisol)
--Se acabar nós voltamos.
--Maravilha, agora vamos. (Gael)
--Tá, mas como vamos descer? (Jean)
--Do único jeito né , pulando. (Gael)
--Óbvio que não Gael, precisamos de uma corda.
--Para que diabos precisamos de uma corda agora Cristal? (Gael)
--Para amarrar em alguma coisa pesada e descermos por ela, pois na hora de voltar não podemos pular lá de baixo até aqui né.
--Bem pensado. (Naomi)
Peguei uma corda na mochila do Jean e amarrei uma ponta em um móvel pesado que havia ali, uma espécie de estátua de mármore empoeirada, e a outra ponta jogamos buraco abaixo. Era tão cumprida que até ouvimos quando ela tocou o fundo do buraco. Descemos um a um pela corda, daí seguimos o caminho pela caverna que ao mesmo tempo sendo escura, conforme íamos andando ia ficando verde cintilante, uma cor linda.
Gael, Naomi e Marisol foram andando na frente enquanto Jean e eu íamos de braços dados para usarmos a lanterna juntos e não nos perder. Andamos por uns belos minutos, até que chegamos a uma lagoa nos subterrâneo daquela caverna. Tinha uma água brilhosa, era como um líquido do mais puro brilho de beleza. No centro dela havia um pedaço imerso, uma pilha de ossos e umas marcas estampadas numa faixa branca em torno da pilha;
--Mas o que é aquilo Deus? (Jean)
Nossos olhos brilharam como se nossas pupilas fossem feitas de ouro e prata;
--É estranho, mas ao mesmo tempo lindo. (Naomi)
--Essa água é tão cristalina quanto...
--Você. (Marisol)
Ela me olhou ao dizer isso;
--Isso é perturbador, certeza que aquilo preto naqueles ossos é sangue seco. (Jean)
--Vejam, tem algo em cima da pilha. (Gael)
Levantamos as vistas e vimos uma espécie de baú. Ao que dava pra avistar, não havia cadeado nem nada trancando ou bloqueando a abertura do baú;
--Vamos nadar até lá e abri-lo. (Gael)
--Enlouqueceu? (Jean)
--Jean está certo, com todos aqueles ossos ali, não duvido nada ter algum bicho nessas belas águas.
--Olha gente, não estamos pensando direito, vamos parar e pensar. Acho melhor irmos embora agora e voltar mais preparados para abrir aquele baú e averiguar o que há dentro. (Marisol)
--E porque deixar pra outro dia, se podemos fazer agora? (Gael)
--Talvez porque não tenha jeito da gente atravessar querido? (Naomi)
--Ah, bobeira. Podemos muito bem ir nadando. (Gael)
--Eu não entro nessa água nem pagando. (Jean)
--Gente olha só, se formos de fazer algo vamos logo, daqui a pouco nossos pais estão ligando atrás de nós. (Naomi)
--Ela tem razão, vamos fazer o seguinte então, já que você quer tanto ir até lá, você vai mergulhar Gael. Enquanto isso Jean e eu vamos verificar ao redor do monte para garantir que nenhum bicho vai sair das águas para te devorar. Naomi e Marisol, vejam se conseguem traduzir aqueles símbolos da faixa junto aos ossos.
--Beleza, lá vou eu. (Gael)
Gael tirou sua mochila, camiseta, calças e sapato. De cueca pulou na lagoa cristalina, e simplesmente era algo lindo de se ver. Uma pessoa nadando entre aquelas águas brilhantes e chamativas;
--Vamos Jean, você por aquele lado e eu por esse.
--Tá bom. (Jean)
Começamos a seguir Gael pelas beiradas da lagoa e não havia nenhum sinal de bicho algum. Naomi tirou um par de binóculos para Marisol tentar decifrar os símbolos e um caderno para ela ir anotando. Ele chegou na pilha;
--Maravilha cheguei. (Gael)
--Tá, arrasou. Agora vai logo e abre isso para sabermos o que é que tem ai dentro.
--É, eu até poderia né, mas tem um probleminha Cristal. (Gael)
--O que foi agora?
--A pilha tem vários fios brancos em volta presos em estacas de madeira. (Gael)
Jean e eu nos olhamos com um olhar que já sabíamos o que aquilo significava;
--É uma armadilha, certeza. (Jean)
--Como anda a tradução dos símbolos Marisol?
--Tá indo, vão tentando ai que vamos tentando aqui. (Marisol)
--Vou escalar com cuidado. (Gael)
--Pelo amor de Deus criatura não encoste em nenhum desses fios.
Ele se virou e deu uma piscadinha rindo pra mim. Por algum motivo Gael sempre foi muito palhacinho e encrenqueiro. Ele escalou rapidamente e sem esbarrar em nenhum fio, fiquei perplexo. Quando chegou ao topo, fez um bom esforço para abrir o baú, e de lá de dentro tirou algo que mudou toda nossa vida;
--Que loucura. (Gael)
--O que que tem ai? (Jean)
--Aparentemente é um papel, mas está enrolado e preso a uma fita aqui dentro. (Gael)
--Arranca a fita ué. (Jean)
--Nossa, como não pensei nisso. (Gael)
Não nego que me deu uma enorme vontade de rir;
--Espera, Gael não faça... (Marisol)
Antes dela terminar sua fala, Gael havia arrancado o tal papel de dentro do baú. Ele o ergueu como se tivesse sido vitorioso;
--Viram? Foi mole que só. (Gael)
--O que é estranhamente suspeito. (Jean)
Nisso um vento frio se apossou da caverna m, com um leve desconforto. Ergui meus olhos e vi que a água da lagoa estava baixando e uma cachoeira estava se formando em um buraco atrás da pilha de ossos. Em um piscar de olhos a água tomou conta de tudo, as grutas começaram a tremer e tudo parecia que ia desabar;
--Vamos gente corre. (Naomi)
--Gael sai logo daí. (Marisol)
--Vão na frente eu espero ele, corram.
Naomi e Marisol correram iluminando seu caminho até a saída e Jean foi logo atrás. Gael havia pulado de volta na água e estava próximo a borda. Catei suas roupas e as soquei dentro da mochila, enquanto ele saia da água com o pedaço de papel na boca para não molhar;
--Vamos , temos que sair daqui antes que seja tarde.
Ele pegou no meu braço e saímos correndo igual dois abestalhados procurando a saída, pois nossas lanternas foram levadas pelo Jean e os outros já haviam saído. De tanto desespero em ouvir a força da água se aproximando prestes a nos engolir, pegamos um caminho qualquer, mas acredite se quiser... Era o caminho certo. Achamos o buraco e a água estava vindo cada vez mais forte. Ele me impulsionou para subir pela corda e eu o puxei depois que consegui subir, com a ajuda dos outros.
Já a salvos e em segurança, apenas olhando a água passar inundado o subterrâneo, percebemos o risco que havíamos corrido ali. Enquanto eu preparava tudo para sairmos dali, percebi que Gael não parava de olhar o tal papel;
--Essa foi por pouco. (Jean)
--Ei galera, vejam isso. (Gael)
Abrimos o tal papel, que na verdade se tratava de um mapa antigo, aparentemente um tesouro. Um tesouro antigo deixado pelos portugueses que poderia estar abaixo de nossos narizes e nem termos percebido;
--Afinal o que é isso? (Naomi)
--É um mapa de alguma antiguidade. (Marisol)
--É turma, talvez seja o mais intrigante de todos os nossos casos que já tivemos que lidar.
--Mas o que será isso? (Naomi).
--Não faço ideia, mas estou louco para descobrir. (Gael)
E ali juntos ficamos observando o tal mapa que levava ao tesouro. Éramos tão criancinhas que nem reparamos o que tínhamos em nossas mãos. Porém não sabíamos... Que aquilo, nos destruiria;
--O segredo foi revelado, o mistério foi iniciado, das cinzas a plumas a maldição consuma. (-----)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teens 3☀️ Pôr do Sol
RomanceOs finais felizes sempre são lindos, mas essa história... Está longe de ter um final. Nossos personagens desafiadores continuam sua aventura insana, prestes a descobrir muitos e muitos mais segredos escondidos. Espurr está diante de perigos que que...