(Cinco anos antes em Cajamar...)
Acende, apaga, acende, apaga, acende... Foi assim inúmeras vezes que fiquem igual um bestalhão com meu abajur novo. Ele tinha um estilo criativo que passada um efeito de estrelas do universo no teto do quarto. Estava quase dormindo vendo aqueles belos pontinhos no meu teto, até que ouço pequenos barulhos na minha janela, mas não qualquer barulho, e sim de algo batendo. Ne levantei e levantei a cortina cuidadosamente e quase infartei, se não houvesse um vidro ali, uma pedra teria acertado minha cara em cheio.
Olhei através do vidro e vi Gael do lado de fora me chamando. Só podia significar uma coisa, era um mistério novo, tínhamos um código de sempre que houvesse uma emergência, nós iriamos a qualquer hora. Abri a porta isolada do meu guarda-roupas e peguei meu casaco, desci cuidadosamente até a porta da sala. Quando saí pro quintal, Gael me esperava lá impaciente;
--Até que enfim majestade.
--Se pode me explicar como é que você entrou aqui?
--Ué, como sempre faço com a casa de todos os nossos amigos, pulando o muro.
--Uma hora você vai acabar se dando mal se algum vizinho vê e pensar que você é um ladrão.
--Não dá nada, meu poder é alto.
--O que me deixa ainda mais pasmo, você é filhinho de papai rico e sabe fazer coisas quem ninguém diria que faria.
--Enfim. Precisamos ir agora.
--O que é que houve pra você vir a minha casa essa hora?
--Nem tá tão tarde, ainda é onze e quarenta.—Disse ele me mostrando o relógio em seu pulso.
--Que seja, o que foi que aconteceu?
--Um assalto, a polícia quase pegou os bandidos, mas eles se refugiaram em uma loja de antiguidades no centro, encurralaram eles.
--Se a polícia já está cuidando disso não há razão para nos metermos Gael.
--Podia mesmo ser assim, mas eis que vimos algo que eles não viram.
--Vimos?
--Ah verdade, vamos os outros estão esperando no clubinho.
--Você foi na casa deles também?
--Sim, isso é bem importante.
--Meu Deus, tá já que você já veio aqui mesmo, vamos logo.
Abri o portão com cuidado e fomos rua a fora. Estava uma bela noite de lua cheia, as ruas vazias por conta do horário, exceto os barzinhos vagabundos que tinham nas esquinas. Em poucos minutos chegamos ao terreno baldio onde ficava a árvore com nosso clubinho. Achamos aquele lugar abandonado a muito tempo, vimos que havia uma casinha meio detonada em cima da árvore, então Gael fez com que seu pai reformasse ela para nós poucos meses depois de eu ter chegado na cidade.
Subimos a árvore e tentamos fazer o mínimo de barulho possível, no entanto era visível as luzes acesas dentro da casinha. Quando entramos, os três estavam comendo jujubas e analisando uns papeis em cima da nossa mesa de projetos. Sim, estávamos levando aquela coisa de detetives tão a sério que montamos nosso clubinho como uma mini agência de detetives infantis;
--Até que enfim chegaram, achamos que não viriam mais. (Naomi)
--Tive trabalho pra convencer o doutor demora aqui. (Gael)
--Até parece. Mais enfim, o que foi que descobriram sobre esse assalto eu está em andamento?
--Na verdade foi o conhecimento geográfico do Jean que descobriu. (Naomi)
Nos aproximamos e ficamos todos em volta da mesa;
--Olhem, aqui é loja de antiguidades onde os ladrões supostamente estão usando para se refugiar certo? (Jean)
--Sim, eai?
--Acontece que a polícia está tão afoita que nem se deu o trabalho de olhar as plantas do lugar para tentar uma entrada surpresa. (Jean)
--Espera, espera, o que isso tem a ver?
--Tem tudo a ver. Está vendo esses desenhos aqui em baixo da loja? (Jean)
--Sim, o que tem?
--São fios, ligados ao solo abaixo da loja. (Jean)
--Idaí?
--Essa foi a parte na qual ele parou porque não estávamos entendendo nada. (Gael)
--Vão entender agora. Cristal, pensa comigo, porque haveria fios em baixo da loja ligados a um solo? (Jean)
--Não teria motivos para haver, pois não tem razão para ter fios ligados a um solo.
--Exato, não teria motivos para haver ligação em um solo, mas e em algum outro lugar teria. Que lugar poderia necessitar de fios de aço como esses, tão potentes capazes de conectar a energia elétrica daqui até uma distância de 9 metros abaixo de nós? (Jean)
-- Abaixo de nós? (Naomi)
--Eu me refiro abaixo da cidade, mas um lugar que é acessível as pessoas. (Jean)
Ficamos pensativos por uns instantes, até que a ficha finalmente caiu;
--Espera, o único lugar que é acessível as pessoas, estaria a uma distância dessas e necessitaria de uma energia a fios de aço... Seria um meio de transporte.
--Exatamente, e que transporte fica nos confins da cidade e que os cidadãos tanto usam? (Jean)
--Metrô? (Marisol)
--Claro, uma estação de metrô.
--Isso. (Jean)
Ele abriu um imenso sorriso de triunfo quando nos fez entender seu raciocínio avançado;
--Tá ok, mas o que tem a ver tudo isso da estação com o roubo de agora? (Gael)
--Tudo. (Jean)
--Calma ai Jean, agora parando pra pensar, a estação de metrô é no lado norte da cidade e essa está no lado sul. (Naomi)
--Acontece minha cara amiga, que essa estação era a original da cidade, a que foi bloqueada pelo desabamento da antiga Cajamar. Por esse motivo, o governador decidiu construir uma estação nova, a atual que fica no lado norte da cidade enquanto essa está inabitada. (Jean)
--Estou entendendo aonde quer chegar. Você tá querendo dizer que existe uma forma deles chegarem nessa estação não é?
--Isso Cristal, isso. (Jean)
--Mas como isso é possível se a estação está a 9 metros abaixo do lugar? (Naomi)
--Não tem como chegarem lá. (Gael)
--Tem , um único jeito, mas tem. Na planta mostra os fios, e a o lado mostra um vago espaço entre eles, ou seja se conseguirem acesso a parte da loja que está ligada aos fios... (Marisol)
--Podem chegar a estação simplesmente descendo pelos fios, já que agora estão desligados e inativos por conta da inatividade da estação.
--Caralho como a polícia não se deu conta disso? (Gael)
--A pergunta é como nós nos demos conta disso.
--Mas gente, se a estação está bloqueada do acesso a cidade, pra que eles vão descer por lá? Para ficarem presos? (Naomi)
--Não, vejam. Antes de chegar a ponta bloqueada da cidade, tem um pequeno túnel, que segundo meus cálculos estão ligados a... Casa abandonada do lado oeste da cidade, a antiga casa do engenheiro Sérgio Silva das indústrias amanhecer. (Jean)
--O cara que morreu na obra da nossa escola a uns anos?
--Isso, a casa ficou totalmente inabitada e ninguém a quis comprar. (Jean)
--Então o túnel dá acesso a essa casa? (Naomi)
--Sim, e se minha teoria estiver certa, eles usaram a loja apenas como uma falsa fuga, quando na verdade eles vão fugir pelos fios até a antiga estação, e de lá vão seguir pelo túnel até a casa abandonada e de lá ficaram refugiados até a poeira baixar. (Jean)
--Então se isso está acontecendo agora...
--Eles ainda estão a caminho da casa abandonada pelos túneis. (Marisol)
--O que estamos esperando? Vamos até lá. (Gael)
--Endoidou? (Marisol)
--Temos que fazer algo pra ajudar, sem contar que isso vai nos deixar ainda mais famosos. (Gael)
--Por um lado ele tem razão, isso faria as autoridades nos levarem a sério. (Naomi)
--Não sei, isso pode acabar mal pra nós. (Jean)
--O plano foi seu. (Naomi)
--Que plano? Eu apenas mostrei como eles fugiram e como provavelmente estão tentando escapar. (Jean)
--Eu também acho arriscado, pode nos meter em encrenca. (Marisol)
--Bom, dois a favor e dois contra, você decide Cristal, é seu o voto de minerva. (Naomi)
Pensei muito naquilo, seria mesmo algo que nos ajudaria em uma divulgação. Mas também se desse errado, nossos pais podiam descobrir ou algum de nós podia sair machucado;
--Bom, já que temos a chave de resolução nas mãos e a possibilidade de resolver tudo, vamos então.
--Isso. (Gael)
--Porém, temos que tomar muito cuidado para não nos ferirmos e sairmos ilesos.
--Então já que a maioria quis, vamos acabar logo com isso. (Jean)
Pegamos uma mochila e colocamos lanternas, uma chave de fenda, uma corda e algumas máscaras. Nem descemos as escadas que levavam a casinha, pulamos lá de cima e pegamos impulso correndo. Quando nos demos conta, estávamos na floresta rumo de um atalho ao lado oeste onde ficava a casa. Chegamos em uma meia hora de correria, já passava da meia noite quando finalmente estávamos na entrada da casa. Ficamos olhando pra ela pelo lado de fora e analisando um meio de entrar;
--Muito bem, cá estamos nós. O que faremos agora? (Jean)
--Vamos entrar né. (Naomi)
--Acalmem-se, temos que analisar por fora, eles já devem estar ai. (Marisol)
--Já sei, Naomi liga pros oficiais e os chame até aqui.
--Enlouqueceu? Nossos pais viriam furiosamente nos buscar junto. (Gael)
--É o tempo ideal Gael, enquanto a polícia chega, nós montamos uma bela armadilha e pegamos eles na botija, quando as autoridades chegarem vão ver como trabalhamos bem e com seriedade, apesar de sermos apenas jovens de dez anos. (Marisol)
--Vamos logo então.
Nos separamos e cercamos o lugar. Gael e Marisol foram pela esquerda da casa enquanto Jean e eu fomos pela direita, Naomi havia se escondido numa moita para fazer a ligação. Com muito cuidado, me aproximei de uma das janelas para ver se ouvia ou via alguma coisa, Jean estava logo atrás com um estilete na mão caso precisasse. Pelo vidro, conseguimos ver um certo movimento, mas o que mais nos chamou atenção, foi o fato de haver um buraco no chão da sala. Jean e eu nos olhamos e naquele olhar pude comprovar, ele estava satisfeito por sua teoria estar certa, os criminosos estavam mesmo fugindo por ali e não se fechado no centro. A loja foi mesmo uma pura enganação para que pudessem fugir por ali.
Tentei abrir a janela sem fazer barulho, mas estava travada. Pelo vidro, vimos que a porta não estava trancada, estava apenas encostada, certamente para facilitar na fuga deles. Demos a volta sorrateiramente para não sermos notados e com cuidado nos aproximamos da porta, vi Naomi na moita esperando por algum sinal, fiz um gesto pra ela se aproximar;
--O que estão fazendo? (Naomi)
--Vamos entrar e procurar meios de montar a armadilha, dê a volta pelo outro lado e chame o Gael e a Marisol.
--Isso vai acabar mal, estou sentindo. (Naomi)—Disse ela já indo pelos arredores da casa.
--Vamos , ou fazemos isso agora ou ferra tudo de vez. (Jean)
Bem lentamente abrimos a porta e adentramos. Na sala não havia ninguém, aparentemente deviam estar no túnel transportando a carga do roubo. A casa estava com luzes internas, fracas para não chamar atenção por fora e até que ótimas para quem via de dentro;
--Tá, vamos fazer o seguinte... (Jean)
Nesse momento a porta se abre novamente e eu quase tenho um treco de susto. Porém, para nossa sorte, era apenas Gael entrando;
--Que susto criatura, quer nos matar?
--Vocês é que querem matar a mim e a todos, porque entraram? (Gael)
--Tivemos a ideia de montar armadilhas pela casa toda. (Jean)
--Pra que? (Gael)
--Para captura-los e impedir que eles fujam até a polícia chegar.
--O que trouxemos da pra fazer alguma armadilha improvisada? (Gael)
--Acho que alguns devem servir, mas vamos precisar usar algumas coisas dessa casa. (Jean)
--Vamos montar uma a uma? Eles podem chegar a qualquer momento. (Gael)
--Façamos o seguinte, vamos nos separar. Assim fica bem mais fácil e rápido.
--Não tem motivo, porque eles vão subir lá em cima se vão fugir aqui por baixo? (Gael)
Jean e eu nos olhamos com meio sorrisinho disfarçado no rosto;
--Esse é o ponto chave meu amigo. Um de nós vai ter que servir de isca e atraí-los até o segundo andar.
--Vamos nos expor a eles? E se nos pegarem? (Gael)
--Esse é um risco que teremos que correr, viemos até aqui, então vamos fazer algo de útil né.
Os dois me olharam profundamente com uma expressão surpresa e a boca entreaberta;
--O que foi?
--Você foi bem direto agora em. (Jean)
--Foi direto, mas foi totalmente sincero, temos mesmo que agir antes que tudo dê errado. (Gael)
--Eu vou lá pra cima, vejo quantos cômodos tem e preparo alguma armadilha improvisada com os itens que eu achar. Vocês dois cuidem de tudo aqui em baixo, mas antes Gael, vá lá fora e chame a Marisol para ajudar a andar mais rápido, a Naomi fica lá escondida esperando as viaturas.
--Feito, vamos Mistério O.E, vamos. (Gael)
Subi escada acima enquanto Jean procurava algo na mochila que seria realmente útil para alguma armadilha. No segundo andar, pensei que não haveria nada, mas eis que novamente eu estava enganado. Abri a primeira porta a minha direita, era um quarto, mas não qualquer quarto, um quarto de criança, aparentemente era de algum menino por conta da coloração azul na parede. Pelo estado do lugar, a casa não estava abandonada a tanto tempo, até deixaram os móveis. Abri a gaveta de cima do criado mudo ao lado da cama, dentro dela havia um álbum, com fotos de um casal. Nas fotos o casal parecia muito feliz, e o mais interessante era que além de fotos deles, havia fotos de um menino. Porém, olhando o álbum todo, tinha outra moça, e pode parecer loucura, mas eu tinha plena certeza que conhecia ela de algum outro lugar. Ela tinha uns olhos claros e meio esverdeados, um tom muito bonito, e o sorriso... Aquele sorriso me lembrava muito alguém.
Enquanto analisava o álbum, ouvi um estrondo. Alguma coisa fez um enorme barulho no andar de baixo da casa, me deu uma crise extrema de pânico por medo de terem chegado e pegado Jean e Gael no flagra. Sem pensar na possibilidade de ser pego também, coloquei o álbum na cintura por baixo da camisa e desci correndo, quando cheguei no último degrau, não vi movimento algum, mas segui pelo corredor principal que deu na cozinha. Passando pela porta, vi Jean se levantando junto a uma pilha de cacos de vidro, sua pele parda de sol escorria sangue em vários mini cortes e Gael tentando ajudar separando ele dos cacos;
--O que foi que houve aqui?
--Estávamos preparando uma armadilha aqui na cozinha, fui abrir o armário de cima pra colocar um objeto, mas assim que as portas se abriram, essa bola de vidro espelhado caiu lá de cima me cortando inteiro. (Jean)
--Só pode ser brincadeira, olha o estado que você ficou.
--Fica calmo, ele tá bem pelo menos. (Gael)
Naquele exato momento, foi o mais desastroso da noite pra mim. Logo depois de eu chegar, Marisol entrou pela porta e vi que estava alvoroçada para sairmos logo dali, mas quando viu os cortes no corpo de Jean, ela teve um surto;
--O que foi isso? (Marisol)
--Me cortei com um globo espelhado, mas tá tudo bem. (Jean)
--Não, você não está bem, olha pra você Jean. (Marisol)
--Ele está bem, só temos que limpar as feridas. (Gael)
--Esse mistério só está causando problemas a noite inteira, vamos embora agora. (Marisol)
--Tá doida? Não mesmo, viemos até aqui com uma missão, acabar com esse roubo e é isso que vamos fazer. (Gael)
--Não vamos conseguir, olha só o sangue escorrendo na pele dele, como vamos explicar isso pra mãe dele? (Marisol)
--Calma, uma coisa de cada vez. Vocês discutindo isso agora está fora de cogitação gente. A Naomi já está lá fora esperando a polícia, já iniciamos a bagunça e agora temos que terminar isso.
Os três se olharam entre si e fizeram que sim com a cabeça. No entanto vi que Marisol não estava tão certa de que deveríamos continuar, mas não se opôs a decisão, agora algo que me surpreendeu foi a coragem do Jean de ficar e terminar a missão mesmo estando todo cortado e perdendo sangue;
--Amigo, tem certeza que consegue continuar?
--Claro, só não prometo ajudar em muita coisa, pois alguns cacos tão me pinicando na pele. (Jean)
--Logicamente, estão por toda sua pele e adentrando suas veias, temos que tirar já. (Marisol)
--Não temos tempo. (Gael)
--Sério que você está pensando mais no plano do que nele? (Marisol)
--Não se trata disso, temos que andar logo antes que os criminosos cheguem e nos peguem no flagra. (Gael)
--Será que você não vê que ele está mal e... (Marisol)
--JÁ DEU.
Eu literalmente gritei com eles;
--Será que vocês podem agir calmamente e em conjunto uma vez? Por favor?
Eles abaixaram a cabeça e se calaram em um silêncio absoluto;
--Muito bem, vamos agora pensar direito e agir corretamente. Jean , deita em cima dessa bancada e fique de braços e pernas esticados. Marisol, você pega a pinça que carrega em seu estojo e retire os cacos cuidadosamente para não romper alguma veia. Gael, você e eu vamos cuidar das armadilhas, vamos fazer três armadilhas improvisadas e muito bem feitas. Todos de acordo?
--Concordo, é o melhor a ser feito. (Marisol)
--Tudo bem por mim. (Jean)
--Por mim beleza, tudo para sairmos logo daqui. (Gael)
Enquanto Jean se deitava na bancada, Gael e eu fomos para a sala e fizemos tudo o que podíamos. Passaram-se 14 minutos e as armadilhas estavam praticamente prontas, em instantes ouvimos um barulho vindo do buraco. Havia chegado a hora, eles estavam subindo, peguei uma lanterna e me escondi no topo da escada observando tudo, Gael se voluntariou para ser a presa, ele amava uma boa adrenalina. Escondido e com o álbum de fotos encolhido entre minhas costelas, vi quando o primeiro dos bandidos saiu do buraco, depois um outro colocou os braços pra fora entregando a carga pro primeiro desovar no chão da sala. Em instantes Gael colocou-se em cena e lançou uma pedrinha nas orelhas do primeiro que estava de pé em frente o buraco;
--Argh. (Bandido)
--Doeu cara? (Gael)
--Mas o que... Tem um garoto na casa galera, subam rápido. (Bandido)
--Tentem me pegar se conseguirem. (Gael)
Ele correu rumo ao corredor que levava ao banheiro. Como planejado, o bandido que havia saído primeiro correu atrás dele com um medo inigualável de seu plano ser arruinado por uma criança, mas pro azar dele, Gael era o mais rápido da Mistério O.E, se não o mais rápido da cidade. Na escola quando havia competições de corrida, Gael sempre ganhava todas que participava.
Ele se escondeu de trás da porta do banheiro e esperou o cara chegar. Quando ele passou pela porta, um balde de água com tinta azul clara caiu em cima da cabeça dele, seus olhos, cabelo e rosto ficaram cobertos de tinta, em seguida Gael saiu de trás da porta com um pano branco e o jogou em volta dele enquanto ele escorregava no chão com os pingos da tinta. Enrolou ele com uma corda e deu dois belos nós envolvendo do pescoço até as mãos, depois saiu correndo trancando a porta do banheiro com um grampo de cabelo já que não tínhamos as chaves. Vi quando ele retornava animado pelo triunfo até a sala, mas no exato momento, outros 3 bandidos saíram do buraco e tentaram encurralá-lo. Com o susto ele correu para pular a janela, eles tentaram alcançá-lo, porém eu liguei minha lanterna no máximo e a direcionei bem no olho do que estava na frente, fazendo-o parar e os outros dois cambalearem em cima dele rumo ao chão.
Desci as pressas e joguei uma rede que estava escondida debaixo da escada por cima deles. Gael entrou novamente pela janela com outra corda e juntos amarramos eles um grudado no outro. Quando me virei, havia um parado diante de mim, corri para o corredor da cozinha pensando que ele seguiria o Gael, mas ele veio atrás de mim com uma velocidade impressionante. Passei pela porta da cozinha e tentei me esconder entre a bancada, daí de lá surge o Jean com um balde de cola branca, assim que o marginal passou pela porta levou um belo banho, em seguida Marisol saiu de dentro do armário e jogou penas por cima. O lance final foi o momento em que Gael passou pela porta e disparou a segunda rede por cima dele.
Depois de pego, levamos ele junto dos outros que já estavam amarrados na sala. Pegamos nossas coisas e nos preparamos para sair;
--Conseguimos, pegamos todos eles. (Gael)
--Ótimo, agora vamos sair daqui agora. (Marisol)
Marisol ajudou Jean a sair apoiando seu corpo no dela, Gael e eu fomos logo em seguida nos certificando que não havia mais ninguém no buraco. Ao passarmos pela porta, ouvimos o barulho das sirenes da polícia, Naomi sinalizava saindo do arbusto. Estávamos contentes que tudo sairia bem, mas o inesperado aconteceu, saiu mais um criminoso do buraco do chão da sala e estava armado, quando vimos que ele iria atirar, corremos para nos esquivar. Marisol e Jean se jogaram no matagal em volta, eu corri dando a volta para o outro lado da casa e Gael apenas se abaixou, pois o tiro o acertaria em cheio, no entanto ao se abaixar a bala passou direto e acertou em cheio... O estômago da Naomi.
Ouvi o grito de desespero do Gael e ao mesmo tempo o barulho da polícia chegando em frente a casa. Voltei correndo pra lá, quando olhei pro chão e vi uma cena que jamais consegui apagar da minha memória durante todos esses anos. Gael chorando ajoelhado no chão com a Naomi nos braços sangrando ao extremo. Me desesperei e ao invés de ajudar comecei a passar mal, aquilo tudo me deu uma baita crise de ansiedade, que causou meu desmaio. A única coisa que me recordo enquanto via meus olhos se fecharem lentamente , foi a polícia entrando na casa e alguns oficiais colocando a Naomi na viatura para levá-la ao pronto socorro, depois disso nada mais consegui ver.
E foi nesse dia, que eu tive certeza... A certeza que Gael amava a Naomi.
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Teens 3☀️ Pôr do Sol
RomanceOs finais felizes sempre são lindos, mas essa história... Está longe de ter um final. Nossos personagens desafiadores continuam sua aventura insana, prestes a descobrir muitos e muitos mais segredos escondidos. Espurr está diante de perigos que que...