Eu estava completamente desconcertado, Eva entrou no quarto e viu aquela cena. Queria muito encontrar um cachorro para enfiar minha cara embaixo, aquilo era realmente um absurdo.
Nós acabamos discutindo, não tiro a razão dela de ter ficado extremamente raivosa com a situação, afinal eu faria o mesmo se visse alguém beijando meu namorado. No entanto, não foi algo que eu procurei, ele e eu estávamos em um momento tão, tão ... Nosso e acabou acontecendo. Eu queria muito que ela não tivesse visto aquilo, pois devia mesmo ter doído, isso sem falar no fato que eu fui infiel ao Benjamin, mesmo que agente não fosse um casal oficial, era praticamente uma relação, então eu devia respeito a ele e ele a mim. Como eu iria dizer a ele que beijei o Cristian? Eu acabaria com os sentimentos dele na mesma hora.
Enquanto Cris e Eva foram conversar no quintal, saí de mansinho mancando da perna e vesti minha calça. Com muito custo calcei o tênis e saí quarto a fora. Rodei a casa toda atrás da minha mochila e quando a vi ela estava na parte de cima da estante, tive que pegar uma cadeira e me pôr a um custo imenso para subir com a dor que estava queimando na minha perna. Peguei minha mochila e desci rapidamente tentando evitar uma dor, daí abri a porta e fui embora antes que ele voltasse ou que nana aparecesse.
Já na rua e a caminho da minha casa, pensei muito a respeito do que aconteceu. O que eu falaria pro Ben? Ele ficaria muito decepcionado se soubesse, e mais decepcionado ainda se não soubesse por mim. A dor ia aumentando e latejando cada vez mais conforme eu andava, e pode parecer loucura, mas aquilo me fez sentir um dejavu, quando Nolan me empurrou nos cacos de vidro da rua e eu cortei a perna. A diferença, é que agora eu não tinha o Adryan para me ajudar. Uma dor de cabeça se iniciou, já não bastava a dor física, veio a mental.
Cheguei na porta de casa quase morrendo de tanta dor. Olhei pra minha calça e ela estava com uma mancha de sangue, na mesma hora saquei que o corte que Cristian havia suturado tinha aberto. Abri o portão levando uma bela queda pelo impulso de abrir o portão. Me ergui com muito custo tentando me apoiar em alguma coisa que não fosse o chão e quando olhei retamente pra frente, vi duas pessoas vindo rapidamente, de começo não distingui, mas depois vi claramente... Benjamin e Edward.
Ambos pareciam preocupados, mas Benjamin assim que chegou até mim, me pegou nos braços e me levou pra dentro apavorado com a mancha na minha roupa. Pisquei atordoado e já estava no meu quarto, na minha mente desejei que aquela dor sumisse ou terminasse de me matar logo, pois doía tanto, tanto que queria terminar de abrir o corte inteiro com minhas próprias mãos. Edward me ajudou a tirar a calça e meu corte estava horroroso, Cristian tinha desinfetado e suturado, mas eu com minha burrice fui andando no sol quente pra casa o caminho todo e fazendo esforço na perna, causando aquela cena horrorosa;
--Espurr pelo amor de Deus, o que é isso?(Benjamin)
--Que caralho fizeram com você? (Edward)
--Eu tô... Eu tô bem.
--Bem? Olha sua perna cara. (Edward)
--Vamos limpar isso, Edward tem algodão e álcool aqui? (Benjamin)
--Vou olhar no banheiro do Espurr. (Edward)
--Vai rápido. (Benjamin)
Minha visão não estava das melhores, mas pude ver o desespero no rosto do Ben, misturado com um pouco de alívio. Edward voltou com um saco de algodão e um vidro de álcool que eu tinha guardado no armário do banheiro, entregou ao Ben e olhou bem meu corte, depois disse algo no ouvido dele que eu não pude ouvir. Quando percebi, Edward havia sentado diante de mim e fixado seus olhos nos meus, como se para me prender ao foco deles. De repente senti uma dor insuportável, uma queimação absurda diretamente no corte, parecia que estava em chamas e o fogo começava a me consumir por dentro;
--Que dor Meu Deus, o que vocês estão fazendo? Está ardendo, queimando.
--Calma Espurr, vai passar daqui uns minutos eu prometo, é necessário pra não inflamar ou piorar mais. (Edward)
--Isso tá ardendo na carne mais profunda do meu corpo Edward, tira isso de mim, tira.
--Falta pouco Espurr calma. (Benjamin)
--Calma? É porque esse corte não está na sua perna, ardendo como se um dragão tivesse cuspindo fogo diretamente em cima dele Ben.
--Acredite, eu preferia que esse corte estivesse ardendo intensamente em mim ao invés de estar ardendo em você. (Benjamin)
Fiquei com a consciência um pouco pesada, mas aquela dor estava me consumindo, tomando conta até do meu ser. Instantes depois, a ardência começou a diminuir aos poucos, até cessar por completo, respirei aliviado me acalmei. Vi os dois se levantando e saindo do quarto, depois disso, tudo escureceu em minha volta.
Acordei e já havia escurecido, tentei levantar, mas a perna ainda doía um pouco. Olhei pro lado e quase caí da cama, Ben estava sentado na cadeira ao lado da minha cama me observando;
--Meu Deus, o que está fazendo ai?
--Vendo você descansar, como se sente?
--Bem, com uma leve latejada na perna, mas bem.
--Normal, depois de um corte como esse não é?
--Não foi tão ruim assim né.
--Não foi? Os pontos na sua perna estavam quase abrindo de tão feio que estava.
--Você os tirou?
--Não, só desinfetei com álcool. Por isso doeu tanto, mas vai passar, acredite.
--Obrigado pela ajuda, cadê o Edward?
--Terminando um trabalho atrasado para completar a nota dele.
--Ah sim.
--Espurr...
--Oi.
--O que é que houve? Como se cortou? E não venha me dizer que caiu e se feriu, nenhuma queda resultaria em um corte dessa gravidade.
--Olha eu... Eu... Tá bom, eu fui confrontado por um mendigo na rua, ele estava enraivado por eu não ter comida para dar e me acertou com uma navalha.
--Aonde foi isso?
--Em uma das praças da cidade.
--Quando? Hoje ou ontem?
--Ontem.
--E aonde você arrumou linha e agulha de sutura para fechar a ferida?
--Olha eu... Porque essas perguntas em?
--Como porque? Você sumiu desde ontem Espurr, passamos a noite preocupado com você, ligando pra um e pra outro. Pensamos o pior e tive pressentimentos horríveis, daí você só aparece hoje e ainda com um corte feio desses na perna. É lógico que eu vou querer saber quem fez isso e como aconteceu.
--Eu sei que fiz besteira... Mas juro que não foi por mal. Não queria ter feito aquilo e muito menos ter traído sua confiança em mim.
--Do que está falando Espurr?
--Ben... Cristian e eu nos beijamos.
Ele ficou totalmente sem reação, apenas ficou me encarando, olhou pra baixo e se recusava a me olhar;
--Ben eu juro por tudo que eu não queria isso, mas estávamos sozinhos, em um momento constrangedor tanto pra mim quanto pra ele e... Isso não é justificativa, no entanto quero que saiba que não queria fazer isso com você.
--Eu já sabia que uma hora isso aconteceria Espurr.
--Espera, como é?
--Eu sabia que isso poderia acontecer. Mesmo você estando disposto a tentar algo comigo, seu coração ainda ama ele. Portanto...
Ele se levantou e ficou de frente para a varanda, olhando o céu por uns bons segundos. Se virou pra mim e disse o que eu tanto temia ouvir;
--... É melhor que encerremos nosso relacionamento.
--O que? Não. Ben, por favor não.
Me levantei da cama com muito custo e fiquei de frente pra ele, segurando bem o seu rosto;
--Não, tudo menos isso Ben.
--Espurr volta pra cama, não pode ficar de pé, sua ferida está...
--Minha ferida vai sumir, mas se você romper comigo, essa sim não vai se curar, não quero ficar sem você Ben, não posso.
--Mas você ama o Cristian Espurr, eu estando com você, vai impedir que ele e você tenham a possibilidade de ficar juntos.
--Eu não ligo se isso acontecer, por mais que Cristian e eu tenhamos nos amado tanto e ainda nos amemos, quero aproveitar a chance com você, aproveitar o que estamos tendo e o que está crescendo entre nós. Ben eu não sei ao certo o que vai acontecer com o meu sentimento pelo Cristian, mas acredite que no que depender de mim, vou fazer o que for preciso pra esse sentimento morrer, pois assim eu posso ter a chance...
--Chance de que?
--De me apaixonar completamente por você.
Ele pareceu ter ficado sem palavras. Seus olhos começaram a se encher de água e em segundos passaram a escorrer como uma brecha de cachoeira. Em segundos deu um passo e me abraçou fortemente, abraço esse que eu correspondi na mesma hora;
--Espurr eu quero muito estar com você, ficar com você... Mas para isso preciso ter certeza se você realmente não irá se arrepender.
--Não vou, o que mais quero é tentar algo com você, algo que seja de sentimento puro e sincero.
Eu não estava mentindo. Queria muito mesmo estar com ele e me apaixonar por ele, fazendo assim tornar realidade a possibilidade de esquecer completamente o amor que senti pelo Cristian, afinal era o melhor a ser feito já que ele estava com a Eva e eu com o Ben. Minha intenção jamais foi gostar de um garoto e estar com outro, mas tudo estava contra o fato de mim e do Cristian ficarmos juntos, então eu tinha que buscar minha felicidade ao lado de alguém que gostasse de mim, e eu facilmente poderia me apaixonar pelo Ben, era um rapaz muito atraente e de pele indiana. Em particular achava seu charme muito sedutor, aposto que uma das coisas que fez com que Emily se interessasse por ele, foi o fato dele ser tão incrivelmente sedutor sem nem perceber.
No entanto, algo ainda me perturbava, por que ele escondeu de mim que Emily era a namorada dele. Será que ele ainda sentia algo por ela? Era uma possibilidade que eu não podia descartar, não antes de ouvir da boca dele;
--Ben, quero saber uma coisa.
--O que quiser.
--Porque não me disse que Emily era a sua namorada?
Seu olhar perdeu a emoção de repente. Seu humor parecia ter escurecido de uma maneira estranha. Ele me pegou de novo nos braços de repente e me colocou na cama deitado por conta da perna. Sentou-se na cadeira a minha frente e me olhou profundamente;
--Para que você não se sentisse mal. Te conheço o suficiente para saber que ficaria péssimo em saber que rompi com ela por ter me interessado em você, mesmo ela te odiando profundamente.
--Para ser sincero, não sabia o motivo dela me odiar tanto, mas quando soube do seu relacionamento com ela, fiquei me sentindo meio culpado por ter te tirado dela. Se eu soubesse que isso tinha acontecido, eu jamais...
--Jamais teria pedido para tentarmos um relacionamento sério não é? Eu sabia.
--Tente me entender, eu tirei o namorado de uma garota sem nem eu saber, ela tem um motivo bom para me odiar.
--Não tem mesmo. Ela poderia me odiar se quisesse, afinal fui eu quem terminei com ela, você não teve culpa nisso.
--São tantos problemas que interferem na minha vida, que acabam estragando qualquer relacionamento que eu tenha... Se acontecesse com você, já seria o terceiro amor fracassado.
--Não vai acontecer tá bom? Eu gosto muito de você e não vou te deixar, não a menos que você me peça para fazer isso.
--Jamais pediria isso, mas sei lá... Parece que eu só machuco as pessoas e as faço se sentir mal, não quero fazer você se sentir mal também. Chego a pensar que o problema está dentro de mim, e que por isso eu não mereça você... Que eu não mereça seu amor.
Ele se aproximou e segurou minhas mãos levemente, olhando no fundo dos meus olhos com uma expressão séria;
--Eu é quem vou ficar com raiva se você disser isso outra vez. Nunca mais repita isso entendeu? Não há nada de errado com você, e sinceramente, acha que não me merece? Eu que agi como um idiota quando te conheci e ainda ajudei a tornar a sua vida e a vida dos seus amigos um pesadelo. Você teve a chance de me detonar e me deixar sozinho e sem amigos, pagando pelo que fiz, mas não fez isso, perdoou Clarice e a mim e ainda nos recebeu no seu grupo de amigos... Então de certa forma, eu é quem não te mereço. Não sei se um dia vou merecer seu amor, mas quero muito tentar até onde eu conseguir, ou até você disser que não me quer.
--Não vou dizer isso, porque a verdade... É que eu te quero sim. Quero você perto de mim e junto de mim, em meio a tantos problemas eu tenho o ombro de alguém que possa me apoiar sem ser como um amigo.
--Mas e o Cristian Espurr? Você ainda o ama e você disse que ele também te ama, como vou poder ficar entre vocês sem me sentir mal?
--Não tem que se sentir mal, Cristian e eu não teremos a menor chance de ficar juntos Ben, ele está com a Eva e o fato dele ter duvidado de mim me causou muita chateação. Gosto muito dele e ainda o levo como meu melhor amigo, mas não esse amor vai morrer, tem que morrer.
--Como quiser, só... Não se esforce pra me amar, se não sentir nada por mim em um período de... Três semanas, eu saio de cena e deixo você ser feliz com a pessoa que o destino te trouxer, tá bem?
--Ben isso é... Está bem, mas o mesmo vale pra você.
--Pra mim não, porque eu já te amo Espurr. Amo você.
Eu era mesmo uma pessoa feliz e infeliz ao mesmo tempo. Meus pais e eu estávamos com vínculos rompidos, inimigos da escola que me detestavam, um passado sombrio que sempre estava a deriva do presente e sentimentos confusos a todo o tempo;
--Bom, tenho que ir, já está anoitecendo e estou aqui desde ontem.
--Tem mesmo que ir?
--Infelizmente, se não minha mãe muda de ideia e não deixa eu e meu irmão viajarmos com você.
--Realmen... Espera ai, que viagem?
--Ué como assim? Nós não íamos viajar pra fazenda da sua vó?
Senhor da glória, eu havia esquecido completamente disso. Já era sexta a noite, eu só tinha dois dias para preparar tudo e nem sequer tinha avisado a ela que eu iria visitá-la;
--É claro que vamos, só estou meio avoado. Tem razão, melhor você ir mesmo, e já vai preparando as coisas.
--Meu irmão está bem animado, ele ama animais de fazenda.
--Que ótimo, mas aquela parte que te pedi pra não fazer você cumpriu não é?
--Que parte?
--De não dizer nada pra minha mãe.
--Eu não disse absolutamente nada e pedi a minha mãe total silêncio também.
--Ótimo, bom eu vou tentar dormir um pouco.
--Isso mesmo, não se esforce em nada por favor.
--Não precisa se preocupar, é só um corte bobo.
Ele se levantou e me deu um beijo na testa, saindo segundos depois do quarto. Ali sentado, pensava comigo mesmo, que estava ficando uma situação quase irremediável com os dois, pois enquanto eu tentava amar o Ben, meu coração queria porque queria estar com o Cristian. Instantes depois, enquanto tentava inutilmente me levantar da cama, Edward bateu na porta já abrindo-a;
--Oi, como se sente?
--Bem, só um pouco dolorido.
--Pra que está se levantando? Deita e descansa.
--Quero tomar um banho, desde ontem não sei o que é uma boa quantidade de água morna caindo da minha cabeça aos meus pés.
--Vem, eu te ajudo.
Ele me segurou pelo braço para que eu me apoiasse nele. Me levou até o banheiro, me ajudou a colocar um plástico por cima da atadura e ligou o chuveiro para mim. Quando ele saiu, terminei de tirar minha roupa e entrei debaixo da água, tudo parecia melhor um pouco. Achava incrível a capacidade que um banho tinha de lavar até nossa alma.
Saí do banho, me sequei e fui me apoiando nas paredes até minha cama, onde uma roupa já estava preparada pra mim. Edward tinha mudado tanto comigo que eu fiquei me sentindo mal por não ter avisado que iria demorar a voltar, afinal éramos só eu e ele vivendo juntos naquele momento. Me vesti e desci tão devagar que me deu raiva da minha própria lerdeza. Cheguei na sala e a mesa estava posta e com um aroma de comida delicioso, Edward estava sentado e quando me viu chegar, se levantou e me conduziu até a cadeira de frente pra dele;
--Edward, o que é tudo isso?
--Imaginei que ficaria com fome, então pedi comida pro jantar.
--Jantar?
--Sim, já são quase nove horas da noite Espurr.
--Não é possível. Eu nem sequer dormi pro tempo ter passado assim.
--Você chegou aqui as duas e vinte da tarde. Espurr. Até que limpou a ferida, conversou com o Benjamin e tomou seu banho a hora voou.
--Meu Deus, que doideira.
Ele se calou e vi sua expressão facial, parecia estar bem sério;
--Espurr, sei que não tenho nada a ver com o que você faz ou deixa de fazer, mas tem noção do quanto fiquei preocupado? Pensei tudo de pior que se pode imaginar. Liguei pra todos os membros dos Teens e nenhum tinha notícias suas, cheguei a pensar na possibilidade daqueles loucos terem feito algo sério com você... Afinal aonde você foi?
--Edward, eu realmente sinto muito. Não queria que você ficasse preocupado comigo nem nada do tipo, tinha algo muito importante a fazer e teve umas complicações só isso. E eu... Bom, eu estava na casa do Cristian de manhã.
--Como é? Mas como? Vocês se acertaram e você nem disse nada?
--Não foi isso, ele me ajudou com a perna, só isso.
--Essa é outra curiosidade, como você se cortou assim?
--Tentaram me assaltar e... Eu reagi.
--Você enlouqueceu? Será que vou ter que andar grudado em você ou te monitorar com GPS? Nunca se deve reagir a um assalto Espurr, aonde está com a cabeça?
--Fica calmo, eu estou bem não tô?
--Não, olha só a sua perna.
--Foi só um corte Edward, podia ser pior? Podia, mas graças a Deus é só um corte que em breve vai cicatrizar.
--Sim, vai cicatrizar, porém você podia ter morrido sabia?
Ele parecia bem alterado, como se algo além daquilo estivesse perturbando ele por dentro, deixando uma lacuna bem visível;
--Edward está tudo bem, eu estou bem, mas você me parece mais aflito do que com essa besteira que eu fiz, tem mais alguma coisa te incomodando?
--Pra falar a verdade... Tem, mas não é algo que envolva você. Então prefiro não falar para não preocupar você.
--Você mesmo disse que estamos juntos nessa, por essa dura etapa da vida, então pode contar pra mim o que quiser e sabe disso.
Pude ver que ele ficou aparentemente triste, querendo conter o que estava querendo sair de dentro do fundo de sua alma;
--É meu pai de novo... Ele vai me obrigar por meios judiciais a ir morar com ele, e eu não quero isso, não quero ter que viver com aquele crápula de novo.
--Você não precisa ir se não quiser, aqui sempre será sua casa Edward e sabe bem disso.
--Eu sei, mas não estou tendo escolha, ele está decidido a fazer isso só para se convencer que venceu. Não sei mais o que fazer para lidar com esse problema, tudo que eu queria era que ele não tivesse voltado.
--Você vai conseguir. Escute, vou ligar para minha avó daqui a pouco, ficar uns dias no campo vai fazer bem pra você.
--Se isso ao menos fizesse ele desaparecer da minha vida.
Me levantei, dei a volta na mesa e abracei ele por trás. Ele se levantou devagar e mesmo assim não o soltei, pois eu sabia o quanto ele precisava de um abraço. Quando o soltei, ele se virou e me olhou no fundo dos olhos;
--O que eu vou fazer Espurr? Minha vida tá uma bagunça, não sei mais o que fazer.
--Sabe sim, sempre há uma luz no fim do túnel ou uma saída pros problemas, tudo vai ficar bem.
Abracei ele novamente e ele correspondeu ao abraço, podia sentir sua respiração forte e falha. Terminamos de comer e tivemos a ideia de colocar um filme, deixei ele escolhendo o filme que gostasse e fui pra área da piscina resolver o único assunto pendente, o assunto que traria paz e uma trégua a guerra tão dolorosa que era a vida que estávamos sofrendo. Peguei meu telefone, abri a agenda de contatos e disquei o número que a mais de 4 anos não voltei a me comunicar... Minha avó. Chamou por uns dois minutos na linha, até que ouvi a voz suar através do celular;
--Alô.
--Boa noite.
--Boa noite, quem fala?
--Não se lembra mais da voz do seu próprio neto vovó?—Disse com ironia.
--Espurr? Meu neto é você mesmo?
--Sim vó, sou eu. Faz um tempinho né?
--Tempinho? A anos você não vem me ver e nem liga para mim, que milagre meu netinho como está?
--Estou ótimo e a senhora?
--Muito mais alegre agora com sua ligação.
--Não atrapalhei seu sono não né?
--Nunca, me diga como está querido. Sua mãe como anda? Sua irmã? A tempos não conversamos.
--Estou bem, mas essas perguntas não estão em um bom momento para serem respondidas. Porque não falamos de tudo isso e mais segunda feira?
--Segunda?
--Sim, e adianto que quero um belo almoço assim como era quando eu era criança.
--Mas como ass... Espera, você vai vir pra cá?
--Sim, estou de recesso da escola e vou passar uns dias ai, bom isso se a senhora não se importar claro.
--Meu Deus mais é claro que não, venha sim querido, faz anos que você não vem me ver, vou ficar muito animada com sua visita.
--Maravilha, tenho assuntos bem importantes pra falar com a senhora.
--Eu também tenho, você vai vir de carro querido?
--Ainda não sei, mas aviso se algo mudar.
--Está ótimo, eu vou preparar tudo com muito carinho pra sua vinda.
--Maravilha...—Disse inseguro.
--Te espero meu neto.
--Até Segunda.
Desliguei me sentindo inquieto. Algo me dizia que algo iria acontecer mais não exatamente o que, e aquilo me incomodou o restante da noite mesmo escondendo para não aparentar algum problema amais ao Edward.
(Enquanto isso na Fazenda...)
--Finalmente, depois de tantos anos ele vai voltar. Enfim meu neto vai receber tudo o que é dele, a promessa que fiz ao meu amado falecido marido, finalmente irei cumprir. (Helena)—Avó do Espurr.
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Teens 3☀️ Pôr do Sol
Lãng mạnOs finais felizes sempre são lindos, mas essa história... Está longe de ter um final. Nossos personagens desafiadores continuam sua aventura insana, prestes a descobrir muitos e muitos mais segredos escondidos. Espurr está diante de perigos que que...