CAPÍTULO 19: ODIAR O AMOR... CANSA☀️

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(Capítulo contado por Álice)

Pela primeira vez não me importei se ia bem ou não na semana se provas, pois estava muito concentrada em desvendar o mistério que tanto me prendia, o desaparecimento das crianças que sumiram e Cajamar.

Eu fiquei enfurnada no meu quarto dia após dia pesquisando sobre eles e cada vez me confundia mais. Eles eram muito queridos na cidade onde viviam, seus mistérios resolvidos ajudaram muitos cidadãos, e o mais impressionante é que eu consegui muitas informações através apenas de jornais que fizeram questão de detalhar tudo a respeito do desaparecimento. Ambos estudavam na mesma escola, um era filho de um empreendedor de negócios muito conhecido na cidade, no entanto o pai havia morrido e ele herdou tudo... Gael Parks.
Começar por ele me deu a vantagem de achar detalhes mais importantes, pois ele não tinha mais ninguém de família. Depois que o pai morreu, foi criado pelo mordomo de confiança e os empregados da casa. É herdeiro de uma empresa muito conhecida e bem financiada, mas depois que ele desapareceu, a empresa foi assumida por um “primo” da família recentemente. Aquilo disparou minha desconfiança e minha vontade de descobrir tudo ainda mais, pois como que um “primo” assumiria a empresa se Gael Parks não tinha mais nenhuma família? Impossível, ele na verdade era um acionista se apossando de algo que não era dele ou então ele era o próprio Gael Parks disfarçado.
Os outros membros não tinham muita coisa escondida a respeito. A irmã de Naomi Williams, késsya Williams, se mudou da cidade logo em seguida o desaparecimento da irmã. Marisol Lima ficou totalmente esquecida, pois não havia familiares a não ser os membros do orfanato onde cresceu. No entanto, o fato dela ser órfã era algo fascinante, afinal ela era uma garota bem fofinha vista pela foto, e as irmãs do orfanato de convento onde ela cresceu, deram uma exclusiva ao jornal de Cajamar para encontrar a garota. O Vídeo era algo emocionante de assistir;
(Vídeo)
“Bom, para nós é uma imensa tristeza que nossa menina tenha simplesmente desaparecido. Não sabemos ao certo o que aconteceu a elas e aos amigos, mas peço que se tiverem alguma notícia nos procure por favor, o que aconteceu com eles foi algo horrível e isso nós sentimos no coração quando fazemos nossas orações, mas por favor, imploramos que se souberem de algo nos comuniquem. Agradecemos a toda a polícia de Cajamar que está atrás de encontrar o paradeiro deles, agradeço muito.”
(Fim do Vídeo)

Aquilo fez cair lágrimas dos meus olhos, pois as feições das freiras era algo triste de se ver, ainda mais pelo fato ocorrido. Logo parti pra parte do Jean Álvares, a família não sabia nada a respeito dele, ao que aparentava, os pais eram de uma boa condição social, se notava apenas de olhar. No entanto, tive a confirmação quando li que o pai dele era engenheiro civil e a mãe dele era jornalista. Fucei e nada me interessei na parte dele e da Naomi, por outro lado cheguei no que mais me fascinou... Cristal Gomes.
O membro único da Mistério O.E que morreu naquela catástrofe. A vida dele foi embora naquele dia... Porém eu não acreditei muito nisso, nada a respeito do corpo foi publicado, apenas disseram que ele foi encontrado morto e fizeram um funeral em homenagem a ele perante toda a cidade de Cajamar. No entanto, pra mim aquilo era uma tremenda farsa, eu antes acreditava que ele estava mesmo morto, mas comecei a duvidar demais. Sem falar na parte que seu rosto era algo tão familiar, mas tão familiar que me causava uma certa sensação quando eu vai a foto, era como se eu o conhecesse, como se ele fosse alguém que fizesse parte da minha vida de tão familiar que era, mas olhando pra ele, eu só conseguia pensar... No Espurr.
Era louco ele me lembrar o meu melhor amigo, mas caralho como se pareciam, era algo assombroso. A diferença era apenas o cabelo, Espurr tinha o cabelo ondulado quase liso e cacheado juntos, já Cristal tinha cabelos lisos na foto. Já o olhar, os traços do rosto... Eram iguaizinhos.  Porém, era o cúmulo eu comparar assim, eles nunca poderiam ser um o outro. Pesquisei tudo que pude e não vi nada a respeito da família dele, mas algo me chamou atenção... A casa onde ele vivia com a família estava estampada em uma foto no arquivo que pedi a Lótus para desbloquear para mim, com o endereço e tudo mais. Se eu pudesse ir á Cajamar, teria em primeira visão tudo e assim tirar uma conclusão melhor.
Tentei parar de pensar um pouco naquele mistério, mas ele tomou conta de minha mente. Era o último dia de provas e minhas dúvidas estavam virando paranoias, precisava falar com alguém a respeito daquilo tudo. A primeira pessoa em quem pensei obviamente foi o Espurr, mas ele estava péssimo com os últimos acontecimentos na vida dele, não me cabia aborrecê-lo com minhas loucuras. Depois que cheguei em casa e limpei tudo pra minha mãe, tomei um banho e liguei pra Clarice. Pode parecer esquisito eu ter ligado pra ela, mas além de mim, ela foi a única que realmente mostrou interesse no caso. Preparei um brigadeiro de panela e deixei o quarto pelo menos organizado, afinal se ela visse aquela zona de papéis, diria que sou uma maluca desequilibrada.
Assim que ouvi a campainha tocar desci pra abrir e recebê-la. Subimos rindo da presilha que ela estava usando na coroa da cabeça;
--Bom Álice, não nego que me surpreendi com seu convite.
--Eu sinto em ter que te incomodar, mas essa paranoia está tirando meu juízo e minha paz.
--Meu Deus, fale.
--Sabe o dia em que tentaram sequestrar o Espurr?
--Sim, o que tem?
--Sabe a foto que fiquei, daqueles jovens?
--Sim, fala. Está me deixando nervosa também.
--Pesquisei a respeito dos jovens e descobri coisas muito fascinantes e interessantes.
--Tipo o que? Sabe quem são eles e de onde são?
--Sim, isso e muito mais. Na primeira semana não achei nada a respeito, mas uns dias depois, achei um arquivo privado a senha. Daí pedi ao Lótus que me ajudasse com isso e ele abriu o arquivo pra mim através de uns códigos. 
--Uau, sabia que ele era bom com esses lances tecnológicos, mas não a ponto de invadir um arquivo a senha.
--Até eu me surpreendi, mas enfim. Comecei a vasculhar tudo que pude, até os mínimos detalhes. Vi a foto de cada um deles, até a do último jovem que estava rasgado da foto que encontramos.
--Mentira, me mostra. Quero ver.
Tirei as fotos que imprimi de cada um deles da gaveta e mostrei a ela. Vi que analisou atentamente cada uma, mas quando chegou na última, sua boca ficou escancarada;
--Mas Álice, ele é praticamente igual ao...
--Ao Espurr né, sim eu também notei.
--Gente, são muito iguais. Diria que são a mesma pessoa.
--Realmente. Mas não tem como nada disso ser possível, pois Cristal Gomes... Está morto Clarice.
--Como é? Como sabe disso?
--Vi na reportagem do arquivo. Esses cinco jovens estão desaparecidos a quase dois anos, e na catástrofe que causou supostamente o desaparecimento deles, Cristal perdeu a vida.
--Não creio, meu Deus que marcante. Mas então se eles estão desaparecidos, significa que aqueles caras podem estar envolvidos né?
--Parando pra pensar, você pode ter razão, mas porque viriam atrás do Espurr ?
--É uma boa pergunta, o que mais descobriu Álice?
--Descobri muito a respeito do Gael Parks. Ele é herdeiro de uma empresa muito conhecida em Cajamar, mas depois de seu desaparecimento, um “primo” distante assumiu os negócios. Não é suspeito?
--Olha, possa ser que eu seja meio burrinha, mas no que isso é suspeito amiga?
--Na reportagem, fala que ele não tinha familiares. Depois que o pai morreu, ele ficou sob os cuidados do mordomo de confiança da família e dos empregados, e como um “primo” do nada surge para assumir os negócios, sendo que nem família o Gael tinha?
--Caramba, isso faz um puta sentido. No caso você está dizendo que o tal primo que assumiu os negócios, é na verdade...
--O próprio Gael Parks disfarçado, assumindo o que é dele por direito.
--Mas Álice, se for ele... Porque ele está se escondendo em outra identidade? Porque não apareceu perante o público e se mostrou encontrado. E pior, se for mesmo ele, o que houve com os outros três?
--Talvez porque ele não queria ser encontrado.
--Como assim?
--Ele pode estar se escondendo de algo ou de alguém, e para não perder o que o pai deixou pra ele, ele se fez passar por outro familiar e tomar posse do que já era dele sem que ninguém soubesse que era ele mesmo.
--Caralho que viagem, mas faz todo sentido, porém ainda não some com a dúvida principal. O que houve com os outros três? Jean, Marisol e Naomi.
--É uma boa pergunta, mas fiquei meio encucada com uma coisa.
--Com o que?
--Você conheceu a garota nova né?
--Não, quem é?
--A novata que começou essa semana na nossa sala.
--Ah sim, Ângela né?
--Isso, ela mesmo.
--O que tem ela?
--Essa garota me causou uma impressão bem curiosa.
--Porque?
--Eu no começo, achei ela bem familiar sabe, então ontem quando cheguei da escola, estava novamente analisando o arquivo dos garotos desaparecidos. Daí eu percebi isso aqui.
Peguei uma das fotos e lhe entreguei, junto a uma foto da Ângela que imprimi do Instagram;
--Porque você tem uma foto da Ângela Álice?
--Apenas olhe, olhe e compare com essa outra foto.
Ela me olhou com um olhar de espanto, eu também me olharia assim se fosse ela, parecia que eu era mesmo uma doida psicopata. Porém, quando começou a analisar as fotos, vi que ela teve uma reação bem parecida com a minha;
--Álice, mas essa garota é...
--É, ela é bem parecida com ela né?
--Parecida? Se o Espurr é parecido com o Cristal, essa garota é literalmente a cópia da Naomi Williams. 
--Foi exatamente o que eu achei, está vendo? Eu não estou ficando louca e muito menos paranoica Clarice.
--Meu Deus, mas e se ela for mesmo a Naomi Williams?
--Bom, se ela for mesmo ela, teremos de descobrir o que ela quer por aqui e porque desapareceu por dois anos.
--Mas ainda assim Álice, mesmo que ela seja a Naomi Williams e que o tal primo que assumiu a empresa seja o Gael Parks, resta uma parte do mistério que não temos a resposta. O que houve com Jean Álvares e Marisol Lima?
--Não faço ideia amiga, e ainda me perturba a possibilidade de que minha intuição sobre o Cristal não esteja errada.
--Que possibilidade?
--De que ele não esteje morto coisíssima nenhuma.
--Isso seria absurdo e macabro. Afinal todos acham que ele morreu, se ele aparecesse vivo seria uma loucura não acha?
--Acho, mas não seria impossível.
--Senhor que doideira. Olha, o que vamos fazer se forem mesmo eles Álice?
--Eu tentarei encontrá-los Clarice, pois isso está me consumindo a cada dia mais.
--Estou vendo mesmo, mas pode contar comigo se precisar de ajuda tá?
--Obrigada, talvez eu precise mesmo, resolver isso sozinha seria difícil ao máximo.

Passamos o restante da tarde comendo doce e rindo dos gostos para meninos que tínhamos. No entanto, fiquei pensando no fundo da minha mente, que já havíamos gostado do mesmo menino. Me perguntava se Clarice ainda sentia algo por ele, mas não tive coragem pra perguntar, seria estranho.
O tempo foi passando e o dia começou a escurecer. Por volta das sete horas ela foi embora pra casa. Não nego que gostei muito de um tempo com uma garota, para espairecer e rir um pouco, eu teria chamado a Bella, mas ela andava muito estranha. Lavei a louça e me deitei na cama pensando nele... No Esteban.
Eu não conseguia nem esconder que ainda amava ele, mesmo depois do que ele fez eu ainda o amava imensamente.  Estava quase dormindo quando algo acertou minha janela, fiquei com medo de ser algum ladrão ou um bandido, mas na verdade... Acredite se quiser, era o Esteban do lado de fora da minha casa, jogando pedrinhas na minha janela.  Não podia crer, ele estava ali mesmo e em plena noite.
Nem troquei de roupa, desci de pijama mesmo. Assim que saí lá fora, vi que ele estava eufórico, mas jamais imaginei o que poderia significar aquilo se ele mesmo não tivesse me dito. Naquela noite ele se declarou pra mim, e eu que nem uma boba e trouxa, me emocionei. Porém, foi algo a mais, ele me beijou, não um beijo qualquer, e sim um muito apaixonado. Eu, que nem uma idiota correspondi ao beijo, tão ou mais apaixonada que ele.
Fui mesmo uma idiota, uma pessoa idiotamente... Apaixonada por Esteban Johnson.

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora