CAPÍTULO 17: NÃO ME IMPESSA DE TE AMAR☀️

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(Capítulo contado por Cristian)

Ranço. Isso que eu senti quando Eva disse que Amun havia nos chamado para uma resenha com o grupo dele. No entanto eu não podia me negar a fazer isso pra Eva, ela estava sendo muito compreensiva comigo em relação a um namoro formalizado, eu estava aceitando essa ideia ainda.
Ela estava muito ansiosa, até chegou mais cedo na minha casa e me viu me arrumar;
--Você está bem empolgada né?
--Muito, eles parecem ser muito gente boa.
--Não se ilude não tá, digo... Toma cuidado com eles.
--Porque diz isso?
--Esse garoto e o grupo dele, fizeram um inferno na vida de muitos alunos daquela escola.
--Nossa sério? Tipo quem?
Eu ia realmente dizer a verdade sobre o Bullying que Álice sofreu deles e todo o ódio que sentiam pelo Espurr, mas pensei melhor e me calei;
--Ninguém em especial, muitos no geral.
--Entendi.
Não sei se ela engoliu aquela parte, mas ignorei logo depois. Teria ignorado até sairmos, mas quando me virei para dizer que estava pronto, vi ela  observando o porta retrato que tinha em cima do meu criado mudo;
--O que é isso Cristian?
--Isso o que?
--Nesse porta retrato.
--Uma foto ué.
--Isso eu sei né, mas esse aqui é o Espurr se eu não me engano. Ele e aquela garota que estava naquele dia conosco no parque.
--Sim, são eles.
--Porque você tem uma foto deles se não são mais amigos?
--Quem te disse que não somos mais amigos?
--E eu estou errada?
--Nesse ponto sim. Estou afastado da Álice apenas por ela ser mais íntima do Espurr do que de mim, e o Espurr bom... O assunto que você sabe bem de cór. Porém eu nunca disse que havia terminado minha amizade com eles.
--Quer dizer que depois de tudo que aquele garoto fez, você ainda guarda lembranças dele, como fotos? Isso é o cúmulo do cúmulo Cristian, como sua namorada não posso aceitar isso. Vou pedir a nana que tire isso daqui.
--Mas não vai mesmo. A foto é minha, portanto coloco aonde eu bem quiser Eva.

Ela me olhou com pasmasidade. Eu não quis ser grosso, mas ela pediu. Uma coisa que eu sempre detestei é que mexessem nas minhas coisas, ainda mais dando palpite aonde não foram chamadas;
--Não precisa falar assim, deixo essa foto aqui então se faz tanta questão.  Vamos logo pra não deixá-los esperando.
Saímos e pedimos um Uber. Assim que pisamos na casa daquele ser humano, uma energia negativa passou ao meu redor e não tô nem brincando. Entramos e já de cara vi o grupo todo. Esteban estava no canto perto do sofá, Ema e Elmon no sofá, Emily na poltrona e Tiffany a garota popular perto da mesa. Eu não sabia que ela agora fazia parte daquela corja, afinal é a mais popular da escola toda e com aqueles energúmenos. Nos reunimos todos no tapete e com vários petiscos na mesa de centro, estava tudo aceitável. Isso até Elmon abrir aquela boca suja dele e colocar o veneno pra fora, falando um monte de atrocidades sobre minha amizade com o Espurr. Perdi a calma na mesma hora e me descontrolei, mas não me arrependo de ter feito o que fiz, disse umas boas verdades para ele para que aprendesse a nunca mais abrir a boca pra falar o que não sabe.
Saí de lá sem nem olhar pra trás. Minha raiva foi tanta que até deixei a Eva lá e fui embora, me pus a andar pela noite a fora. Rodei a cidade inteira praticamente, andei tanto que quando parei numa praça já era de madrugada. Fiquei pensativo, será que minha conexão com o Espurr podia acabar? Não, isso não. Eu desejaria a morte se isso acontecesse. Mesmo ele não sendo meu, eu não queria perdê-lo, eu não podia. Enquanto pensava seriamente nisso, vi alguém andando um pouco a frente, estava mancando e parecia estar com dor. A pessoa parecia familiar, decidi me aproximar e ver se precisava de ajuda, mas a surpresa veio quando vi de perto quem era, Espurr. Ele estava sangrando tanto que pensei que estava morrendo.
Quando me viu parecia aliviado, ao contrário de mim que me desesperei achando que ele estava mesmo morrendo. Ele literalmente desmaiou nos meus braços e eu fiquei ainda mais assustado, peguei ele e o levei pra minha casa com muito custo. 
Chegamos e eu o levei pro meu quarto. Coloquei ele na minha cama e coloquei uma toalha por baixo da perna, examinei e havia um corte bem feio. Peguei o kit de primeiros socorros que papai deixava na cômoda em seu quarto e agi rapidamente. Eu devia ter procurado um médico isso sim, mas por estar tarde eu mesmo o tratei pelo pouco conhecimento que eu tinha, e o resultado não foi ruim. Suturei o corte e o deixei  desinfetado para não inflamar. Em minha defesa, aparentava estar bem melhor do que quando o encontrei na rua.
Fui para o sofá e dormir sentado por lá. De manhã cedo ele despertou e estava confuso, mas não ao ponto de não esclarecer os conflitos que havia entre nós. Naquela manhã aconteceu a coisa que eu mais sonhei naqueles tempos, Espurr disse olhando nos meus olhos que me amava e eu disse que também amava ele. Foi algo tão puro, tão belo, tão espontâneo... E o mais belo foi o que aconteceu logo depois, eu segurei em seu rosto, me aproximei e o beijei. Sim, depois de anos sonhando com aquele momento, eu finalmente havia beijado Espurr Montieul.
Por um instante, tudo aparentava ter parado genuinamente. Meus lábios encontraram os dele, esperando que cedesse ao beijo, e quando achei que ele me afastaria... Ele continuou o beijo. Subi com cuidado na cama e deitei ao seu lado, seu beijo era o mais doce que eu provei durante toda uma vida. Tentei ao máximo parecer tranquilo, mas por dentro eu deseja não sair mais daquele momento tão especial pra mim.  No entanto, enquanto nos beijamos a porta se abriu, paramos imediatamente e quando vi... Era Eva.
Ela nos olhava com uma cara de espanto e estrema surpresa. Realmente foi muito errado com ela, mas eu não aguentava mais esconder aquilo;
--Cristian o que significa isso? (Eva)
--Eva, eu... Bom.
--Eva, calma. Não é bem isso, eu e ele não... (Espurr)
Espurr ia tentar remediar a situação de alguma maneira, mas eu não queria isso. Não queria magoar a Eva, mas também não queria continuar com aquilo;
--Cale a boca seu destruidor de relacionamentos. Já não bastou tirar o Benjamin da Emily, agora quer tirar o Cristian de mim? (Eva)
--Escute, não foi minha intenção e nem do Cristian que isso tivesse acontecido, mas... (Espurr)
Ela interrompeu ele dando um tapa em seu rosto. O mais estranho é que ele nem tentou se defender, ele ficou parado apenas assimilando o que tinha acabado de acontecer, mas eu não. Eu não sei o que que deu em mim, mas eu surtei, me coloquei entre eles e afastei ela pra frente para ficar o máximo longe possível dele;
-Isso é pra aprender a não se meter nos relacionamentos dos outros. (Eva)
--Como se atreve a bater nele? Ficou louca?
--Ele merece, e você também merecia. Como ousa me trair com esse... Com esse... (Eva)
--Não abra sua boca para falar mal dele, ele não teve culpa de nada, e sim eu sim mereço, bata em mim se quiser, mas não encoste um dedo nele nunca mais se não quiser me ver mais irritado ainda com você.
--Está do lado dele? Como pode depois de... (Eva)
--Sim, eu sofri muito por causa dele, mas ele também sofreu por mim, e hoje Eva, hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida, pois ele me ama assim como eu amo ele. E novamente eu repito, eu amo ele e já peço desculpas por ter feito você achar que teríamos algo, mas eu nunca deixei esse sentimento por ele morrer, e agora que sei que ele me ama eu não vou desistir dele.
--Está louco, ele está com o Benjamin esqueceu? Teria coragem de se envolver com ele estando com outro? (Eva)
--Eu não estou me envolvendo com ele, muito menos ele comigo. Apenas escute o que o Cris tem a te explicar por favor. (Espurr)
--Ah cale-se, você é um sínico perverso que não tem vergonha na cara. Está com um e beijando outro, que segundo você era só seu “Melhor amigo”. (Eva)
--Era pra ser só meu melhor amigo, eu não tenho culpa de ter me apaixonado por ele e nem ele tem culpa dele me amar, agora uma coisa que eu não permito e jamais vou permitir é você dizer que estou sendo injusto com o Ben. Cometi um erro beijando o Cristian, mas isso não interfere em nada que eu sinta pelo Ben. (Espurr)
--Você não tem um pingo de moral e nem decência mesmo, mas isso não ficará assim Cristian, você vai pagar muito caro por ter me enganado com esse... Esse... (Eva)
--Chega, saia já daqui. Você não quer conversar de maneira correta pelo que vejo, então não vou discutir com você.
--Como é? Não mesmo, não saio daqui enquanto você não me der uma boa explicação. (Eva)
--Eu não tenho nada que...
--Isso Cris, conversa com ela. Eu vou indo embora para que tenham privacidade. (Espurr)
--Não vai mesmo, sua perna está suturada, você não vai sair assim. Fica aqui descansando que ela e eu vamos terminar essa conversa lá fora.
--Como? Vai deixar que ele fique aqui? Na sua casa, no seu quarto, na sua cama? (Eva)
--Sim eu vou, a casa é minha não é? Agora vamos, você e eu vamos resolver logo isso.

Peguei no pulso dela e saímos pra área da piscina. Sua feição era uma mistura de raiva, tristeza e indignação, mas ela se achar no direito de mandar na minha casa era demais;
--O que tem a me dizer sobre isso?
--O que quer que eu diga Eva?
--Você não vai nem sequer me dar uma explicação, me pedir desculpas, nada?
--Quer que eu peça desculpas por ter beijado a pessoa que eu amo? Porque você sabe que eu amo ele, te disse que podíamos tentar algo, mas que eu ainda sentia o mesmo sentimento forte por ele.
--E vai terminar o que temos para ficar com ele? Com ele que te deixou aqui sofrendo por dez anos, que trocou seu amor pelo do Edward e fez você se sentir um nada, que agora mesmo estando com o Benjamin te beijou sem nem sentir remorso? Esse e o amor que você quer pra você Cristian? Um amor que te troca sempre que tem oportunidade?
Respirei bem fundo para não falar alguma atrocidade, mesmo sabendo que no fundo eu achava que uma parte do que ela disse estava certa;
--Ele não quis ir embora, a mãe o levou obrigado daqui.
--Até parece. Cai na real Cristian, se ele realmente quisesse ter ficado com você, era só ele ter vivido com o pai dele aqui, sem ter que ir embora com a mãe. No entanto ele preferiu ir embora com ela do que ficar aqui com você e aquela tonta da Álice, e olhe que chama vocês de melhores amigos em.
--Meça suas palavras Eva, Álice não é nenhuma tonta e não foi decisão do Espurr, ele tinha cinco anos. Acha mesmo que a mãe daria escolha pra ele? Óbvio que não, então por favor vamos encerrar essa conversa aqui para não piorar.
--Então é isso, está me deixando por ele? Tem certeza disso?
--Eva eu não tenho certeza de nada nessa vida, a não ser a certeza que eu amo ele e que vou fazer de tudo para ficarmos juntos.
--Até magoar um garoto inocente? Pensou nisso pelo menos Cristian?
--O que pode falar, você nem o conhece e óbvio que já pensei nele. Ele é uma pessoa boa, mas isso não significa que eu vá deixar o Espurr de novo por conta disso.
--Amun me disse o bastante, Ben está completamente enfeitiçado pelo Espurr, e você vai desiludi-lo por um egoísmo seu... Vai destruir o que construímos até aqui, tudo por causa daquele garoto? Eu estava do seu lado quando ele te magoou, Ben esteve do lado dele quando ele supostamente precisava, e agora vocês dois vão literalmente pisar nos nossos sentimentos como se não fossem nada?  –(Disse começando a chorar.)
--Eu... Eu não...
--Por favor, eu gosto muito de você Cristian, eu encontrei o amor em você, não pode me deixar agora que eu finalmente encontrei conforto em alguém.
--Eva eu não...
--Eu sei que sofreu por ele, mas agora ele tem outra pessoa na vida dele e você... Você tem a mim aqui do seu lado, por favor não termine o que começamos meu amor, eu faço de tudo para te ver bem, o que eu peço é só que me deixe ficar do seu lado e que nos dê uma chance de termos um amor juntos.
Aquelas palavras dela tocaram meu coração de uma maneira inexplicável. Eu realmente não podia destruir os sentimentos dela daquele jeito e nem exigir que o Espurr destrua os do Ben. Nunca fui um “amigo” do Benjamin, mas ele também gostava do Espurr, e podia fazê-lo feliz também. No entanto me enchia de ódio, raiva e repulsa que não fosse eu a pessoa que faria o Espurr feliz, mas o que eu mais queria eu consegui, poderia morrer ali mesmo que eu morria feliz, feliz de ter ouvido a pessoa que eu amava dizer que me ama também e ainda por cima termos dado um beijo de amor, o primeiro e talvez o nosso último... Beijo de amor.
--Só... Só espere aqui que eu já volto Eva.

Entrei em casa e fui diretamente pro meu quarto, afinal aquela era uma decisão que eu tinha que tomar junto do Espurr, saber o que ele queria fazer em relação aquilo, mas quando entrei no quarto ele não estava mais lá. Fui pra sala e olhei a estante, a mochila dele havia sumido de lá e havia uma cadeira perto. Ele certamente usara para pegar a mochila e ir embora, mas porque foi assim sem me esperar? Provavelmente se sentiu culpado pelo que aconteceu entre nós.
Me convenci que nem eu e nem ele devíamos sentir alguma culpa, pois nós apesar de sermos dois garotos... Nos amávamos. Apesar de sermos melhores amigos... Nos amávamos. Apesar de estarmos com outras pessoas... Nos amávamos. Apesar de tudo... Nos amávamos, como dois loucos, mas nos amávamos.

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora