Acordei cinco e meia. Levantei e tomei um banho quente por estar frio, em seguida acordei Álice que estava no quarto de hóspedes e fui no quarto de Edward logo depois. Ele já estava acordado, sem dúvida estava tão ansioso quanto eu, se bem que minha ansiedade era incomparável. Tudo estava indo muito bem, até eu lembrar do João , ele ia amar ver minha avó e conversar com ela sobre os tempos da Mistério, o que eu certamente perguntaria. Estava tomando meu café na cozinha, daí Edward passou pela porta dos fundos com um saco de carne co gelada bem grande;
--Caramba, para que esse saco todo?
--É a comida do Denver.
--Misericórdia verdade, ainda nem tinha me tocado na comida dele.
--Espurr isso é uma boa ideia? Levá-lo para o campo?
--Acredite em mim, eu sou o primeiro a não querer que ele vá embora, para longe de mim e de você, mas é o melhor para o estilo de vida dele Edward, uma hora algum vizinho por maldade pode fazer mal a ele.
--E por acaso tem alguém em específico para cuidar dele lá? Se sabe que o temperamento do Denver é bem hostil, igual ao seu.
--Tenho uma pessoa em mente, mas vou dar a confirmação a você quando estivermos lá.
--Veja lá em, escolha bem pro coitado não virar um empanado.
--Claro, agora leve esse saco lá para a frente enquanto eu chamo a Álice.
Subi e ela estava na varanda do quarto onde dormira. Os ventos gelados do comecinho do dia assopravam seus cabelos escuros, algo me dizia que ela não estava bem, o assunto que queria falar comigo devia ser sério mesmo. Me aproximei devagar, mas mesmo assim ela notou minha presença;
--Oi Álice, tudo pronto?
--Tudo.
--Está sentindo algo?
--Não, porque?
--Sua expressão não está muito boa desde o aniversário do Edward amiga, algo aconteceu?
--Não foi nada em relação a ele, eu quero te contar uma coisa, mas tem que ser quando estivermos sem risco de interrupções.
--Então é melhor falarmos lá mesmo, mas você pode pelo menos me dizer qual o motivo dessa conversa?
--Esteban.
--Então é sério mesmo.
--De verdade eu me segurei para não falar no dia da festa, não falar ontem quando eu cheguei, mas vi que você estava exausto então deixei quieto, e tô me segurando para não dizer agora também, mas isso nos atrasaria.
--A primeira coisa que você vai fazer depois de conhecer minha avó, é me contar isso que está te perturbando, pois até onde eu sei melhores amigos dividem tudo, até mesmo os problemas mais sérios.
--Sempre.
Pegamos a mochila e a mala dela e descemos. Edward já nos esperava na porta da sala e muito bem acompanhado, me foquei tanto na conversa com Álice que acabei nem vendo que eles chegaram, Ben e Billy. O irmãozinho dele veio me abraçar assim que me viu;
--Oi Espurr. (Billy)
--Oi Billy, quanto tempo em.
--Sim bastante, você nunca mais foi lá em casa. (Billy)
--É, tenho andado ocupado. Como você está?
--Bem, sua irmã fala mais de você a cada dia que passa. (Billy)
Olhei para Ben com um rosto totalmente inexpressivo pela fala de Billy. Já fazia um tempo desde que falara com Rubi, será que seus pesadelos tinha sumido? Será que ela estava lidando bem com a chegada da nova menina?
Ben se aproximou de nós e tentou reverter a situação;
--O.k Billy agora vai lá falar com a Álice vai. (Benjamin)
--Tá bom. (Billy)
--Desculpe por ele ter dito isso fofo, ele não fez por maldade. (Benjamin)
--Eu sei, ele é só uma criança. No entanto, me pergunto como deve estar a minha irmã diante dos acontecimentos na vida dela. Eu sair de casa, a chegada de uma nova irmãzinha, minha mãe certamente deixando ela de lado a cada dia que vai passando... Rubi sem dúvidas deve estar sentindo na pele o que eu senti.
--Você quer ir vê-la? Quando voltarmos. (Benjamin)
--Eu acho uma boa, ela deve querer falar alguma coisa para mim.
--Bom, e você? Passou a noite tranquilo? (Benjamin)
--Eu não tive muito sono pela ansiedade, mas estou descansado sim.
--Acordei primeiro que você ainda, o que achei um milagre. (Edward)
--No carro chega tô vendo que vão dormir horrores. (Benjamin)
--Bem provável. (Edward)
--Falando nisso, cadê o carro? (Benjamin)
--Já deve estar...
Eu nem terminei a fala e o portão soa seu batido. Edward abriu e Levy entrou com um belo sorriso matinal;
--Bom dia Espurr, boa dia galera. Todos prontos? (Levy)
--Espera, você vai também? (Benjamin)
--Sim, foi o Espurr quem me chamou. (Levy)
--É, eu achei uma boa Ben, assim não tem problema levar o Denver. Aliás Levy, tenho uma coisinha para te pedir se não for muito.
--Pode falar. (Levy)
--Eu sedei o Denver, ele vai dormir por um bom tempinho. Teria como levá-lo no porta-malas?
--Se eu estivesse com meu carro normal não daria, onde as malas iriam? Mas por sorte eu vim de caminhonete e se ajeitar ele bem ajeitado dá pra levar eu acho. (Levy)
--Amém, muito obrigado Levy de verdade.
--Tranquilo, preciso que alguém me ajude a levar ele até o carro, ele é pesado aparentemente. (Levy)
--Eu ajudo, bora lá. (Edward)
Tudo correu como eu pensei. Depois de malas e Denver ajeitados no carro, entramos um a um para partir, antes me certifiquei que todas as portas e janelas estavam trancadas, mas o principal eu também estava levando comigo, aquilo que tanto ainda causaria discórdia entre mim e Naomi Willians. Entrei no carro e pegamos a estrada, coloquei a rota que eu vira ser mais segura para nós no GPS dele, e lá fomos nós numa estrada isolada pra fazenda de minha avó.
Levy estava no volante e eu no banco da frente ao seu lado. Atrás de mim na janela direita estava Álice, no meio Edward e no canto da janela da esquerda atrás do banco de Levy estava Benjamin com Billy no colo. Billy foi o primeiro a adormecer estando no colo do irmão, em seguida Edward apagou também, e eu teria visto Álice dormir, se eu não tivesse dormido antes.
Sonhei estar em outro lugar, um lugar meio escuro e sombrio. Tudo ali era negro e obscuro, ouvia-se vozes nu fundo como se alguém gritasse baixo. De repente, um ser apareceu diante dos meus olhos, olhei bem pra ele e ele me olhou, era como um espelho, pois ele era igual a mim. Eu senti que já o vira antes, foi ai que dentro de um sonho me recordei de outro sonho que tive a um tempo, quando eu estava debaixo das arquibancadas de natação e Benjamin me encontrou. Naquele dia eu sonhara com duas versões de mim, a que possuía um olhar cristalino e verdadeiro de pureza e um outro que era sombrio e com um coração maligno. Eu não tinha dúvidas, o garoto que estava naquele sonho era o mesmo que estava diante de mim nesse sonho. Ele me olhava com um olhar caído, depressivo e cruel, carregava consigo uma espada e usava uma roupa toda preta como um guerreiro ninja, só que com braços e rosto a mostra.
Lentamente ele se aproximou de mim, cada passo que ele dava eu sentia a energia mais carregada no ambiente;
--Cá estamos nós novamente.
--Porque estou sonhando com você de novo?
--Não se preocupe, esse será nosso último encontro. Logo você vai se transformar em mim.
--Como? Não, isso jamais.
--Isso não é uma pergunta, você vai se transformar em mim. Se lembra da primeira vez que me viu em seus sonhos? Eu lhe avisei que dependendo de suas decisões, você se tornaria aquela versão, ou então se tornaria eu, sua outra versão.
--Como assim versão? Tá me dizendo que eu tenho uma versão boa e uma versão má como um futuro? Isso não é possível.
--Você mesmo vai comprovar que é, quando menos esperar... Vou me apossar de sua identidade e eu serei sua forma. Ainda há um meio de evitar que se torne igual a mim.
--Que meio?
--Destrua o Doutor P. Caso o contrário é você quem será destruído e acabará assim.
Ao ouvir essa fala eu despertei agoniado. Meus olhos ardiam de pavor daquilo se tornar real, eu me tornar aquela versão de mim. Percebi que todos no carro dormiam, com exceção do Levy que dirigia concentrado, mas notou quando eu acordei meio enfatizado;
--Está bem?
--Sim, eu só tive um pesadelo horrível.
--Ainda continua com os pesadelos? Desde o hospital você tinha.
--Eu tinha?
--Sim, por várias noites você falava enquanto dormia, dizia nomes e parecia estar com medo.
--Que nomes eu dizia?
--Cristian, Gael e um tal de Doutor P.
Minha garganta travou na hora, pensei que ele poderia ter descoberto algo pelas minhas falas soníferas, mas não;
--Espera, como sabe isso? Que eu falava no hospital enquanto eu dormia?
--Bom, eu estava presente durante todo o seu tratamento e cirurgias né, então eu ficava... Te observando dormir algumas vezes.
--Você o que?
--Desculpa, eu sei que não devia, mas você chegou quase morto no hospital e eu me fixei no seu caso, era meu foco noite e dia. Daí algumas dessas noites eu te escutei dizendo esses nomes.
--Eu, sinceramente não sei o que dizer.
--Não fica bravo comigo, por favor.
--Não estou, é que eu não consigo acreditar que você não me disse isso antes.
--Eu não quis ser intrometido.
--Olha... Está tudo bem.
--Está?
--Sim, você fez o certo. Só queria saber porque esses sonhos me perturbam tanto.
--Já pensou em ir em uma sessão de terapia?
--Isso resolveria?
--Talvez. Os sonhos são coisas que se formam em nossas mentes durante o sono que podem ser baseados de duas formas. A primeira em coisas que se vive diariamente, como problemas. A segunda e mais incomum, são em casos de premunição.
--Como assim premunição?
--Eles podem estar tentando te avisar de algo que pode ou não acontecer. Já vi um paciente de meu pai com um laudo assim uma vez, ele sonhava que ele e alguns colegas de trabalho estavam em uma boate e ela pegava fogo de repente. Ele parou de ir em festas por isso, mas ouve um aniversário e ele foi, só que ele não fazia ideia que seria numa boate, e lá aconteceu o que tanto ele previu, o lugar pegou fogo e muitos morreram, ele ficou louco e teve de ser internado.
--Meu Deus, coitado dele Levy.
--Uma pena mesmo, ele tinha um bom futuro, até que isso lhe ocorreu.
--Senhor, que isso nunca venha a acontecer comigo.
--Fique calmo, são casos extremamente raros, tanto que só vi um uma vez em toda a carreira de médico de meu pai.
--Vamos mudar de assunto por favor, preciso esfriar minha mente se não eu surto.
--Pode se acalmar, olhe pro lado.
Olhei e vi a margem dos campos de plantação e a uns metros pude ver a entrada da fazenda de vovó. Acordei os outros de tanta ansiedade, eles meio confusos e areados do sono, olharam pela janela e viram o mesmo que eu. Começamos a nos animar com a chegada ao interior, abri os vidros e sentimos o cheiro do campo doce que pairava no ar. O carro adentrou as terras da fazenda e minhas lembranças fora voltado a medida que a casa ia ficando visível, todos os momentos incríveis que passamos ali juntos sem dúvida jamais seriam apagados.
Levy estacionou e eu desci as pressas. Os outros foram descendo um a um com um pouco de vergonha, só que não foi tão necessário, pois não saiu ninguém para nos receber;
--Espurr, acho que não tem ninguém. (Edward)
--Não é possível, eu avisei a vovó que viríamos hoje cedo.
--Vai ver ela esqueceu. (Álice)
--Não creio nisso. Escutem, esperem aqui que eu vou dar a volta e vejo se tem alguém nos fundos.
--Agente pode se acomodar nessas cadeiras da área? (Edward)
--Claro, fiquem a vontade, volto já.
Dei a volta pelo jardim lateral da enorme casa de principal. Do outro lado ficava a piscina e uns espaços para pegar sol, a área imensa do fundos com uma mesa grande para um almoço ou jantar ao ar livre. Tudo tão bonitinho e arrumado, vovó sempre vaidosa e cuidadosa com tudo. A porta dos fundos que dava na cozinha imensa de vovó estava aberta, mas antes que eu entrasse escutei um barulho vindo da piscina, desci os degraus e abri a grade que separava a área da piscina da área dos fundos da casa. Lá tinha um rapaz, estava tirando folhas da piscina e aparentemente limpando a borda, ele parecia reclamar de algo e ao me aproximar... Tive certeza;
--Droga, sempre eu pra fazer esses trabalhos, nunca posso ficar sossegado. Quando não é limpar a piscina é dar comida pros bichos, ou então aguar as plantações.
Ele reclamava disso pra pior. No entanto, algo naquela voz me era familiar, o rapaz estava de costas, então não vi seu rosto logo de cara, daí eu me aproximei mais e me sentei em uma das cadeiras de pegar sol, observei ele de cima a baixo e não me saía da cabeça que eu o conhecia. Havia um telefone na mesinha ao meu lado, na capinha estava escrito um nome, Tyler.
Minha ficha caiu na hora e eu nem pude acreditar que era o Tyler que eu imaginava. Ele se levantou e começou a olhar as águas, parecia pensativo, daí eu tomei a minha iniciativa;
--Ora se não é o Tyler Walter.
Ele se virou numa pressa que pensei que ia cair dentro d'água. Seus olhos eram de pavor pelo susto que eu certamente lhe dera, mas aos poucos quando foi me analisando, sua expressão ficou curiosa;
--O que foi? Não se lembra de mim Tyler? Sou eu, Espurr.
--Espera, Espurr o neto da dona Helena?
--E tem outro?
--Caramba, eu sabia que estava vindo, mas não pensei que chegaria tão cedo.
Assim que disse isso, ele me deu um belo abraço. Sem dúvidas, Tyler Walter é uma das peças que definia meu passado nas férias de verão, pois já havíamos compartilhado várias coisas e momentos juntos. Nos sentamos na beira da piscina e deixamos nossas mentes falarem;
--Faz muito tempo que não te via Espurr.
--Pois é, faz anos desde a última vez que vim aqui.
--A última foi no velório de seu avô não foi?
--É foi, infelizmente.
--Sentiu saudades daqui?
--Pode apostar que sim, vim para ter uns dias de descanso e pura diversão.
--Sua avó mencionou, ela disse que viria oras férias.
--Sim, não haveria férias em melhor hora que essas, tudo lá onde moro está um caos Tyler, o campo talvez me traga paz.
--Vai trazer tenho certeza, mas como está tudo? Sua mãe e sua irmã?
--Razoável, bem razoável. E sua irmã? A tempos não vejo a Dayanna, seu pai também.
--Ele levou sua avó na cidade para resolver uns assuntos e me deixaram encarregado de cuidar do que faltava para sua chegada.
--Então, meus amigos estão lá na frente, teria como você abrir a porta da frente para eles entrarem com as coisas?
--Claro, vamos lá.
Entramos pelos fundos e andamos a casa toda para chegar a sala principal que é onde a porta de entrada dava;
--Nossa, aqui deu uma mudada.
--Sua avó quis dar uma reformada para ficar melhor.
--Ela arrasou nas escolhas.
--Achei a chave.
Ele abriu a porta e eles entraram. Álice e Edward ficaram observando os detalhes da casa, o ambiente em si e tudo mais, já Benjamin e Levy ficaram meio inquietos com Tyler;
--Bom gente, bem vindos a fazenda Montieul.
--Que lugar lindo amigo, eu sinceramente não pensei que fosse tão grande. (Álice)
--Eu disse que aqui era maravilhoso. Pessoal, esse é o Tyler Walter, um amigo meu daqui da fazenda e filho do capataz e braço direito de minha avó.
--Oi gente, é ótimo que tenham chegado. (Tyler)
--Tyler, esses são Álice, Levy, Edward, Billy e Benjamin.
--Desculpem a demora para abrir, estava limpando a piscina pra vocês e nem ouvi o barulho do carro. (Tyler)
--Tudo bem, aqui é bem interessante e a área é bem fresquinha, esperaria mais um tempinho tranquilo. (Edward)
--Aqui tem piscina? (Billy)
--Piscina e lago também. Se quiser ir ver é lá nos fundos garotinho. (Tyler)
--Eu posso Ben? (Billy)
--Acho melhor esperar um pouco Billy, acabamos de chegar. (Benjamin)
--Então porque não vão guardar suas coisas em seus quartos antes? Daí ele desce e fica na piscina. (Tyler)
--Você conhece tudo por aqui não é? (Benjamin)
--Sim, vivo aqui desde criança. Espurr e eu temos muita história por essa casa e por esses campos. (Tyler)
--Ótimos tempos, você continua o mesmo garoto simples do campo Tyler.
--E você? Não virou um mimadinho ou virou? (Tyler)
--Jamais, isso não é de minha natureza.
Começamos a rir igual duas crianças, no entanto, notei o olhar estranho que Benjamin lançava para Tyler, me perguntava se podia ser ciúme, mas isso seria bobeira, pois fazia muito tempo que eu não via o campo e as pessoas de lá, então era normal minha reação de saudades. Eu lamentava muito, mas eu não iria agir diferente com alguém por causa de um ciúme, muito menos sendo uma pessoa tão especial como Tyler Walter.
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Teens 3☀️ Pôr do Sol
RomanceOs finais felizes sempre são lindos, mas essa história... Está longe de ter um final. Nossos personagens desafiadores continuam sua aventura insana, prestes a descobrir muitos e muitos mais segredos escondidos. Espurr está diante de perigos que que...