CAPÍTULO 2: CHANCES DE AMOR☀️

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Tomei um banho bem prático, finalizei novamente meus cabelos misturados de liso e cacheado, um verdadeiro ondulado. Coloquei uma blusa branca sem estampa e um colete preto bem casual, uma calça preta, meias por conta da minha pele extremamente sensível ao chão e meu par de chinelos da Louis Vuitton.
Desci para poder esperá-lo. A mesa já estava posta , mas de longe vi Edward caminhando no jardim dos fundos e parecia estar com alguém ao telefone. Me aproximei devagar e ele se virou desligando o telefone. Pareceu se assustar ao me ver ali, como se eu não pudesse saber com quem ele estava falando;
--Está tudo bem Edward?
--Está sim... É que você me assustou só isso.
--Entendi, desculpa. Você parecia aflito ao telefone, era seu pai?
--Que? Não, era só... Minha tia de Seattle que estava me telefonando.
--Se tem uma tia lá? Que coincidência, o Dylan é de lá, sabia?
--Nossa , não eu não sabia. Enfim, vamos pra dentro que sua visita já deve estar chegando.
--Para bobo.
Entramos pra sala e nos sentamos no sofá. Instantes depois ouvimos um barulho no portão, papai havia chegado com várias sacolas também;
--Oi meninos, como foi as compras? (Papai)
--Ótimas, mas ao que parece o senhor também foi as compras não é mesmo? (Edward)
--Passei numa loja depois do trabalho Edward, comprei essas coisas para deixar lá na casa, pra ficar tudo pronto pra chegada do Jasper. (Papai)
Aquilo me fez ver o quanto meu pai amava meu irmão, amava até mais que a mim mesmo e isso era inegável. Nunca fui de sentir ciúme, mas era incrível como alguém podia ser tão azarado quanto eu;
--Está mesmo empolgado  com a chegada dele né?
--Sim, finalmente meus dois filhos comigo de novo. (Papai)
Porém eu sabia, ele me amava. Pra ele eu era pelo menos importante, mesmo que meu irmão fosse mais, mas eu era importante;
--Bom, é melhor o senhor ir guardar as sacolas, tomar um banho e se arrumar, pois daqui a pouco o jantar vai estar servido.
--Nem vi a hora, vou subir. (Papai)
Enquanto ele subia, ouvi uma voz descendo nas escadas. João estava um verdadeiro pecado naquela roupa, uma blusa de manga cumprida preta, uma corrente e pulseira prata, uma calça preta como a minha e um chinelo slide da Gucci;
--Caramba, você tá um arraso em. (Edward)
--Claro, meu possível futuro cunhado merece uma boa recepção, não é Espurr? (João)
--Vocês não prestam mesmo. (risada)—Mas de verdade ,Edward tem razão. Você está um arraso.
--Obrigado, faz tempo que não usava essa combinação de roupa. (João)
--Usou na hora certa. (Edward)
Os dois ficaram de piadinha por conta do objetivo do jantar, mas eu estava nervoso e meio impaciente. E se desse errado? Ele podia não querer mais tentar algo comigo ou sei lá... Meus pensamentos estavam a mil.
João deixou a mesa mais linda que todas as noites de seus jantares. Certamente ele tinha muita cultura, afinal se me lembro bem, meu avô me disse que Henrique era de família italiana. Os Salinas vem a gerações de lá, porém via que João se sentia sozinho, ele era o último Salinas de sua família, e por mais que ele não demonstrasse, eu via como isso o preocupava.
O interfone tocou, era ele. Edward saiu rapidamente quintal a fora para recebê-lo e eu comecei a andar de um lado pro outro na sala, até que parei em frente ao meu lugar na mesa e fiquei parado esperando que entrassem. De verdade meu corpo tremia de nervoso, mas quando achei podia piorar mais ainda, senti algo refrescante sobre minha mão quente e agitada. João segurava minha mão com um sorriso de canto no rosto;
--Vai dar tudo certo.—Disse ele dando uma leve piscadinha com o olho.
Assenti e não soltei sua mão por nada até que Ben tivesse entrado.
Ele entrou pela porta logo atrás do Edward. Usava uma calça jeans preta também, parece até que isso também tinha sido combinado. Uma blusa polo branca de gola e tênis All-star  preto. Seus cachos caiam de tão definidos, e aquele sorriso cativante que ganhava a tudo e a todos a sua volta.
Cumprimentou João com um aperto de mão e se direcionou ao meu lado, me dando um abraço bem amigável. Seu perfume me embriagou e eu acho a todos ali também, pois era um cheiro tão bom que chegava a fisgar. Ele se afastou do abraço e me olhou fixamente, no fundo dos olhos dele, pude ver o brilho que eu tanto gostava. Nos sentamos e papai desceu logo em seguida, usava uma calça jeans clara e uma blusa azul escura, seus cabelos lisos bem penteados a gel.
Papai ainda era um homem bem jovem para ser pai de dois rapazes. Ele tinha apenas 39 anos , e ainda tinha tudo em cima. Seu rosto era um pouco escondido pela barba bem feita e rasa, mas ainda assim podia-se ver a beleza em seus belos olhos azuis claros e seus belos cabelos lisos escuros. Papai tinha um tom de pele claro, meu irmão nasceu bem parecido com ele, enquanto eu pra minha insatisfação, nasci a cara da minha mãe. Não que por ela ser feia, isso jamais.
Eu podia guardar muita mágoa e ressentimento de mamãe naquela época, mas jamais a ponto de não reconhecer o quanto ela era linda. Mamãe tinha uma beleza indiana fascinante, seus cabelos lisos e negros que brilhavam a distância, sua pele morena como a minha e com aquele belo corpo de mulher, mas com alma de uma simples menina. Minha esperteza vem de gerações, pois por mais que eu odiasse ser frágil daquele jeito, eu era muito esperto, a esperteza que herdei de meu avô e de minha mãe. Tudo podia ter sido diferente se ela não tivesse feito o que fez comigo.
Papai parecia feliz ao ver Ben, o que me deixou animado. Nos sentamos todos e começamos a nos servir, com assuntos bem aleatórios;
--Bom Ben, animado pras férias? (Papai)
--Estou sim senhor, só ainda não tenho planos. (Benjamin)
--Não vai viajar com sua família? (Papai)
--Não vai dar, minha mãe anda muito corrida no hospital. (Benjamin)
--Deve ser muito puxado ser enfermeira. Sua mãe faz plantões diários ou semanais Ben? (João)
--Semanais, os diários estavam acabando com ela. (Benjamin)
Eles ficaram falando sobre as áreas da saúde, e eu fiquei muito intrigado com as coisas que Ben sabia a respeito disso. E teria continuado se papai não tivesse feito algo que odiei no começo, mas depois amei;
--Bom Ben, espero que consiga acalmar esse peralta do meu filho durante essa semana, a ansiedade de ir para a fazenda da avó está empolgando demais a ele. (Papai)
--Também não é assim pai.
--Fazenda? Vão viajar pro interior? (Benjamin)
--Eu , Edward e  João vamos, papai vai ficar para receber meu irmão que está vindo de volta pro Brasil.
--Que maravilha, quando ele volta senhor Mariano? (Benjamin)
--Semana que vem. Não vejo a hora de ver como ele está, agora já não é mais um menino e deve estar sendo o terror da mulherada. (Papai)
Eu e João nos olhamos de lado de olho, pois eu sabia que mais a frente iria enfrentar um problema sério com meu pai. Ele não sabia que eu gostava tanto de garotas quanto de garotos, e pelo fato do meu irmão ser um pegador nato, ele vai se decepcionar horrores e eu iria me sentir muito mal.
Tentei não pensar naquilo, pois ai minha alegria iria embora na mesma hora;
--Escuta Ben, não gostaria de ir conosco a fazenda da avó do Espurr? (João)
--Olha eu adoraria, mas minha mãe está muito ocupada no hospital e meu irmão não teria com quem ficar. (Benjamin)
--Leve ele também, ele vai gostar muito do campo e dos animais, não é Espurr? (Edward)
--Ah... Claro, seria muito legal se vocês fossem conosco.
--Bom, se eu conversar certinho com minha mãe... Ela até pode deixar. (Benjamin)
--Se quiser eu posso conversar com ela, adultos sempre se saem melhor. (Papai)
--A pura verdade. (Edward)
Os assuntos foram indo e vindo, até que o jantar se encerrou. Ajudei a João a tirar a mesa e a lavar toda a louça, afinal era o mínimo. Papai subiu para descansar, pois seu dia havia sido muito cansativo. Edward também foi se deitar, parecia muito estranho e isso eu percebi desde antes do jantar com aquela ligação, algo estava errado, no entanto deixei passar naquela noite, mas depois essa conversa iria acontecer.
Ben ajudou em tudo, limpou a mesa depois do jantar, organizou tudo. Quando terminamos a cozinha, pedi a ele que me acompanhasse até o jardim dos fundos. Fomos e ali sobre o céu rubro de meias chuvas que estavam prestes a cair, nos sentamos no banco de frente um pro outro. Ele me olhava com um olhar curioso, e eu com um de completo desespero;
--Bom, o que quer conversar comigo?
--Ben, eu estive pensando numa coisa esses dias.
--Em que?
--Bom em... Em nós.
--Como assim ?
--Ben, eu não quero mais sofrer igual um idiota pelo Cristian se ele está todo repleto de alegria ao lado da Eva, então tenho que seguir minha vida.
--Acho isso muito maduro da sua parte.
--E bom, eu estive pensando e... Ai Meu Deus como posso dizer...
--Está nervoso?
--Muito. (risada)
--Não precisa ficar, pode falar. Sabe que pode falar qualquer coisa comigo.
--Eu sei, mas é justamente isso. Estou sem jeito... Porquê o assunto é você.
--Eu fiz alguma coisa?
--Não, o assunto é você e eu.
--Como assim você e eu, não estou...
Ele parou na fala e ficou pensativo por uns segundos, depois ergueu a visão diretamente pra mim;
--Então é meio que...
--Espurr, você se refere a nós como um possível...
--Relacionamento. Isso Ben, mas é que é algo complexo porque minha mente está confusa e eu não sei ao certo como está tudo aqui dentro, só sei que eu realmente vi... Que preciso de você.
Ele arregalou os olhos, e os focou nos meus;
--Você, quer ter algo comigo?
--Quero tentar Ben, não posso ficar sofrendo por um amor impossível. Eu quero viver um amor, estar ao lado de alguém que goste de mim e que eu possa gostar também, e você é...
--Quer que eu seja a pessoa com a qual você quer tentar algo?
--Sim, eu quero. Mas se você não quiser, tudo bem Ben, eu entendo, sei que fiz você esperar muito com a esperança de dar certo com o Cris, então se você não quiser, eu não vou ficar mal e vou continuar gostando de você como um grande amigo e...
--Espurr, é lógico que eu quero tentar algo, mal pude esperar por ouvir isso de você.
--Quer dizer, que não cansou de esperar?
--Jamais cansaria, você é tudo que eu quero pra mim Espurr.
--Fico muito feliz de ouvir você falando assim, mas tenho que ser totalmente sincero com você, não esqueci o Cristian totalmente e não sei quanto tempo isso pode levar, então se quiser esperar antes de tentarmos algo eu...
--De maneira nenhuma, a tempos que desejo ter uma chance dessa com você. Ele teve a vez dele e desperdiçou, eu não vou fazer o mesmo que ele. Quanto a você não saber quanto tempo pode levar para esquecê-lo, não se preocupe, eu vou te ajudar a esquecer tudo que te preocupa e te faz mal.
Ele se aproximou e me abraçou docemente e eu correspondi ao abraço de forma carinhosa. Seus olhos castanhos brilhavam com uma bela e intensa felicidade que irradiava de sua pupila, nisso Ben era igual a mim, seus olhos eram de um castanho claro e com um brilho imensamente lindo quando ele ficava feliz;
--Você não sabe como estou feliz com isso Espurr, vou te dar todo o amor do mundo e pode ter certeza que vou fazer você esquece-lo.
--Eu tenho certeza que vai.
--Porém aquilo que te prometi, vou continuar a cumprir.
--Ao que se refere?
--Só vou te beijar quando você me pedir, nunca jamais vou desrespeitar seu espaço.
--Obrigado Ben.
Então quando pensei que não podia acontecer mais nada, lágrimas começaram a escorrer pelas beiradas de seus olhos. Lágrimas de felicidade e emoção, tudo que eu também estava sentindo, mas tudo que pude fazer para retribuir foi me aconchegar ao abraço dele.
Ficamos ali por vários minutos conversando sobre várias coisas. Ele estava empolgado com a ideia de passar as férias comigo, e eu muito mais animado de mostrar a ele e aos outros como aquela fazenda era incrível. Apesar de eu não pisar lá a anos, sei que ainda tem a mesma magia que tinha quando eu ia quando criança, mesmo que o verdadeiro brilho daquele lugar já estivesse enterrado, meu querido avô.
Subimos pro meu quarto e ficamos fazendo brincadeiras igual duas crianças. Ele disse que amava histórias e queria saber alguma que eu conhecia, então lhe contei uma história sobre cinco crianças que descobriram um grande segredo ao invadir uma caverna durante a noite. Só não lhe disse, que uma das crianças... Era eu.

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora